Familiares e amigos de Zilda Arns participaram neste sábado (16), no Palácio das Araucárias, em Curitiba, da missa de corpo presente de Zilda Arns. A cerimônia foi realizada pelo arcebispo de Mariana e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, bispo Dom Geraldo Lyrio Rocha. A missa começou às 14h15 e foi transmitida ao vivo num telão na Praça Nossa Senhora do Salete, reunindo cerca de 600 pessoas. Na sequência, o cortejo fúnebre, composto de 35 batedores, partiu com destino ao Cemitério Municipal Água Verde, onde o corpo de Zilda Arns foi enterrado no final da tarde.
“Agradecemos a todos os dons que Zilda espalhou. Ela nos mostrou as maravilhas que Deus pode fazer por meio de nossas mãos. Não podemos deixar que o trabalho que ela iniciou termine. É preciso que nossos esforços para construir um mundo melhor e mais justo continuem”, afirmou Dom Geraldo Lyrio.
Segundo estimativas da Polícia Militar, até o início da tarde deste sábado (16), aproximadamente 7.500 pessoas passaram pelo Palácio das Araucárias para acompanhar o velório do corpo de Zilda Arns. Desde a manhã de sexta-feira uma fila se formou para dar adeus à médica e sanitarista.
Vários ônibus vieram do interior e de outros Estados trazendo pessoas que queriam se despedir de Zilda Arns. O comerciante Luis Carlos Machado, e a esposa dele, Anete, vieram de Rolândia (Norte do Paraná), para participar da missa. “Zilda representa muito para nós. Aprendemos muito com ela, e todo este ensinamento vai continuar vivo, correndo em nossas veias. Ela mostrou a humanidade o significado do amor incondicional. Isso é raro”, afirmou Machado, voluntário há oito anos da Pastoral da Criança.
Elza Plep, conselheira tutelar do município de Palmital, chegou cedo na Capital neste sábado (16). Ela trabalhou durante oito anos com Zilda Arns e lembrou emocionada do trabalho da médica. “Espero que sua obra não pare. Nunca vi tanto amor em uma pessoa só. Sua vida deve ser revivida hoje e sempre. Em Palmital muitas crianças foram assistidas, muitas mães foram beneficiadas. É um trabalho muito lindo, e é por isso que fiz questão de vir até aqui”, destacou.
Zilda Arns Neumann, médica pediatra e fundadora da Pastoral da Criança, morreu as 75 anos vítima do terremoto que atingiu o Haiti na terça-feira (12). Ela estava na capital, Porto Príncipe, onde fazia palestra sobre o trabalho da Pastoral da Criança.
Filha de Gabriel Arns e Helena Steiner Arns, Zilda nasceu em 25 de agosto de 1934, em Forquilhinha, Santa Catarina. Era irmã de dom Paulo Evaristo Arns, cardeal arcebispo emérito de São Paulo. Viúva desde 1978, Zilda Arns era mãe de cinco filhos.
Em 1959, Zilda concluiu o curso de Medicina em Curitiba. Começou a vida profissional como médica pediatra do Hospital de Crianças Cezar Pernetta, em Curitiba. Ali, trabalhou entre 1955 e 1964 atendendo bebês menores de um ano. Foi também diretora-técnica da Associação Filantrópica Sara Lattes e chefe da divisão de Proteção Social do Departamento da Criança da Secretaria de Saúde Pública do Paraná.
A médica e sanitarista promovia a capacitação dos voluntários e sua transformação em agentes sanitários, trabalhando nas comunidades onde moram. Treinados, os agentes se tornam líderes comunitários aptos a colocar em prática ações básicas de saúde e acompanhar as famílias que estão sob sua responsabilidade.
A Pastoral da Criança está presente em 4.016 municípios do Brasil e acompanha 1,6 milhão de crianças e 95 mil gestantes. Em todo o mundo são mais de 300 mil voluntários. O trabalho da instituição é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde.