“O que está por trás da CPI da Petrobras”


Artigo assinado por Enio Verri, deputado estadual, secretário de Estado do Planejamento e Coordenação e professor do Departamento de Economia da UEM
Publicação
02/06/2009 - 14:30
Editoria
O debate que está sendo retomado hoje no Brasil, por conta da CPI da Petrobras, é sobre a privatização. Eu fico surpreso quando leio alguns articulistas colocando que a Comissão Parlamentar de Inquérito é fundamental, até para preservar essa grande empresa, de grande importância para a vida econômica do País. O que me deixa mais surpreso é que, durante os oito anos do governo passado, com tantos escândalos que ocorreram durante o processo de privatização que aconteceu no Brasil, estes mesmos articulistas nada falaram. É importante ressaltar que no governo de Fernando Henrique Cardoso nunca se privatizou tanto, aliás privatizou-se de maneira muito mais rápida do que o próprio governo da Margareth Thatcher, na Inglaterra, que foi o símbolo daquele período de privatização no mundo, símbolo das políticas neoliberais. O governo Fernando Henrique privatizou tudo que podia, só não privatizou mais porque os movimentos sociais, em especial o Partido dos Trabalhadores, fizeram um grande enfrentamento. Isso se deu no Brasil e, consequentemente, também no Paraná. O governo Lerner tentou privatizar a Copel e a Sanepar. Estas duas grandes empresas somente não foram privatizadas por força dos movimentos sociais, dos sindicatos dos trabalhadores e do Partido dos Trabalhadores, que lutaram por aquilo que é público, que é de todo paranaense, ou, no caso, de todo povo brasileiro. Hoje, o próprio PSDB que privatizou tudo que podia em nosso país, que deixou o Brasil com a maior dívida externa de toda nossa história, com uma taxa de juros altíssima, mergulhando a nação numa grande crise, com desemprego e aumento da miséria, vem discutir transparência e a privatização da nossa maior estatal. A Petrobras, durante o governo Lula, tem conseguido ocupar um espaço gigantesco na economia brasileira e mundial. Tem sido modelo para o resto do mundo, na sua gestão e produtividade. A nossa maior estatal representa hoje 15% do investimento industrial do País e tem uma grande participação no PAC (Plano de Aceleração do Crescimento). Imagine o que representa isso em termos de geração de riquezas, de emprego e desenvolvimento. Quando o PSDB vem falar dessa CPI, o que está por trás disso é o rancor de uma elite que foi derrotada nas urnas e que está sendo derrotada na opinião pública todos os dias. Porque foi provado que esta classe que detinha o poder, durante os 500 anos que administrou esse país foi incompetente, aumentou a miséria e piorou a vida do nosso povo. É o rancor de um partido que não consegue ganhar nas urnas e apela para atitudes como esta, criando um grande processo de fragilidade em uma das maiores empresas desse País. Quero ressaltar que, enquanto no resto do mundo, como por exemplo nos Estados Unidos, o governo intervém diretamente nas suas grandes empresas privadas como a General Motors, Chrysler, entre outras, injetando dinheiro para tentar mantê-las firmes, de pé, no enfrentamento de uma crise como esta, no Brasil temos políticos querendo enfraquecer a nossa maior empresa. Os neoliberais não se conformam com o excelente desempenho do governo Lula, que faz um grande processo anticíclico de enfretamento dessa crise e consegue com isso gerar empregos, enquanto o resto do mundo demite. Está conseguindo gerar crescimento, apesar de pequeno, enquanto o resto do mundo decresce. E mais, o governo Lula consegue fazer com que a nossa produção volte de fato a gerar mais distribuição de renda, reduzindo a miséria em plena crise, conforme nos mostra os últimos dados do Ipea - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Enquanto o governo faz tudo isso, o PSDB está preocupado em debilitar o País, atingindo a Petrobras. Acredito que este partido está tentando criar um processo de antecipar o que ele pretende fazer caso ganhe as eleições. Ou seja, terminar aquilo que não conseguiu concretizar no governo Fernando Henrique, a privatização da Petrobras. A CPI vai criar uma fragilidade sem tamanho na nossa maior empresa estatal, com a queda das ações na Bolsa de Valores e, principalmente, ocasionar desconfiança do resto do mundo. Consequentemente, a Petrobras será obrigada a reduzir seus investimentos no País. Enio Verri é deputado estadual do PT, Secretário do Planejamento do Paraná e professor licenciado do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá (UEM).