Mostra apresenta um panorama da obra de Pancetti no MON

Serão apresentados 45 trabalhos realizados pelo artista entre as décadas de 30, 40 e 50. Auto-Vida e alguns quadros da série Lavadeiras do Abaeté
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07/06/2005 - 16:05
Editoria
O Museu Oscar Niemeyer abre ao público nesta quinta-feira (09), às 19h30, a exposição Pancetti- O Pintor Marinheiro, com curadoria de José Roberto Teixeira Leite. Antes da abertura haverá uma mesa redonda, às 18h, com o objetivo de discutir a obra do artista. Estarão presentes ao debate o curador e os paranaenses Fernando Velloso, Fernando Bini e Ennio Marques Ferreira, entre outros. A entrada é gratuita. A mostra traça um panorama da obra de Pancetti (1902 –1958) e poderá ser visitada até 11 de setembro. São apresentados 45 trabalhos realizados pelo artista entre as décadas de 30, 40 e 50. Auto-Vida e alguns quadros da série Lavadeiras do Abaeté estão entre as obras apresentadas mais conhecidas do público. A exposição é dividida em cinco núcleos - retratos (auto-retratos), figuras, marinhas, natureza-morta e outros autores. Com o objetivo de permitir uma visão ampla da trajetória do artista, Teixeira Leite selecionou ainda 15 obras de artistas que influenciaram ou foram influenciados por Pancetti. Entre eles estão os paranaenses Alfredo Andersen (1860-1935), Guido Viaro (1897-1971), Poty Lazartto (1924-1998)e Miguel Bakun (1909-1963), cujas obras pertencem ao acervo do Museu Oscar Niemeyer. Neste núcleo também há uma obra de Bruno Lechowski (1887-1941), considerado um dos principais mestres de Pancetti. Teixeira Leite analisa que o artista foi influenciado sucessiva ou simultaneamente por Cézanne e Van Gogh, entre as décadas de 30 e 40, nas naturezas-mortas e nos auto-retratos. Por Quinquella Martín e Albert Marquet nas marinhas, cujas pinturas o impressionaram em uma exposição francesa realizada, em 1940, no Rio de Janeiro. “Mas, foi a Bruno Lechowski que Pancetti mais ficaria devendo. Não só do ponto de vista técnico como estilístico, sendo significativo que como discípulo de Lechowski foi que se apresentou no Salão Nacional de Belas Artes de 1937. Tornou-se o discípulo que superou o mestre, sem dúvida, mas que dele sorveu os melhores ensinamentos.” Henri Nicolas Vinet (1817-1876), Nicolau Facchinetti (1824-1900), João Batista Castagneto (1851-1900), Benedicto Calixto (1853-1927), Mario Navarro Da Costa (1883-1931), Antonio Garcia Bento (1897-1929) e Milton Dacosta (1915-1988) também estão entre os artistas incluídos. Carreira Artística - Teixeira Leite aponta o início da carreira artística de Pancetti, em 1932, dez anos após a Semana de Arte Moderna, quando ingressou no Núcleo Bernardelli. Um ateliê livre fundado no ano anterior e que funcionava, de favor, nos porões da Escola Nacional de Belas Artes. Nele, não havia professores, mas mentores. Cada artista buscava adquirir por conta própria recursos técnicos e expressivos, orientados por pintores mais experientes ou mesmo por colegas. Martinho de Haro, por exemplo, foi quem primeiro falou de arte moderna a Pancetti. “Formado num tal ambiente, e sem jamais ter-se afastado, por temperamento, da observação atenta dos seres e das coisas, é compreensível que Pancetti jamais tenha sido um inovador ou um revolucionário: marinhista e paisagista por instinto, a vida inteira permaneceu fiel à natureza, mesmo quando, na década de 50, inúmeros pintores, inclusive amigos deles, viram-se atraídos para o abstracionismo.” De acordo com o curador foi nesse momento, que o artista despojou ao máximo marinhas e paisagens, geometrizou frutas e outros elementos de composição nas suas naturezas-mortas. Além de adotar, “no profuso colorido das roupas estendidas a secar, nas telas da série Lavadeiras do Abaté, esquemas cromáticos de livre invenção, tudo, porém, sem renunciar à representação do que tinha ante os olhos”. Por índole romântica, segundo o curador, Pancetti pode ser aproximado de pintores como Guignard ou Djanira. Porém, deles se diferencia, por vezes beirando o dramático, “ocasiões em que antes se aparenta a Segall”. Mas, segundo Teixeira Leite, foi antes de tudo um grande solitário na pintura brasileira. “A rigor não se pode enquadrar Pancetti nessa ou naquela tendência estilística – a princípio os modernos não o aceitavam por considerá-lo acadêmico, enquanto os acadêmicos o repudiavam por achá-lo moderno. Pancetti foi, na verdade, o grande solitário da pintura brasileira: romântico e expressionista, sua referência maior foi o mundo concreto, que todavia não imitou nem simplesmente reproduziu, antes o recriando com profunda emoção.” Porém em um dos aspectos foi um inovador. Conforme ressaltou o crítico “Foi o primeiro e único a enfrentar a paisagem de luz plena, a montar o cavalete sob o sol a pino e a pretender, entre a paleta e a tela, o encontro das cores da areia torrada, dum mar muito azul, de um céu claro de cegar e das pedras emersas, escuras, limentas, brilhantes feito espelho”, ressaltou o crítico. Marinheiro - José Pancetti foi portanto um autodidata. Nascido em Campinas em 1902, filho de imigrantes italianos, teve uma infância paupérrima. Depois de se transferir com a família para São Paulo, em 1910, partiu em 1913 para a Itália para viver com um dos tios. Sem vocação para o trabalho no campo, estuda até o segundo ano do ginásio, torna-se aprendiz de carpinteiro e em 1919 ingressa na Marinha Mercante Italiana. No ano seguinte retorna ao Brasil, desembarcando no Porto de Santos, litoral de São Paulo. Em Santos, exerce diversas atividades humildes como operário têxtil, auxiliar de ourives, garçom, trabalhador na rede de esgotos e faxineiro no Hotel Guarujá. Até que em 1921 retorna para São Paulo e depois segue para o Rio de Janeiro, disposto a ingressar na Marinha de Guerra. Mas, somente em 22 consegue afinal alistar-se. Foi nesse contexto que Pancetti realizou suas primeiras obras, consideradas “meras primícias” –esboços de navios, pintados em caixas de fósforo ou diminutos cartões para serem trocados por cigarros com os colegas. Em 1926, passa a integrar o quadro de pintores praticantes, executando serviços de pintura em cascos e paredes das embarcações. Por sua habilidade no manejo das tintas teve uma tonalidade batizada com seu nome, o Verde Pancetti. Em 1950 foi reformado na Marinha, no posto de segundo tenente. Serviço: Data: 09 de junho a 11 de setembro Local: Museu Oscar Niemeyer Endereço: Rua Marechal Hermes, 999 Centro Cívico – CEP: 80530-230 Telefone: (41) 3350-4400 Horário: de terça a domingo, das 10h às 18h Preços: R$ 4,00 adultos e R$ 2,00 estudantes identificados (Crianças de até 12 anos, maiores de 60 e grupos de estudantes de escolas públicas pré-agendados não pagam) Agendamento prévio para escolas pelo e-mail: agendamento@mon.org.br ou pelo telefone (41) 3350-4418, das 10h às 18h

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