Mostra Sesi/Teatro Guaíra apresenta peças de novos autores curitibanos

1ª Mostra Sesi Dramaturgia é um dos eventos especiais do Festival de Curitiba e está em cartaz no Teatro José Maria Santos
Publicação
24/03/2010 - 14:30
Editoria
O público curitibano pode conferir durante essa semana a produção dos novos autores de peças teatrais formados pelo Núcleo de Dramaturgia Sesi Paraná. As criações dos novos autores integram a 1ª Mostra Sesi Dramaturgia, um dos eventos especiais do Festival de Curitiba, em cartaz no Teatro José Maria Santos. Na sexta-feira e no sábado (26 e 28), também no Teatro José Maria Santos, haverá apresentação da primeira montagem do Núcleo de Dramaturgia. A peça é “Como se eu Fosse o Mundo”, de Paulo Zwolinski, com direção de Roberto Alvim, assistência de direção Pretto Galiotto.
Criado no ano passado, o Núcleo de Dramaturgia Sesi Paraná é um projeto pioneiro na área cultural, desenvolvido em parceria com o Centro Cultural Teatro Guaíra e apoio do Conselho Britânico. O projeto começou no ano passado. No último sábado, durante mesa-redonda com autores e diretores de teatro, o Núcleo de Dramaturgia apresentou ao público a coleção de 17 textos, de 16 novos autores, publicados pelo Sesi Paraná.
Para o dramaturgo e diretor Roberto Alvim, que ministra a principal oficina de formação dos novos autores, o resultado do primeiro ano do projeto supera as expectativas. “A qualidade dos trabalhos, o comprometimento e a energia dos participantes são incríveis. O Núcleo está formando uma geração de autores antenada com o que há de melhor na dramaturgia mundial”, diz ele.
Segundo Roberto Alvim, As peças produzidas pelos novos autores podem ser montadas em qualquer lugar do mundo. “Os novos autores curitibanos trabalham com questões ligadas à construção do sujeito na contemporaneidade, com percepção de tempo e de espaço, de arte, de política e de existência. São questões trabalhadas por autores mundiais”, disse Alvim.


Confira a programação da Mostra Sesi Dramaturgia.

Montagem
COMO SE EU FOSSE O MUNDO - Drama
Dias: 26/27 às 21h
Texto: de Paulo Zwolinski, direção de Roberto Alvim, assistência de direção Pretto Galiotto. Com Patrícia Kamis e Thiago Luz
Um homem apaixonado por um filho, fazendo dele a sua obra. Uma mulher obcecada pelo marido, colocando-o acima de tudo. Amor, sexo, obsessões, abusos e agressões suficientes para dois personagens, para 3 vidas. Um filho, um menino, uma criança dividida na doente relação entre Pai e Mãe; como se isso fosse tudo, como se eles fossem tudo, como se eles fossem o mundo.
Duração: 70 min
Ingresso: R$ 10 inteira/ R$ 5 meia estudantes, terceira idade, funcionários do Sistema Fiep e industriários


Leituras do Núcleo de Dramaturgia
Entrada franca

(EM) BRANCO
Dias: 24 às 15h e 25 às 18h
Texto: Patrícia Kamis; direção: Marcio Mattana,
Com: Alan Raffo, Jussara Batista, Márcio Mattana, Thadeu Peronne e Vívian Schmitz.
A opaca realidade que acontece em paralelo à translúcida busca por algo que apenas se intui. Pinceladas de tinta que apresentam formas reais ou abstratas em uma tela que continua em branco.
Duração: 45min

TEIA
Dias: 27 às 15h e 28 às 18h
Texto: Douglas Daronco; direção: Edson Bueno
Com: Pagu Leal, Giovana de Liz; Abner Valentim
Duas mulheres - uma viúva e sua melhor amiga - se encontram para um chá da tarde. Aos poucos revelam uma teia que aprisiona lembranças, angústias, desejos e emoções.
Duração: 60 min

INVERNO
Dias: 27 às 18h e 28 às 15h
Texto: Pretto Galiotto; direção: Marcio Abreu
Com Paulo Alves
Um homem, uma mulher, um menino. Futuro, passado, presente. Impressões de experiências e sentimentos que se congelam em um tempo que simplesmente se sabe ser inverno.
Duração: 45 min

Estúpido Direito de Sofrer
dia 24 – às 21h
Texto de Jô Bilac. Direção: Vinicius Arneiro
Com Carolina Pismel, Diego Becker, Julia Marini e Paulo Verlings
Quatro histórias distintas que se desenrolam em quatro bairros do Rio de Janeiro. O que as convergem, de fato, é o exercício de linguagem dramatúrgica que narra em quadros o cotidiano dessas pessoas, dando um zoom no que poderia acontecer de mais inesperado num dia (a princípio) como qualquer outro...

Mente Mentira
dia 25/03 – às 21h
Texto de Sam Shepard. Direção: Paulo de Moraes
com Malvino Salvador, Fernanda Machado e elenco.



Mesa Redonda realizada dia 20/03/2010 (sábado), no Teatro José Maria Santos

Autores falam do papel do dramaturgo no teatro contemporâneo
Mário Bortolotto, Roberto Alvim e Gabriela Mellão, discutiram o tema em encontro que abriu a Mostra SesiI Dramaturgia, dentro do Festival de Curitiba

Uma mesa-redonda com os autores e diretores de teatro Mário Bortolotto, Roberto Alvim e Gabriela Mellão abriu na tarde de sábado (20) a Mostra Sesi Dramaturgia, evento especial do Festival de Curitiba. O encontro lotou o Teatro José Maria Santos. Durante quase duas horas, eles falaram sobre o papel do dramaturgo no teatro contemporâneo e dialogaram com o público sobre o tema. A mediação foi do professor da Universidade Federal do Paraná, Walter Lima Torres.
A Mostra Sesi Dramaturgia tem atividades durante toda a semana e apresenta as criações da primeira turma de novos autores de teatro formados pelo Núcleo de Dramaturgia SESI Paraná. Criado no ano passado, o projeto tem a parceria da Fundação Cultural Teatro Guaíra e o apoio do Conselho Britânico. A coordenadora cultural do Sesi-PR e a presidente do Teatro Guaíra, Marisa Villela, deram boas vindas ao público.
Para Roberto Alvim, que ministra a principal oficina de formação dos novos autores, o resultado deste primeiro ano do projeto supera as expectativas. “A qualidade dos trabalhos, o comprometimento e a energia dos participantes são incríveis. O Núcleo está formando uma geração de autores antenada com o que há de melhor na dramaturgia mundial”, disse ele. “Só vivenciei algo semelhante no Rio de Janeiro, entre os 2001 e 2005, período em que surgiu a nova geração de novos autores que revitalizou a criação e a maioria é hoje referência no País”, afirmou Alvim, ele próprio fruto dessa geração.
O primeiro ano de existência do Núcleo de Dramaturgia resultou em 16 peças, que foram publicadas pelo SesiI Paraná. Segundo Roberto Alvim, essas peças poderiam ser montadas em qualquer lugar do mundo. “Os novos autores curitibanos trabalham com questões ligadas à construção do sujeito na contemporaneidade, com percepção de tempo e de espaço, de arte, de política e de existência. São questões trabalhadas autores mundiais”, disse Alvim.
Para ele, existe em Curitiba um movimento de inteligência, uma efervescência na área de artes cênicas. O Núcleo de Dramaturgia, segundo ele, catalisa, organiza e ajuda a dar vazão a esse potencial criativo. Isso, sem dúvida, se reflete não só em outros campos da cultura, mas na cidade, na sociedade, acredita. “Creio que este seja um aspecto fundamental para uma cidade que quer ser inovadora”, afirmou.
Durante o debate, os autores falaram do papel do texto e seu reflexo na encenação e representação. “O dramaturgo é um mágico, que ousa falar da realidade, do homem, das percepções, dos dramas como ninguém ousa falar. Portanto, não deixa de ser um espelho que distorce a imagem, à medida que tem o poder de ir além da realidade e causar impacto sensorial”, disse Gabriela Mellão.
Para Roberto Alvim, o texto é, e sempre foi, o norte para mudanças fundamentais no teatro. “O grande problema é quando a montagem não consegue captar ou acompanhar a poesia do autor. O papel do autor é se descolar do discurso hegemônico e criar uma poética, uma nova experiência humana. Essa visão de mundo tem de ser respondida pela montagem, encenação, representação”.
Mário Bortolotto falou de sua própria experiência como dramaturgo. “Gosto de escrever sozinho, porque também assumo sozinho eventuais fracassos”, disse. Segundo ele, cada autor, ou cada criação, tem uma origem própria. Bortolotto contou que já escreveu peça a partir de um título. O trabalho fluiu a partir do título. “Tenho boas experiências, em que o diretor dialogou com o autor. Não é preciso que seja uma direção magistral. Basta ter diálogo com o texto, que o autor se reconheça na montagem”, disse ele.

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