Motoristas classificam como absurdo pedido para elevar pedágio no Paraná

Apesar de o governo já ter dito que não vai aprovar o aumento de 4,13% a 11,49% pedido pelas empresas, muitos motoristas já temem por uma ação judicial das concessionárias para garantir o reajuste: “Um absurdo” é a reação mais imediata dos motoristas
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21/11/2007 - 14:52
Editoria
A possibilidade de mais um reajuste nas tarifas cobradas pelas concessionárias de pedágio no Paraná estragou o humor de muitos caminhoneiros e outros motoristas que passaram pelas estradas nesta quarta-feira (21). Apesar de o governo do Estado já ter dito que não vai homologar o aumento de 4,13% a 11,49% pedido pelas empresas, muitos motoristas já temem por uma ação judicial das concessionárias para garantir o reajuste. Na rodovia BR-277, no sentido de José dos Pinhais até Paranaguá, onde o tráfego pedagiado é o mais caro do Paraná, as palavras “absurdo”, “roubo”, “inaceitável” e “escândalo” foram algumas das mais pronunciadas diante da insistência das concessionárias em aumentar os valores. “Me sinto roubado”, desabafou João Maria da Silva, 54 anos, caminhoneiro há 34, a respeito do pedido de reajuste dos preços pretendido pela concessionárias. Silva explicou que faz freqüentemente o trajeto entre Paranaguá e Foz do Iguaçu transportando contêineres. Segundo ele, são 10 praças de pedágio no caminho a um custo de R$ 600. “Estão tirando o pão da boca da gente. Temos que comer uma marmita de R$ 5,00 para poder pagar mais de R$ 9,00 o eixo na rodovia daqui até Paranaguá”, comparou. “É uma tarifa muito cara comparada com outros produtos de primeira necessidade”. Nelson Fusik, 67 anos, estima que cerca de 30% dos seus ganhos com o transporte de contêineres entre São José dos Pinhais e Paranaguá corresponda aos gastos com pedágio hoje. “Mais um aumento vai complicar ainda mais a minha situação e a situação dos colegas”, observou. O caminhoneiro Marcelo Mello, 30, está até pensando em deixar a profissão por conta das dificuldades causadas em grande parte pelo pedágio. Com a experiência de quem percorre três trechos de rodovias pedagiadas - Curitiba/Ponta Grossa, Curitiba/Lapa e Curitiba/Paranaguá - Mello relatou que nem a relação custo/benefício é válida. “Em média, são cinco ou seis viagens entre Curitiba e Paranaguá por semana, onde eu pago R$ 92,00 para ida e volta. E a estrada não está aquela maravilha, não”, destacou. “Já está ruim da forma como está”, prosseguiu. “O pedágio está sempre subindo e o nosso frete se mantém ou diminui. O pedágio me come (sic) uma perna. O ganho que eu teria, fica nas praças de cobrança. Se furar um pneu na estrada, trabalhei de graça”, denuncia. Para Hélio Kuakoski, 38 anos, o novo aumento, se aprovado, deve começar a pesar no Natal. “Este ano não vai ter peru”, avaliou, reclamando do fato de o reajuste acontecer justamente no mês de dezembro, coincidindo com as festas de final de ano e uma leve queda no volume de trabalho para a categoria, gerando um impacto ainda maior. Kuakoski faz o transporte de contêineres entre Curitiba e Paranaguá desde 1987. “Chego a fazer frete para o Norte do Paraná, mas estou todos os dias nesse trajeto. São R$ 92,00 por dia, ainda antes desse novo aumento. Nem tenho coragem de fazer as contas de quanto gasto por mês”, enfatizou. “É muito triste para o caminhoneiro”. LAZER – Silvio dos Santos, 37, faz apenas pequenos fretes dentro de Curitiba, mas utiliza as rodovias pedagiadas nas viagens de lazer com a família. “Se para nós, que somos apenas pequenos usuários, já é ruim pagar o pedágio caro como está, imagino o quanto se gasta para trabalhar todos os dias”, disse em tom de solidariedade com os colegas. “Estamos pagando mais em pedágio que em combustível. Esse final de semana mesmo viajei para o norte do Paraná e gastei R$ 30,00 de pedágio só na ida. São muitas praças. É um abuso mesmo. Com o aumento, vou ter que pensar melhor e reduzir as viagens de férias”, queixou-se.

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