Está em cartaz no Museu Alfredo Andersen a exposição Arteacesso do artista plástico Adélio Sarro. A mostra de 16 telas traz um diferencial ao permitir que pessoas com deficiência visual possam apreciar as obras a partir do toque. A exposição permanece em cartaz até o dia 6 de dezembro, com entrada franca. As diversas fases da obra de Sarro são caracterizadas por suas tonalidades, bem como por expressões faciais mais suaves ou mais duras. O universo de Sarro é composto de personagens, de trabalhadores rurais que, em seus quadros, ocupam a maior parte da tela. O trabalho duro caracteriza-se por braços, pernas, mãos e pés com dimensões exageradas, assim como por feições muitas vezes carregadas, mas o conjunto todo, na maioria das vezes com animais e instrumentos musicais, produz um efeito suave, multicolorido e harmônico. Adélio Sarro possui um histórico de premissa pela inclusão e integração entre as pessoas e a arte. Foi assim com a exposição "Escultura Monumental" que consistia em levar esculturas gigantes para praças e parques de grande movimento, quebrando com o modelo de arte fechada em um circuito de museus e galerias. Adélio continua em sua "busca para levar a arte ao maior número de pessoas" nesta exposição que, por sua vez, acrescenta a preocupação com a acessibilidade a deficientes visuais e congêneres. A exposição apresenta 16 telas com dimensões que variam entre 1m e 1,20m de altura por 80 cm a 1m de largura. Além do relevo criado por meio de variadas texturas, existe ao lado de cada quadro uma réplica em menor escala (cerca de 40 cm por 25 cm), cada uma dessas reproduções acompanha um pequeno texto, também disponível em braile, para facilitar o entendimento dos visitantes com de deficiência visual. Para o professor Leomir Barbosa Bill, que possui total falta de visão, a mostra "é um progresso, um grande avanço na questão da acessibilidade. O que possibilita a todos terem uma impressão própria sobre a exposição". Outro ponto destacado pelo visitante foi o estímulo e o incentivo ao desenvolvimento artístico das pessoas que possuem deficiência visual "até pouco tempo não se pensava na possibilidade de uma pessoa que não possui a visão se tornar um artista plástico. Essa limitação não existe mais, o leque de opções profissionais se torna mais abrangente". A escolha da pintura para a execução do projeto deve ao fato de que obras produzidas nessa técnica dificilmente podem ser apreciadas por pessoas que possuem a limitação visual "a escultura, por exemplo, é uma técnica essencialmente tátil" cita o artista justificando a opção. Sobre o artista Desde o começo da sua carreira artística, em 1972, o artista Adélio Sarro desenvolveu o seu próprio estilo, que é hoje mundialmente conhecido, usando também a sua própria técnica. Suas tintas e combinações de cores são típicas da América do Sul. Nos últimos 10 anos, o artista criou também obras de destaque internacional, no seu estilo, com temas da atualidade. Sarro é um nome para não se esquecer na arte brasileira. Representa o que há de instigante na pintura figurativa mundial, continuando a odisséia inequívoca da pintura figurativa perpetuada por Portinari, Di Cavalcanti, Léger e João Câmara Filho. Não é por acaso que Adélio Sarro tem merecido reconhecimento além das fronteiras nacionais, levando seu olhar profundo sobre a condição humana para diversos países. A visão da família, das tragédias e da poesia do cotidiano, a música como possibilidade de redenção e superação, o dia e a noite dos sentimentos estão simbolizados em formas próprias e cores vivas em sua pintura, como nesta exposição que, por sua vez, acrescenta a preocupação com a acessibilidade a deficientes visuais e congêneres. O acesso irrestrito à arte ganha com esta fase produzida por Sarro, contribuição pioneira através da associação de texturas variadas à sua já reconhecida paleta de cores vivas e contagiantes. Serviço: Arteacesso – Exposição do artista plástico Adélio Sarro, no MAA (Mateus Leme, 336). Horário de visitação: de terça a sexta, das 9 as 18h30. Sábados, domingos e feriados das 10 às 16h. Mais informações pelo telefone: (41) 3222-8262. A mostra permanece até o dia 06 de dezembro com entrada franca.