Mulheres discutem soluções para habitação

Seminário promovido pela Federação das Mulheres do Paraná reuniu cerca de 150 lideranças comunitárias
Publicação
02/07/2003 - 00:00
Editoria
“As mulheres são as grandes construtoras e instrumento de mudança nesse país”. A afirmação foi feita pelo presidente da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), Luiz Claudio Romanelli, durante o seminário de ‘Habitação – Fortalecer a Família e Proteger as Crianças’, promovido pela Federação das Mulheres do Paraná, realizado ontem (01), no auditório da empresa. No encontro, que reuniu cerca de 150 lideranças comunitárias femininas, Romanelli reconheceu que a contribuição das mulheres é muito grande e lembrou que na sua gestão passada, durante o primeiro mandato do governador Roberto Requião, foram elas as grandes parceiras nos projetos de mutirão. “Enquanto os maridos trabalhavam, eram as mulheres que iam para os canteiros de obras”, disse. Para ele, os títulos de propriedades das casas deveria ficar em nome das mães de família, porque num caso de separação, são elas que assumem as maiores responsabilidades com os filhos. “Temos que reconhecer as diferenças sociais para saber como enfrentar e trabalhar com elas”, destacou Romanelli. De acordo com ele, esse reconhecimento é necessário para a “realizar plenamente a inclusão social”. A presidente da Confederação de Mulheres do Brasil (CMB) e da Federação Democrática Internacional de Mulheres (FDIM), Márcia Campos, veio de São Paulo para participar do evento. Ela ressaltou o trabalho que vem desenvolvendo, através de mutirões, junto as mulheres em vários estados do Brasil. “Esse trabalho resultou no prêmio ‘Boa Prática’, da ONU em 1994 e 1996”, destacou. De acordo com Márcia, hoje 30% das mães são chefes de família. “Isso é grave, é uma das piores crises que pode acontecer. Significa que são mães que precisam trabalhar, criar e educar seus filhos ao mesmo tempo, sem que tenham sequer uma referência masculina, como figura de pai. Temos que pensar em como essas crianças vão crescer”, frisou. A habitação é considerada pelas organizações femininas como o primeiro fator de mobilização. No trabalho desenvolvido pela CMB e FDIM, a preocupação não se limita apenas a construção das casas. “Enquanto as obras não são concluídas, nós alfabetizamos, qualificamos, criamos condições de associativismo, cooperativismo, micro crédito e também atuamos na prevenção de doenças e na geração de empregos”, destacou Márcia. De acordo com ela, para se fazer a inclusão social é necessário transformar as mulheres em cidadãs plenas. “Queremos desenvolver esse projeto aqui no Paraná, em parceria com a Cohapar”, disse. Na opinião de Márcia Campos, Romanelli vem realizando um excelente trabalho. “É importante aproveitar o momento, onde o presidente Lula e o governador Roberto Requião estão comprometidos com a causa social, e a sociedade está disposta a ser o agente transformador das mudanças. Todos nós desejamos um Paraná e um Brasil diferente”, disse. A diretoria de Meio Ambiente e Ação Social da Sanepar foi representada pela técnica Lilian Persia de Oliveira Tavares. Ela apresentou a nova política de saneamento, voltada para o interesse social, ressaltou a preocupação da empresa em tratar o saneamento, levando em conta as condições ambientais, saúde e o desenvolvimento sócio econômico da população. Lilian Persia destacou que em breve estará vigorando a tarifa social para as famílias de baixa renda, com valores diferenciados. O gerente de desenvolvimento Urbano da Caixa Econômica Federal no Paraná, Manoel José Warumby, ressaltou que o objetivo do banco é apoiar o poder público no desenvolvimento de ações integradas e articuladas que resultem na melhoria das condições de vida da população e lembrou que a Conferência das Cidades nacional que acontecerá em outubro irá definir as novas regras para o setor habitacional. “Engenheiros da Família”, foi a experiência que o professor Daniel da Costa dos Santos, coordenador do programa da UFPR, trouxe para o seminário. Segundo ele o programa tem a finalidade de prestar assistência técnica, na área de engenharia civil, as famílias de baixa renda. Para ele, essa experiência modificou muito os conceitos teóricos. “Nos bancos escolares todos sabem que os problemas existem, porém vivenciá-los modifica muitas teorias”, disse.