“Morte de Zilda Arns equivale a perder um membro da família”, diz representante da Unicef

Marie Pierre Poirier, esteve presente ao velório e à missa de corpo presente de Zilda Arns neste sábado (16) no Palácio das Araucárias
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16/01/2010 - 15:00
Editoria
A representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, Marie Pierre Poirier, esteve presente ao velório e à missa de corpo presente de Zilda Arns neste sábado (16) no Palácio das Araucárias, em Curitiba. “O Unicef é muito grata pela parceria que sempre teve com a Pastoral da Criança. A sensação que temos, hoje, é de que perdemos um membro de nossa família. Mas acreditamos que um trabalho tão forte como o de Zilda Arns deixa um legado de organização que não vai terminar nunca”, afirmou Marie Poirier. De acordo com ela, a semente da Pastoral da Criança surgiu de uma conversa do diretor-executivo do Unicef, James Grant, com o cardeal brasileiro Dom Paulo Evaristo Arns, irmão de Zilda Arns, em 1982. Os dois falaram a respeito da necessidade de se iniciar um trabalho de base com mobilização social para conter a mortalidade infantil nos países mais pobres. “Quem transformou esta visão em realidade foi Zilda Arns, quem construiu uma organização forte, com centenas de milhares de líderes não só no Brasil, mas em outros países da América Latina, África e Ásia”, explicou. Marie Poirier lembrou o esforço que Zilda Arns fez pela mensagem de alerta sobre os cuidados com as crianças mais carentes. Assim, renovou campanhas e diversificou temas para que todos os problemas fossem combatidos. “Começou com mortalidade infantil, nutrição, partiu pra prevenção da aids entre as mães e se estendeu em programas como o Parto Fácil e trabalhos de alfabetização. Zilda Arns se preocupou com a evolução constante sobre o que acontece na vida das crianças”, disse. Marie Poirier explicou que o Unicef apoiou diretamente a Pastoral da Criança durante os primeiros anos da instituição brasileira e continuou observando os trabalhos de Zilda Arns mesmo depois de deixar de participar formalmente da organização. “A Pastoral, hoje, caminha sozinha e vai com facilidade a diversos países. Mas o Unicef continua a ser parceiro, não só no Brasil, mas em outros países da América Latina”, disse, lembrando que o Fundo tem função diplomática. “Estamos aqui para celebrar a vida de Zilda Arns. Muitos países do mundo, a começar pelo Brasil, conseguiram tornar a criança tema central de discussões, mobilizando líderes unidos com um objetivo comum. Os líderes da Pastoral da Criança são pessoas comuns, de comunidades carentes, que acreditam que a família é o ponto de partida para os cuidados com as crianças. Este impacto é fundamental para o bem estar social e a melhoria da condição de vida de milhões de pessoas”, ressaltou a representante do Unicef. Após participar do velório da fundadora da Pastoral da Criança, Marie Pierre Poirier foi recebida pelo governador Roberto Requião no Palácio das Araucárias. O QUE É — O Unicef está presente no Brasil desde 1950, liderando e apoiando algumas das mais importantes transformações na área da infância e da adolescência no País. Zilda Arns criou a Pastoral da Criança em 1983, em Florestópolis, cidade próxima a Londrina. A instituição está presente em 4.016 municípios do Brasil e acompanha 1,6 milhão de crianças e 95 mil gestantes. Em todo o mundo são mais de 300 mil voluntários. O trabalho da instituição é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde. Neste sábado (16), dom Geraldo Majela Agnello, irá celebrar a missa de corpo presente, com participação restrita a familiares. A cerimônia começa às 14h e será transmitida ao vivo pela TV Paraná Educativa. O corpo de Zilda Arns será enterrado no Cemitério Municipal da Água Verde — o sepultamento também será restrita aos familiares.

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