Municípios realizam concurso para redução de perdas na colheita da soja

Independente se a safra da soja é boa ou ruim em produção e preço já virou tradição em alguns municípios paranaense a realização de concursos para operadores de colheitadeiras visando reduzir a quantidade de grãos perdidos na lavoura, durante as operações de colheita.
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19/03/2005 - 11:10
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Independente se a safra da soja é boa ou ruim em produção e preço já virou tradição em alguns municípios paranaense a realização de concursos para operadores de colheitadeiras visando reduzir a quantidade de grãos perdidos na lavoura, durante as operações de colheita. Lançada em 1982 pela Embrapa/Soja e levada ao campo pela Emater, empresa do governo estadual e vinculada à Secretaria da Agricultura, a tecnologia de avaliação, base dos concursos, coloca o Paraná no topo do ranking nacional contra o desperdício, com a média de 1,1 saca por hectare, bem inferior à média de 2,3 sacas de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, obtidas na última safra. A tecnologia utilizada para avaliar o nível de perdas é simples, garante o agrônomo Nelson Harger, do Projeto Grãos da Emater. Ele descreve que basta o uso de uma armação de barbantes fixados em dois cabos de vassoura nas pontas para demarcar 50cm de largura e toda a extensão da plataforma de corte. Nesta área de amostra da colheita é utilizada a armação na frente da máquina fazendo o retorno da plataforma de corte, e colocada depois na passagem da máquina para avaliação da perda total. Os grãos coletados dentro da área da armação são colocados no copo medidor que indica de pronto o volume médio das perdas ocorridas no solo. Ao fazer esses procedimentos, o produtor pode interferir de imediato nas operações de colheita e orientar o operador nas regulagens da plataforma de corte, no molinete e na velocidade da máquina - que deve ser em média 6 quilômetros por hectare, independente da marca ou idade – além dos ajustes nos mecanismos internos da colhedeira, como velocidade do cilindro, abertura de côncavo, peneiras e saca palhas, lembra Harger. Nesta safra de soja em colheita, o Brasil já enfrenta a perda decorrente da estiagem, em especial nos Estados do Sul, com a redução da expectativa de 64 milhões para 52 milhões de toneladas. O pesquisador Nilton Pereira da Costa, coordenador nacional do Projeto de Redução de Perdas na Colheita, da Embrapa/Soja, destaca que se esta safra fosse normal a projeção nacional de soja deixada no solo durante a colheita seria de 44 milhões de sacas. “Porém, como a planta cresceu pouco, os grãos ficaram menores e a plataforma da máquina tendo dificuldades em colher rente ao chão, é possível que este volume de perdas aumente ainda mais”, assegura Costa. O Paraná que plantou 4,1 milhões de hectares e esperava colher 13 milhões, já registra 16% de perda da estiagem. O Departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura estima a colheita desta safra em 10,4 milhões de toneladas, sem incluir neste cálculo as perdas de colheita que na última safra chegaram a média de 1,1 saca por hectare. Com o trabalho integrado da Emater, Embrapa, prefeituras, cooperativas, empresas de assistência técnica e de insumos agrícolas, é possível reduzir as perdas para abaixo de 0,7 saca por hectare, afirma Harger, alegando que “o agricultor paranaense já está profissionalizado, tem consciência de eliminar o desperdício no campo e espera recuperar a lucratividade, colhendo cuidadosamente esta safra que teve um elevado custo de produção pelo aumento dos insumos e está confiante na subida do preço atual de US$ 12 a saca”. Os municípios de Cambé, Ibiporã e Maringá, considerados tradicionais no uso da estratégia de competição entre os operadores de colhedeiras para difundir a tecnologia de avaliação aos demais produtores de soja, já estão dedicando esforços para realizarem seus concursos de redução das perdas na colheita da soja desta safra 2004/2005. Cambé, que fez seu primeiro evento competitivo em 1993 e premiou na última safra o operador Sérgio Luiz Favali com uma tevê 29 polegas pela perda de 5,8 kg por hectare, marcou para 17 de junho desde ano a solenidade de encerramento e premiação do seu 12o Concurso, durante a programação da Semana da Agricultura. A 5a edição do concurso de Ibiporã, na safra passada, premiou com uma tevê 20 polegadas o operador Wagner Moreno dentre os 65 participantes, pela perda de 17,4 kg por hectare. Maringá realizou sua 10a edição na safra passada ampliando a abrangência do concurso com a inclusão de mais 14 municípios, quando participaram 334 operadores e premiou com um zerado trator MF250X o Leandro Marques de Luiz, da Fazenda do Portugueses, em Maringá, pela perda final de apenas 7,9 kg por hectare. A solenidade festiva de encerramento da 2a edição regional de Maringá promete superar o sucesso anterior, reservando aos operadores campeões prêmios tentadores, dentre eles um trator, plantadeira, motos e cheques de R$1 mil. Graças à ampla cobertura jornalística dos certames, os valiosos prêmios aos operadores vencedores e a organização da assistência técnica local pela integração dos técnicos, o município de Cambira é o mais novo integrante, fazendo nesta safra sua primeira edição. Garoto de 16 anos é a esperança do pai A comissão organizadora do 1o Concurso Municipal de Redução de Perdas da Colheita de Cambira acompanhou nesta quarta-feira, dia 16, a colheita da soja do Sítio Augusto, de Ivan Aparecido Rosina, localizado no Bairro Palmeirinha, de 25,41 hectares, sendo 20 hectares com soja. Sem ter noção clara das regras do concurso e desconhecer o uso da armação e do copinho medidor, o proprietário que já participou de inúmeros cursos de capacitação e aperfeiçoamento de colheita, tem fé em vencer a competição. Seu trunfo é o filho Ivan Lucio, um jovem de apenas 16 anos e que demonstra habilidade invejável na condução da colhedeira, dedicando o período da tarde nesta tarefa para não prejudicar as manhãs de estudo regular do 2o grau, cursado na sede de Cambira, distante 12 km do sítio onde mora. Na opinião da técnica agrícola Sirlene Fernandes de Almeida “Morena”, da Forquimica, integrante da comissão juntamente com os técnicos Carlos Roberto Gomes Ferreira, da cooperativa Colari e Ovídio César Barbosa, da Emater local, o garoto Ivan tem todo o conhecimento e perícia para estar entre os 10 melhores operadores dos 50 existentes e 25 inscritos. Ela destaca ainda que o concurso vai acontecer como decorrência natural da integração das instituições que trabalham no campo “falando a mesma linguagem da população do campo, com o governo do estado, a prefeitura municipal, o cooperativismo agropecuário e a empresa de insumo agrícola, atuando firme e levando confiança técnica e apoio aos produtores rurais” argumenta de forma enfática “Morena”, mostrando ser a porta-voz dos realizadores do concurso municipal de redução das perdas da soja de Cambira. Mais informações Nelson Harger – Assessoria Regional Comunicação e Marketing–Jornalista Sérgio Henrique Schmitt (43)3341-1411 Londrina, 18 de março de 2005

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