O novo modelo institucional do setor elétrico que vai ser anunciado nesta quinta-feira pelo Ministério de Minas e Energia não irá contemplar o interesse da população dos estados que investiram na construção de usinas elétricas de baixo custo, como o Paraná e Minas Gerais.
Segundo a versão final do documento, apresentada terça-feira (09) em primeira mão ao presidente da Copel, Paulo Pimentel, pela ministra Dilma Roussef em Brasília, todas as distribuidoras de energia vão ser obrigadas a comprar eletricidade para o atendimento do seu mercado numa câmara comercializadora, onde os preços irão refletir os custos de produção de todas as usinas produtoras – velhas ou novas, caras ou baratas.
Pool – Essa mesma câmara vai comprar energia de todas as usinas e empresas geradoras por preços referenciados ao respectivo custo de geração, o que resultará numa penalização para as concessionárias que, a exemplo da Copel, produzem eletricidade em usinas já amortizadas. “O novo modelo proíbe o auto-suprimento”, relatou Paulo Pimentel. “Assim, a Copel terá de vender nessa câmara o quilowatt barato que produz para comprar – a um preço evidentemente mais alto – o quilowatt necessário para atender o seu mercado”, explicou.
De qualquer forma, “o Estado do Paraná vai à Justiça contra o modelo que prejudica o povo, os investimentos históricos no setor e a soma do esforço de muitos governos”, declarou a assessoria de imprensa do governador
O presidente da Copel lamentou a decisão do Ministério, que acabará punindo os estados que apostaram no desenvolvimento e investiram na construção de usinas, preocupados em garantir condições para o crescimento. “O governador Roberto Requião foi o primeiro a levantar-se contra essa injustiça e defender posições que atenderiam não apenas os paranaenses”, observou Pimentel. “Tanto que suas idéias receberam imediatamente o apoio das empresas estatais de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Goiás e Distrito Federal”, completou.
Segundo relatou o presidente da Copel, a ministra fez questão de apresentar-lhe o projeto do novo modelo pessoalmente e com antecedência “em atenção à importância que tem a empresa dentro do setor elétrico brasileiro”. Mas o conteúdo da proposta não o satisfez: “A única concessão foi permitir que a empresa volte a operar de maneira vertical, e ainda assim, dentro de uma estrutura que considere a existência de uma empresa controladora e unidades de negócio, com um CNPJ separado para a de distribuição”, relatou.