“O pré-sal é do povo brasileiro”

Artigo do secretário do Planejamento, Enio Verri, mostra a vantagens do modelo de partilha escolhido pelo governo federal
Publicação
10/09/2009 - 16:59
Editoria
O presidente Lula fez um importante anúncio durante as comemorações do 7 de setembro sobre o pré-sal, e colocou a relevância da descoberta das reservas gigantes de petróleo para o bem do povo brasileiro. A extração de petróleo na camada pré-sal vai mudar a face do Brasil. Afinal de contas, são muitos bilhões de reais que vão entrar na nossa economia. Estes recursos poderão ser distribuídos para o povo, gerar desenvolvimento, ou então cair nas mãos de algumas empresas privadas de capital estrangeiro. Este é o grande debate hoje no Brasil. O governo federal escolheu o modelo de partilha, ou seja, está propondo a criação de uma empresa estatal para administrar as riquezas do pré-sal. Segundo ele, com este modelo, os recursos serão aplicados em educação, ciência, tecnologia, em defesa do meio ambiente. Será uma estatal que irá defender os direitos e os interesses do povo brasileiro. Tudo muito lógico e salutar. No entanto, Lula está sendo criticado por ter feito essa proposta. As críticas, como não poderia deixar de ser, partem daqueles que defendem os interesses do grande capital, do capital multinacional. E os meios de comunicação, alinhados a esses interesses, têm produzido matérias e mais matérias dizendo que o pré-sal deve ficar nas mãos das empresas privadas. Que o livre mercado, a concorrência é que vai fazer que se extraia mais petróleo e com muito mais vantagens. Agora eu pergunto: mais vantagens para quem? Quem será mais eficiente? Os bilhões de reais que certamente vão entrar no país vão parar aonde? Certamente, se as multinacionais tomarem conta da grande descoberta brasileira, como muitos desejam, os recursos não vão ficar no país, nada será investido em favor do nosso desenvolvimento. Quase 80 por cento das empresas que extraem petróleo no mundo utilizam o método da partilha, ou seja, as riquezas do país nas mãos do próprio país. Então por que os meios de comunicação, tanto estrangeiros como nacionais são contra isso? Por que esses meios de comunicação defendem os interesses deste grande capital e não defendem os interesses do povo brasileiro? Neste sentido, o governador Roberto Requião tem toda a razão quando resume o que deve ser feito: primeiro, deve ser criada sim uma estatal, enxuta, eficiente, capaz de administrar os grandes recursos do pré-sal e usá-los na geração de desenvolvimento e redução das desigualdades no Brasil; segundo, os recursos devem ser distribuídos de maneira igualitária, para todos os brasileiros. Nós não podemos defender que um estado ou outro receba mais recursos. Não podemos dizer que existem melhores brasileiros no Espírito Santo, Rio de Janeiro ou São Paulo do que no Paraná ou Santa Catarina. Todos são brasileiros e todos merecem compartilhar as riquezas . Por isso , acompanhe com cuidado esse debate, analise qual interesse está de fato na defesa do pré-sal nas mãos do grande capital internacional. O pré-sal é nosso, é do povo brasileiro . Devemos defendê-lo de maneira ardorosa, para assim como a Petrobrás , o pré-sal seja um grande instrumento de desenvolvimento e de distribuição de renda para todo o Brasil. +Enio Verri é deputado estadual pelo PT, secretário do Planejamento do Paraná e professor licenciado do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Ponta Grossa, UEM.