Luiz Cláudio Romanelli
A crise financeira internacional veio para valer no ano passado. Na ocasião, escrevi que, apesar de ser uma crise de papel, não podíamos nos iludir quanto aos nefastos efeitos que acarretaria, dos quais nenhum país estaria a salvo. O problema colocado, que demandava providências dos governantes, era que tipo de medidas adotar para minorar as conseqüências da crise e superá-la com a menor carga de danos possível.
Passado quase um ano, é evidente que a qualidade dessas medidas teve um papel determinante. Alguns países, como o Brasil, sofreram menos que outros, e, dentro do nosso País, os resultados também foram desiguais. Nesse particular, é necessário destacar o desempenho da economia paranaense, os dados que apontam para a superação da pobreza em nosso Estado e o conjunto de medidas que tornaram isso possível.
Antes de mais nada, não houve no Paraná um pacote específico para combater a crise. As medidas adotadas fazem parte de uma política geral implementada desde o início do governo Roberto Requião, em 2003. Em outras palavras, a crise começou a ser combatida quase seis anos antes de estourar. O que é uma prova cabal de seriedade, tanto quanto seria ilógico e irresponsável seguir numa trilha que provoca e alimenta as crises, para, no meio do furacão, tentar apagar o fogo com soluções miraculosas.
Não houve, no caso, nada de milagre. Veja-se o caso da superação da pobreza, uma meta que qualquer pessoa minimamente sensível considerará meritória. No último ano do governo anterior, 15,69% dos paranaenses viviam abaixo da linha de pobreza. Já em 2007, esse número havia caído para 8,29%. No mesmo período, de acordo com estudo da Fundação Getúlio Vargas, a classe C cresceu 4,07% ao ano no Paraná e o número de paranaenses na miséria caiu 11,98%, a segunda maior queda do País, atrás apenas de Santa Catarina.
O principal motivo do avanço da classe média no Paraná está no significativo aumento da renda domiciliar. Era em 2002, R$ 499,48 por pessoa; e em 2007 já somava R$ 645,70 - um aumento de 5,27% ao ano. É evidente que a instituição do salário mínimo estadual, em 2006, com valor sempre maior que o salário mínimo nacional (na verdade, o maior piso estadual do País), aumentou o poder de compra das famílias paranaenses.
Além do mínimo estadual, há que se destacar outras medidas tomadas pelo governo para fortalecer a atividade produtiva no Estado e, conseqüentemente, gerar empregos e renda. Para começar, a diminuição da carga de impostos para as pequenas e microempresas, responsáveis pela maior parte dos empregos. Esses pequenos empreendimentos também terão ampliação do crédito, através da agência de fomento.
No ano passado, o governo implementou a redução do ICMS de 95 mil produtos; os investimentos em infraestrutura atingem os 399 municípios paranaenses; e tantas outras medidas, todas elas já adotadas ou em vias de adoção antes do pipocar da crise. O resultado foi a criação de 640 mil novos empregos nos últimos três anos e cinco meses.
Bem, e a crise? Apesar dela, o Paraná gerou 34.547 empregos formais nos primeiros cinco meses deste ano. Assim, a recuperação das perdas de postos de trabalho ocorridas em dezembro é uma perspectiva muito realista, e para breve.
Do total de 2.094.631 trabalhadores com carteira assinada no Paraná, 640 mil conseguiram seu emprego desde o início do Governo Requião. O dado mais significativo é que nesses seis anos e meio, geramos 15 vezes mais empregos do que nos oito anos anteriores.
Por tudo isso, a imprensa paranaense fez nos últimos dias um balanço comum: no Paraná a crise já bateu no fundo e o cenário aponta para uma recuperação real. Reafirmo: não há milagres, há uma política séria que leva ao desenvolvimento econômico e social.
Luiz Claudio Romanelli é advogado, especialista em gestão urbana, deputado estadual, vice-presidente do PMDB do Paraná e líder do Governo na Assembleia Legislativa.