Museu Oscar Niemeyer abre exposição de mestres latino-americanos

São 41 obras de artistas do México, Argentina, Uruguai, Venezuela, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Equador e Nicarágua
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29/06/2009 - 10:34
Editoria
O Museu Oscar Niemeyer abre na próxima terça-feira (30), às 19h, a mostra Latitudes: Mestres Latino-Americanos na Coleção Femsa. Pela primeira vez no Brasil, sendo Curitiba a terceira e última capital do roteiro, a coleção procedente do México exibe obras de mestres latino-americanos do século 20. A abertura nesta terça-feira será apenas para convidados. A exposição será aberta ao público na quarta-feira (01). Na seleção de 41 trabalhos, a curadora Rosa Maria Rodriguez Garza deu maior destaque às obras de artistas mexicanos referenciais. O restante é proveniente de Argentina, Uruguai, Venezuela, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Equador e Nicarágua. A exposição está sendo realizada em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura e o apoio do Governo do Paraná e da Caixa. As pinturas mexicanas são assinadas por Agustin Lazo, Alfonso Michel, Alfredo Martínez, Ángel Zárraga, Carlos Mérida, Carlos Orozco Romero, Cordelia Urueta, David Siqueiros, Diego Rivera, Frida Kahlo, Geraldo Murillo, Guillermo Meza, José Orozco, Leonora Carrington, Manuel Lozano, Olga Costa, Pedro Coronel, Roberto Montenegro, Rufino Tamayo e Remédios Varo, espanhola exilada no México, onde desenvolveu grande parte de sua obra. Antonio Berni, Alfredo Hlito, Cesar Paternoso, Leonor Fini, Luis Tomasello e Rómulo Maccio representam a Argentina. Do Uruguai há obras de Francisco Matto, Joaquim Torres Garcia, José Gamarra, José Gurvich e Pedro Figari. Da Venezuela estão Armando Reverón, Jacobo Borges e Jesús Soto. O Brasil é representado por Iberê Camargo e Arcângelo Ianelli, ao lado do chileno Roberto Matta, do colombiano Fernando Botero, do cubano Wifredo Lam, do equatoriano Oswaldo Guayasamin e do nicaragüense Armando Morales Iniciada em 1977, a coleção do Grupo Femsa é reconhecida como uma das mais importantes coleções privadas de arte latina. O acervo da empresa mexicana possui mais de mil obras de diferentes manifestações artísticas, que constituem um panorama da arte moderna e contemporânea dos países latinos. Para traçar esse panorama nesta seleção, a mostra foi organizada a partir de cinco núcleos temáticos: Influência do Cubismo nos pintores da América Latina, O retrato e a paisagem como testemunhas da identidade, A contribuição estética da América Latina para a arte universal, Incorporação do Surrealismo na plástica latino-americana e Abstração e Informalismos. Estéticas - O historiador, crítico de arte e curador americano Luiz-Martín Lozano diz que a revolução visual introduzida pelo Cubismo foi “uma conjuntura excepcional que permitiu a livre participação de pintores e escultores de diversos meridianos”, com uma ativa participação na efervescência estética das vanguardas do início do século 20, a exemplo de Picasso e Braque em Paris. Na América Latina ele cita como expoentes e teóricos do Cubismo, particularmente, Diego Rivera, um grande “inovador na exploração da cor” e Ángel Zárraga, na prática de um cubismo lírico. Na análise do segundo tema, Lozano diz que o conhecimento, a assimilação e a prática das vanguardas européias permitiram que os artistas, não só latinos, desenvolvessem uma “nova consciência sobre os usos e alcances sociais da arte”, com o surgimento de identidades locais. “Ainda em gêneros tão tradicionais da arte, como são o retrato e a paisagem, podemos apreciar como os pintores descobriram uma forma diferente para expressar suas realidades latino-americanas”. O historiador enfatiza que “o Muralismo Mexicano é, sem dúvida alguma, a maior contribuição historiográfica da arte latino-americana ao contexto da arte universal”, conteúdo que é foco do terceiro tema. Para ele, os murais de Diego Rivera, José Clemente Orozco e Siqueiros, entre outros pintores mexicanos, não só foi uma “aposta visual de uma nova modernidade narrativa e pública”, como antes “buscaram ser revolucionários, no que diz respeito ao questionamento da ordem estabelecida pelas oligarquias políticas na América Latina e os conservadorismos de classe da burguesia americana”. A monumentalidade foi um dos vários recursos formais utilizados pelos muralistas para mostrar a eloquência de suas ideologias combativas. Lozano destaca as duas pinturas de grande formato de Orozco e Siqueiros, incluídas na mostra. Por outro lado, a influência do surrealismo é “clara” em algumas obras de artistas latinos. “Além de colocar em evidência que os artistas procuraram ir além da objetividade que encontramos na realidade circundante, as estratégias visuais que cada um utilizou são diferentes e em alguns casos diametralmente opostas.” Ele diz que Matta, Lam, Varo, Kahlo, Carrington e Fini, participaram de forma direta do movimento em Paris, depois da primeira guerra mundial. Enquanto que Lazo, Meza, Costa e Michel conheceram o surrealismo de modo indireto, através da literatura e dos manifestos, ou pelas viagens e a influência de outros artistas. “Ainda que o Surrealismo fosse originalmente uma postura estética plural e heterogênea, afastada dos nacionalismos, apareceram traços culturais locais tanto no trabalho de Lam como no de Frida Kahlo, confrontando visualmente as estéticas ocidentais”. O quinto e último segmento aborda as outras linguagens formais, como a abstração e os informalismos – “um tipo de pintura não objetiva e carente de uma narrativa temática –“, que também foram estratégias visuais férteis na história da arte moderna latino-americana. Para Lozano, do mesmo contexto das vanguardas européias se desprendem os ideais do Universalismo Construtivo de Torres Garcia, assimilado de maneira direta por outros pintores como Francisco Matto, dando início à Escola do Sul. Garcia e Matto aperfeiçoaram uma proposta visual baseada no estudo e divulgação dos simbolismos primitivos, “inspirados em culturas milenares”. “Sob inspirações semelhantes deveríamos situar as inquietudes de Carlos Mérida, que se preocupou por revalorizar os indigenismos americanos e aplicá-los em uma visão sistemática, baseada em uma sorte de geometrismo de corte humanista e de forte influência pré-cortesiana, desde o início dos anos trinta”. Serviço: Mestres Latino-Americanos na Coleção Femsa Parceria: Secretaria de Estado da Cultura Visitação: de 01 de julho a 16 de agosto Museu Oscar Niemeyer Rua Marechal Hermes, 999 Aberto de terça a domingo, das 10h às 18h R$ 4,00 inteira e R$ 2,00 estudantes Gratuito para grupos agendados da rede pública, do ensino médio e fundamental, para estudantes até 12 anos, maiores de 60 anos e no primeiro domingo de cada mês.

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