Na Argentina, Requião defende moeda única sul-americana

Presidente do Codesul, governador participa de encontro com o governador de Salta, que preside zona de integração que envolve argentinos e chilenos
Publicação
09/12/2009 - 18:30
O governador Roberto Requião defendeu, em Salta, Argentina, que os países sul-americanos comecem a trabalhar imediatamente na criação de uma moeda única para o continente. “Trata-se de um longo processo, que na Europa levou 40 anos até a chegada do euro. Por isso, devemos começar já, e de forma acelerada”, disse, em pronunciamento durante reunião entre integrantes do Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul (Codesul) e da Zona de Integração do Centro-Oeste da América do Sul (Zicosul). “Devemos cada vez mais abandonar o dólar, procurando desde já construir a moeda sul-americana. Enquanto ela não se consolida, é preciso que fixemos políticas de controle da flutuação do dólar, para impedir que a oscilação do câmbio impeça nosso desenvolvimento industrial”, afirmou Requião, atual presidente do Codesul, em evento que reuniu o governador de Salta, Juan Manuel Urtubey, que também preside o Zicosul. Representantes das províncias argentinas de Tucumã e Jujuy também participam do encontro. “Devemos ser artífices de nosso próprio destino. Não podemos deixá-lo atado a interesses cujo centro de preocupação é o lucro. Nossa integração já está avançando. Essa é a boa notícia de que tomamos conhecimento aqui em Salta. Avançando entre PR, SC, RS e MS e, do lado argentino, Salta, Jujuy e Tucumã. Vamos continuar avançando na integração, mas mantendo sempre os olhos abertos para o que acontece no mundo”, falou o governador paranaense. “Acima de tudo, sou militante da construção do mercado sul-americano. Estou aqui como brasileiro, mas também como sul-americano. Esta é minha identidade. A integração sul-americana é um imperativo da época em que vivemos. Foram-se os tempos do antagonismo, da disputa, da desconfiança, em que até mesmo a bitola dos trilhos do trem eram diferentes por razões militares”, argumentou Requião. “Superamos esses tempos, e hoje a integração é uma realidade. Saímos do discurso, das declarações de intenção, para uma prática de vida em comum. Estão aí as trocas de vagas nas universidades, as trocas de experiência em tecnologia na agricultura, por exemplo”, lembrou. “De qualquer forma, não podemos nos esquecer da moldura em que esse nosso esforço se dá. Não podemos esquecer do restante do mundo, e o que ocorre ao nosso redor? Estamos vendo a falência do modelo neoliberal, o esgotamento de um modelo fundado na supremacia do lucro e na ganância. No entanto, desgraçadamente, estamos vendo que muitos governos não aprenderam as lições da crise tão recente, que ainda não terminou”, alertou o governador do Paraná. “Até mesmo em meu País ainda vejo, em instâncias governamentais, a tentativa de sobrevivência desse modelo. A opção, para nós, é muito clara. Devemos construir a nossa integração voltada para o interesse da maioria dos nossos povos. Construindo nações para os nossos, e construindo uma América do Sul para os sul-americanos”, falou. “De um lado, estão aqueles que insistem em nos transformar em uma China com menos habitantes, com mão-de-obra barata, fornecedores de commodities, e absolutamente submissos ao capital financeiro. De outro lado, estão os nossos compromissos com as pessoas, com a nossa aventura de vida, com países e uma região solidários, construíndo uma cultura de irmandade, com projetos que se preocupem com o bem-estar, com a felicidade de nossos povos”, defendeu Requião. “Além do esforço para a construção de uma moeda sul-americana e de contenção da flutuação do dólar, devemos estimular a alta dos salários, para que isso signifique o aumento do consumo, com o consequente estímulo ao aumento da produção. Há também que se tratar de baixar os impostos, desonerando a produção e o consumo. E, evidentemente, uma política que reduza os juros, hoje mantidos a taxas insuportáveis tão somente para remunerar os especuladores”, disse. O Codesul é formado pelos estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. O Zicosul reúne nove províncias argentinas, oito departamentos bolivianos, cinco regiões chilenas, todas os departamentos do Paraguai e o Mato Grosso do Sul.

GALERIA DE IMAGENS