Museu Oscar Niemeyer integra Bienal Brasileira de Design 2010

Até 14 de novembro MON abriga a Reinvenção da Matéria, composta por dois núcleos – Sala Natural e Sala Artificia
Publicação
14/09/2010 - 11:20
Editoria
Design e Sustentabilidade é o eixo temático das nove mostras da Bienal Brasileira de Design 2010 – Curitiba, que ocorre em vários locais da Capital. Até 14 de novembro, o Museu Oscar Niemeyer abriga a Reinvenção da Matéria, composta por dois núcleos –Sala Natural e Sala Artificial. A bromélia Curauá, a fibra da Tururi – palmeira conhecida como buçu, couro de peixe, banana, borracha, sementes diversas e fibras vegetais são matéria-prima de jóias, papéis, tecidos, chapéus, tênis, cortinas, mantas e bolw, no núcleo Natural. O Artificial exibe luminária, bolsa, banco, colares, tamborete, banco e bowl, produzidos a partir da reciclagem de alumínio, pneus e embalagens de PET e de papelão.
Para a curador do evento, Adélia Borges, o design brasileiro tem na sustentabilidade uma vocação e uma grande oportunidade que não pode ser desperdiçada. Ela observa que há uma grande movimentação mundial em torno do que se pode chamar de reinvenção da matéria, o que ocorre quando o designer trabalha não apenas no produto, mas especialmente na transformação da matéria-prima que melhor atenda ao requisito da sustentabilidade.
A exposição conta com o apoio do Governo do Paraná e da Caixa. A Bienal é organizada pelo Centro de Design Paraná e pela Federação das Indústrias do Estado, por meio do Centro Internacional de Inovação. Em 2006, a OCA (SP) sediou a primeira Bienal. A segunda foi em Brasília, no Museu Nacional do Conjunto Cultural da República.
Natural
CURAUÁ - O curauá (Ananas erectifolius) é uma bromélia característica da Amazônia. Suas folhas longas se transformam em fibras quatro vezes mais resistentes do que o sisal e dez vezes mais resistentes do que a fibra de vidro, além de serem mais leves, flexíveis e macias. Na última década, passou a ser transformada numa infinidade de produtos industriais e artesanais. A planta cresce em apenas um ano e, além do mais, serve para recuperar solos degradados.
Produtos e Objetos
Vestido Fios da Terra, 2008
Design: Izabela Jatene e Milene Fonseca e Amazon Paper, Belém, PA
Produção: Manufatura, Belém, PA
Tecido elaborado com fibra de curauá
Papéis
Design e produção: Associação Amazon Paper, Belém, PA
Fibra de curauá associada a bagaço de cana, casca de coco, vassoura de açaí e casca de palmito
Tecido
Desenvolvimento: Etno Botânica (Eber Ferreira) e Hilea Design (Débora Laruccia)
Fibra de curauá (50%), filamentos de seda natural (30%) e viscose de bambu (20%)
Esponja de banho Ponjita
Desenvolvimento e produção: 3M do Brasil, Sumaré, SP
Fibra de curauá
Componentes para a indústria automobilistica
Produção: Pematec, São Paulo, SP
Fibra de curauá
BANANA
O Brasil é o segundo produtor mundial de banana. Retirado o fruto, a árvore é toda cortada e deixada no solo para decomposição, o que pode gerar a proliferação de doenças nos bananais e a emissão de gases do efeito estufa. Muitos grupos pesquisam formas de dar um destino mais valioso a esse resíduo, transformando-o em placas, papéis e tecidos, destinados a usos variados. Em algumas regiões pobres do país, o que se ganha com esse subproduto de uma bananeira é maior do que o valor do fruto.
Produtos e Objetos
Banana Plac
Design: Fibra Design Sustentável (Bruno Temer, Cláudio Ferreira, Pedro Themoteo e Thiago Maia), Rio de Janeiro, RJ
Produção: Gê Papéis Artesanais, Itariri, Vale do Ribeira, SP
Fibra de bananeira, resina proveniente de óleo de mamona, MDF e corantes de base mineral
Bowl
Design: Gente de Fibra, Maria da Fé, RJ
Produção: Oficina Gente de Fibra e Zé Ribeiro, Maria da Fé, MG
Fibra de bananeira associada a papelão reciclado
BORRACHA
As mantas de borracha são produzidas em micro-usinas de processamento do látex instaladas nas florestas e operadas pelos próprios seringueiros e suas famílias, utilizando técnicas e equipamentos simples e de baixo custo. A tecnologia, batizada de Tecbor (Tecnologia para produção de borracha e artefatos na Amazônia), foi desenvolvida pelo Laboratório de Tecnologia Química da Universidade de Brasília, e permite a elaboração de lâminas coloridas. Como ela dispensa a fase do beneficiamento, os seringueiros da Amazônia podem ter um ganho maior.
Produtos e Objetos
Jóias Orgânicas
Design e produção: Flávia Amadeu, Brasília, DF
Borracha Tecbor e aço inoxidável.
Manta de Tecbor
Desenvolvimento: Lateq, UnB, Brasília, DF
Látex natural com pigmentos extraídos da floresta e agentes de vulcanização
TURURI
A palmeira conhecida como “buçu”, muito disseminada na Amazônia, possui uma fibra fina e delicada envolvendo e protegendo seus frutos, o tururi. A fibra pode ser retirada semanalmente, sem causar dano à árvore. Seu uso como matéria prima para a composição de uma infinidade de produtos tem gerado renda à população ribeirinha do arquipélago do Marajó, que sobrevive com a extração dos recursos da floresta nativa.
Chapéus
Design: Criação coletiva de Jum Nakao e comunidade, São Paulo, SP
Produção: Cooperativa de Artesãs Flor do Marajó (Cooperaflomar), Muaná, Ilha do Marajó, PA
Fibra de tururi
Cortina e mantas
Design e produção: Produção: Cooperativa de Artesãs Flor do Marajó (Cooperaflomar), Muaná, Ilha do Marajó, PA
Fibra de tururi
COURO DE PEIXE
Com uma costa enorme e rios numerosos, o Brasil pode tem na indústria pesqueira um potencial ainda pouco explorado. Na última década cresce a utilização dos couros ou peles dos peixes na elaboração de mantas para usos em objetos para o corpo e a casa. Tilápia, salmão, pescada amarela, pirarucu e pintado são alguns dos mais utilizados com essa finalidade. Novas técnicas vêm sendo desenvolvidas para o curtimento do material.
Produtos e Objetos
Pulseira
Design: Renato Imbroisi e artesãs Amor Peixe, Corumbá, MS
Produção: Associação Amor Peixe, Corumbá, MS
Couro de pintado e garrafa pet reciclada
Couro de pescada amarela
Desenvolvimento: Jacirene França / Senai, São Luis, MA
Pescada amarela beneficiada em tanquinho de lavar roupas.
Tênis Arpoardor II
Design: Oskar Metsavaht, Rio de Janeiro, RJ
Produção: Osklen/ Instituto e, Rio de Janeiro, RJ
Pele de salmão tratado com tecnologias limpas.
SEMENTES
A Amazônia brasileira possui um quarto das espécies vegetais do mundo. São cerca de 30 mil espécies de plantas já catalogadas, sem falar das ainda desconhecidas. Elas têm sementes de variados tamanhos, cores e características, cujo uso em maior escala só foi iniciado muito recentemente. Entre as que vêm sendo mais empregadas, destacam-se as sementes das palmeiras jarina (Phytelephas macrocarpa), também chamada de “marfim vegetal”, e tucumã (Astrocaryum aculeatum), essa com uma aparência que lembra o baquelite.
Objetos
Bolsa
Design: Ângela e Monica Carvalho, Rio de Janeiro, RJ
Produção: Instituto JC3, São Gonçalo, RJ
Semente de jarina
Jóias
Design: Maria Oiticica, Rio de janeiro, RJ
Produção: Tururi Artesanato, Rio de janeiro, RJ
Semente de tucumã e prata .
FIBRAS VEGETAIS
Em geral usadas para a elaboração de esteiras e produtos de baixo valor agregado, as palhas vem ganhando usos em objetos diferenciados, que exploram uma infinidade de texturas e tonalidade de cores geradas pelas muitas espécies de palmeiras. Uma das espécies mais empregadas recentemente tem sido o buriti, tão cantado por Guimarães Rosa. O potencial desses materiais, contudo, ainda está longe de ser explorado.
Produtos e Objetos
Jóias
Design: Maria Oiticica, Rio de janeiro, RJ
Produção: Tururi Artesanato, Rio de janeiro, RJ
Palha de arumã tecida por índios da etniaWaimiri Atroari, piaçava e canutilho do coquinho tucumã.
Caminhos de mesa
Design: Edna Santana, Belém, PA
Fibra de buriti e fios de algodão e seda artesanal
Mulungu
Design: Cátia Avellar, com a colaboração de Zé Lopes, Recife , PE
Produção: Santa Tereza Objetos, Recife, PE
Fibra de buriti, madeira mulungu e prata
Jóias
Design e produção: Cláudio Quinderé, Fortaleza, CE
Seda da palha de buriti e prata
Artificial
ALUMÍNIO
O Brasil é maior reciclador de alumínio do mundo, o que se deve à cadeia que começa com os catadores e carroceiros nas cidades. Latas jogadas fora são reprocessadas industrialmente ou têm suas partes decompostas para a criação de uma infinidade de produtos.
Objeto
Lustre
Design: Leo Pilo, Belo Horizonte, MG
Produção: Reciclo Asmare Cultural, Belo Horizonte, MG
Fundo de latas de bebidas
PNEUS
Há uma tradição popular de transformação dos pneus inutilizados numa grande variedade de produtos, documentada pelo designer Aloísio Magalhães nos anos 1970, no nordeste do país. Vários empreendimentos atuais continuam o trabalho nessa frente, como a empresa Goóc, que reciclou desde sua fundação em 2004, 2 milhões de pneus.
Objetos
Bowl TransNeomatic
Design: Fernando e Humberto Campana
Produção: Craft Link/ Artecnica por comunidade de artesãos do Vietnã
Pneu de moto e vime
Bolsa
Design: Thai Quang Nghia, São Paulo, SP
Produção: Goóc, São Paulo, SP
Câmara de pneu e fita de cinto de segurança
PET
As embalagens de pet (politereftalato de etileno) surgiram na década de 1970, mas se disseminaram de tal forma que hoje parecem onipresentes, não apenas em nossas mesas, mas também nos lixões e nos rios. O material leva mais de 100 anos para se decompor. Pode ser transformado em fibras para a tecelagem, o que exige um alto custo energético, ou reutilizado sem tratamento industrial.
Objetos
Luminária Enroladão
Design e produção: Tiana Santos, Recife, PE
Garrafas de pet
Coleção Pet
Design: Mana Bernardes, Rio de Janeiro, RJ
Produção: Mana, Rio de Janeiro, RJ
Garrafas de pet
Luminária Pet
Design: Nido Campolongo, São Paulo, SP
Produção: Estúdio Nido Campolongo, São Paulo, SP
Garrafas de pet
PAPELÃO
As embalagens de papelão estão disseminadas num vasto universo de produtos. Após o descarte, elas podem ser usadas na fabricação de novas embalagens. Um uso inédito vem sendo feito a partir de técnica desenvolvida pelo designer Domingos Tótora. O papel é misturado a água e cola, prensado e moldado, adquirindo resistência. De certa forma, ele volta a ser madeira, resistente e durável.
Produtos e Objetos
Placas de materiais
Design: Águida Zanol, Belo Horizonte, MG
Produção: Instituto Reciclar T-3, Belo Horizonte, MG
Pet texturizado, embalagem de ovo, saco de cimento, faixa de rua e latas
Banco Solo
Design e produção: Domingos Tótora, Maria da Fé, MG
Assento feito de massa elaborada com papelão reciclado e pés de ferro
Placa acústica
Design e produção: Domingos Tótora, Maria da Fé, MG
Massa feita de papelão reciclado e cola
Colares de papelão e ouro
Design e produção: Bettina Terepins, São Paulo, SP
Massa feita de papelão reciclado e cola por Domingos Tótora e ouro.
Tamborete São João
Design e produção: Rona Silva, Maceió, AL
Papelão reutilizado de embalagens de produtos e forro de tecido
Serviço:
Reinvenção da Matéria – Bienal Brasileira de Design 2010 - Curitiba
Apoios: Governo do Paraná e Caixa
Visitação: 14 de setembro a 14 de novembro
Museu Oscar Niemeyer
Rua Marechal Hermes, 999
Aberto de terça a domingo, das 10h às 18h
* Venda de ingressos até 17h30
R$ 4,00 inteira e R$ 2,00 estudantes, com carteirinha
Gratuito para grupos agendados da rede pública, do ensino médio e fundamental, para estudantes até 12 anos, maiores de 60 anos e no primeiro domingo de cada mês.

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