Novas técnicas de captura usadas por equipe protegem animais

A ordem era preservá-los ao máximo contra eventuais quedas das árvores e também contra um possível ataque de onças, comuns na região
Publicação
29/10/2007 - 12:04
Antes do trabalho em laboratório, a equipe do professor Italmar Navarro recebeu treinamento de técnicas de primeiros-socorros, para casos de acidentes na mata; de arvorismo, para dar suporte à montagem das armadilhas nas copas das árvores, onde vivem os macacos; e de utilização de GPS, para orientação pessoal e marcação de pontos, entre várias outras. Todos foram vacinados e receberam equipamentos de proteção individual como luvas, máscaras e óculos, bem como instruções sobre como manipular amostras em laboratório durante a realização dos diagnósticos. Amostras de sangue, soro, pêlos, fezes e urina foram, inclusive, armazenadas em freezers e botijões de nitrogênio líquido para pesquisas científicas futuras. Considerada uma das tarefas mais difíceis, a captura dos animais exigiu atenção redobrada da equipe. A ordem era preservá-los ao máximo contra eventuais quedas das árvores e também contra um possível ataque de onças, comuns na região. Enquanto o macaco-prego é mais fácil de capturar (ele possui o hábito de descer ao solo), o bugio vive basicamente na copa de árvores, algumas com até 30 metros. “Geralmente os pesquisadores utilizam dardos com anestésicos injetáveis para capturá-los. Inclusive, a literatura científica recomenda a utilização da associação de três tipos de drogas, mas em campo isso não funciona muito bem, já que a mistura dessas drogas deve ser feita imediatamente antes de sua utilização, dificultando a manipulação das mesmas na selva. Assim, tivemos, por questões de segurança e bem-estar do animal, que desenvolver um protocolo anestésico mais simples”, explica a professora Carmen Hilst, da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Ela desenvolveu, em conjunto com a equipe de pesquisadores, um protocolo anestésico que utiliza aplicação de doses mínimas de uma única droga, facilitando assim a sua manipulação em campo e melhorando significativamente o retorno anestésico dos animais, evitando, ainda, problemas após a soltura dos mesmos na natureza. A criatividade da equipe também foi um ponto alto da expedição às ilhas do Rio Paraná. Além da utilização de protocolo anestésico mais moderno, também foi preciso projetar e construir, com ajuda de um serralheiro do município de Porto Rico (PR), armadilhas especiais, providas de sistemas de acionamento manual e automático. Artigos científicos sobre a utilização e o sucesso de captura com essa armadilha mereceram publicação nos conceituadíssimos American Journal of Primatology e International Journal of Primatology.