Museu Oscar Niemeyer abre exposição do fotógrafo peruano Martín Chambi

O Museu Oscar Niemeyer abre, na próxima quinta-feira (29), às 19 horas, a mostra Martín Chambi – O poeta da luz.
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23/04/2010 - 12:00
Editoria

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O Museu Oscar Niemeyer abre, na próxima quinta-feira (29), às 19 horas, a mostra Martín Chambi – O poeta da luz. Antes da abertura, às 18 horas,o neto do fotógrafo, Teo Allain Chambi, faz gratuitamente a palestra A Herança de um Arquivo, aberta para jornalistas, convidados e para o público em geral.
A escolha perfeita da luz, a composição e os enquadramentos, diferentes do que eram usados pelos fotógrafos da época, caracterizam a linguagem própria criada por Martín Chambi (1891-1973), que passou a ser chamado de “o poeta da luz”. As cores usadas nas cópias, além do preto e branco, matizes de cinza, sépia, bege, tonalidades de vermelho e azul compõem a atmosfera da estética, da fotografia-arte de Chambi.
Apontado como o primeiro fotógrafo indígena latino-americano e o primeiro a registrar Machu Picchu, só descoberta em 1911, Martín Chambi entrou mundialmente para a história como fotojornalista. Porém, suas fotografias remetem às obras de Rembrandt e Caravaggio. Construiu – em 30 mil negativos – a história fotográfica e o patrimônio imaterial do povo peruano, imprimindo orgulho e dignidade à sua gente. A argentina Leila Makarius assina a curadoria da exposição, que reúne 88 fotografias em preto e branco, produzidas por Chambi entre os anos 1920 e 1940.
Chambi retratou a vida do povo indígena peruano – quéchuas e aymarás, principalmente – sem apelar para a exploração exótica da vida indígena, normalmente abordada. Nesse período, o país passava por grandes transformações econômicas com a exploração do ouro. Também de origem indígena, o fotógrafo revelou os segredos mais íntimos da vida andina sem desrespeitá-la. Ao mesmo tempo em que fotografava para importantes revistas, era reconhecido pelo caráter artístico e etnográfico de seu trabalho.
Trajetória - Martín Chambi nasceu em Coasa, Peru, às margens do lago Titicaca, em 1891. Começou a trabalhar como assistente de fotógrafo na mesma mineradora onde seu pai trabalhava, a Santo Domingo Mining Co. Mas foi em Arequipa, sul do país, onde aprendeu as principais técnicas de fotografia, com Max T. Vargas, em 1908.
No final de 1917, mudou-se para Canches e, ao lado da mulher, Manuela, e dos filhos Célia e Víctor, montou seu primeiro estúdio. Em Canches nasceu a única filha que seguiu a profissão do pai, Julia Chambi. Atraído pelo esplendor e pela história da antiga capital inca, o fotógrafo se mudou para Cusco, em 1920. Lá, fotografou a vida do povo peruano: dos camponeses à alta burguesia da cidade, em festas populares, reuniões familiares, casamentos e desfiles militares.

Em Cusco, trabalhou para diversos diários locais e, posteriormente, para o La Nación, de Buenos Aires, entre 1918 e 1930. Publicou suas fotografias na revista National Geographic, no final dos anos 1930. Chambi viveu na antiga capital inca até sua morte, em 1973. Seis anos depois, o filho Victor Chambi e o fotógrafo americano Edward Ranney catalogaram milhares de fotografias do artista. O acervo foi levado para uma exposição em Nova Iorque, em 1979, o que consagrou internacionalmente o trabalho de Martín Chambi.
Serviço
Martín Chambi – O poeta da luz
Visitação: 29 de abril a 01 de agosto
Museu Oscar Niemeyer
Rua Marechal Hermes, 999
Aberto de terça a domingo, das 10h às 18h
R$ 4,00 inteira e R$ 2,00 estudantes, com carteirinha
Gratuito para grupos agendados da rede pública, do ensino médio e fundamental, para estudantes até 12 anos, maiores de 60 anos e no primeiro domingo de cada mês.