Museu Oscar Niemeyer abre nesta terça-feira a exposição “Poética da Percepção”

Portadores de necessidades especiais ou não, todos são público-alvo da mostra, que propicia o contato por todos os sentidos: tato, olfato, audição, paladar e visão
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01/09/2008 - 16:40
Editoria
A permissão ao toque e a possibilidade de sentir aromas e gostos, além de sons e da usual percepção visual das obras de arte, são o diferencial da mostra Poética da Percepção - questões da fenomenologia na arte brasileira, que abre nesta terça-feira (02), no Museu Oscar Niemeyer e permanece até 7 de dezembro. A mostra já foi apresentada com sucesso em São Paulo e Rio de Janeiro, e agora a direção do Museu convida a todo para aguçar os sentidos e interagir com obras de arte, especialmente os portadores de necessidades especiais. Estarão presentes na abertura a produtora Ana Gonçalves, o curador da exposição Paulo Herkenhoff e a vice-presidente do Instituto Victor Brecheret, Cidô Brecheret, esposa do filho do artista.Sensibilizada com o conceito da curadoria, ela emprestou duas obras de Brecheret para as mostras em SP, RJ e agora Curitiba. “É para que eles (portadores de necessidades especiais) tenham noção do tato e da volumetria”, diz ela. A mostra traz 28 obras de artistas consagrados, que permitem aos visitantes explorarem sensações peculiares.No campo da audição, que também pode servir ao toque dos cegos, Amélia Toledo se utiliza de fios de nylon e conchas penduradas, formando a obra Gambiarra (1969). É um instrumento musical natural, e ao mesmo tempo, uma escultura. No “passeio sensorial” proposto por Herkenhoff, o espectador vai testar o olfato ao apreciar a obra de Hélio Oiticica, com seu Bólide Olfático (1967), um saco cheio de café remetendo à cor da escuridão e ao aroma da fruta. Inusitada é a escultura da paranaense Eliane Prolik, No Mundo Não Há Mais Lugar (2001), em que ela oferece a possibilidade da interação por meio do paladar. Sua “máquina” contém esculturas comestíveis, como balas que se amoldam no céu da boca. Outras obras, em materiais diversos, também poderão ser tocadas por cegos - para que vivenciem a escultura - ou por qualquer outra pessoa que tenha a curiosidade de fazer o mesmo. Nas esculturas de Victor Brecheret (bronze), Sérgio Romagnolo (plástico modelado) e Raul Mourão (Lula com Alça, em pelúcia), o visitante poderá sentir diferentes texturas, temperaturas, acabamentos e solidez dos materiais. Herkenhoff salienta que, com o neoconcretismo, a arte brasileira marca uma posição sobre a percepção ao assumir que “nenhuma experiência humana se limita a um dos cinco sentidos”. De acordo com o filósofo francês Merleau-Ponty, pelo contrário, no simbolismo do corpo “os sentidos se decifram uns aos outros”. O Museu Oscar Niemeyer tomou as providências necessárias para a facilitação do acesso aos portadores de necessidades especiais, desde a chegada ao edifício até a mostra. As bancadas trazem legendas com informações em braile sobre as obras. Outra facilidade é a disposição espacial, que permite percorrer todas as obras num circuito único entre a entrada e a saída da exposição. Curador - Paulo Herkenhoff, curador do Museu de Arte Moderna de Nova York (1999-2002), da Fundação Eva Kablin, da 9ª Documenta de Kassel e da 24ª Bienal de São Paulo. É membro do Conselho do Instituto Arte na Escola da Fundação Iochpe. Serviço: Mostra: Poética da Percepção - questões da fenomenologia na arte brasileira Abertura para convidados: 2 de setembro, às 19h Período de exibição: de 3 de setembro a 7 de dezembro Patrocínio: VIVO Realização e produção: Animarte Consultoria e Rainmaker Apoios: Governo do Paraná, Secretaria de Estado da Cultura, Governo do Rio de Janeiro, Secretaria de Cultura e Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro Onde: Museu Oscar Niemeyer Endereço: Rua Marechal Hermes, 999 Centro Cívico - CEP: 80530-230 Telefone: (41) 3350-4400 Horário: de terça a domingo, das 10h às 18h Preços: R$ 4,00 adultos e R$ 2,00 estudantes (Não pagam crianças com até 12 anos, maiores de 60 anos e grupos agendados de estudantes de escolas públicas, do ensino médio e fundamental) Lista de Obras 1) Amélia Toledo. Gambiarra, 1982. Fio de nylon e conchas. 2) Ana Miguel. 3) Armando Queiroz. Aparelho para escutar sentimentos e segredos (2008, copo). 4) Ascânio MMM. Caixa 2, 1969/ Madeira pintada. 5) Barrão. As águas vão rolar, 2004. Peça de louça / Esculturas construídas com cacos de porcelana permite o reconhecimento de formas dissonantes justapostas num só volume. 6) Bené Fonteles. Boi com sinos 7) Eliane Prolik. No mundo não há mais lugar, 2001/ Balas, cápsulas ou embalagens plásticas com etiquetas impressas, máquinas mecânicas de cápsulas. 8) Ernesto Neto. Sem titulo, 2007/ Tule de lycra, cominho, pimenta, gengibre, açafrão. 9) Estevão Silva. (1844-1894)/ Natureza Morta, Séc XIX/ Óleo sobre tela. 10) Hélio Oiticica. Bólide Olfático, 1967. Saco de café e tubo de borracha. 11) Hilal Sami Hilal. Braile, 2007. Cola quente. 12) José Bento. Sem Título, 2004. Madeira. 13) José Bento. Sem Título, 2004. Madeira. 14) José Bento. Sem Título, 2004. Madeira. 15) Leda Catunda. Pintura grande. 16) Marepe.Óculos. 17) Nuno Ramos. Catálogo em Braille. O catálogo incita ao uso do Braille na arte. 18) Paulo Nenflidio. Protótipo, 2006. Técnica mista. 19) Paulo Vivacqua. 20) Raul Mourão. Lula com alça, 2005. Boneco de pelúcia. 21) Sergio Romagnolo. 22) Victor Brecheret. Torso, Dec. de 1930. Bronze/ Três Graças, Final da década de 1940. Bronze. 23) Victor Brecheret. Três Graças, Final da década de 1940. Bronze, 24) Zélia Salgado. Cabeça, 1954. Pedra sabão. 25) Tony Camargo. Tacos de bilhar em diferentes materiais. 26) Cleverson Salvaro. Rasgo de um círculo na parede com chepas de cigarros. 27) Bernardete Amorim. "Dejetos e Afetos" - 2005 - suspiro e fraldas descartáveis. 28) Carina Weidler.

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