Ministro delega ao Paraná discussão com empresa El Paso


Requião informou ao ministro de Minas e Energia sobre laudos internacionais que confirmam risco na operação da usina termelétrica de Araucária
Publicação
07/10/2005 - 17:46
Editoria
O governador Roberto Requião informou ao ministro de Minas e Energias, Silas Rondeau, durante encontro nesta sexta-feira (07), o resultados de dois laudos periciais atestando que a Usina Termelétrica de Araucária – UEG Araucária – não é capaz de operar em condição de segurança. Os documentos foram elaborados por instituições especializadas em geração térmica sediados na Inglaterra e Portugal. “Os laudos nos chegaram recentemente e confirmam a conclusão apontada nos laudos judiciais já realizados perante a Justiça do Paraná de que há riscos e que eles são muito sérios”, contou Requião. A usina é de geração de energia elétrica a partir do gás natural vindo da Bolívia e está parada desde o fim de 2002. O valor global do investimento é estimado em US$ 300 milhões de dólares. Entre os problemas apresentados pela usina está a unidade de processamento de gás natural, construída para adequar o combustível que alimentaria a usina e que custou US$ 43 milhões. A empresa norte-americana El Paso detém 60% das ações da usina, a Copel é dona de outros 20% e a Petrobrás dos 20% restantes. O ministro declarou que a Petrobras não tem interesse em negociar nenhuma alteração na participação acionária que mantém na UEG Araucária, e conferiu ao Paraná a decisão se negocia ou não com a El Paso. “Cabe à Copel decidir se vai negociar com a empresa controladora do projeto”, afirmou. O Estado já levou a questão a discussões judiciais numa corte de arbitragem em Paris e no Judiciário brasileiro. Os novos laudos foram emitidos pelo Instituto Superior Técnico – IST, vinculado à Universidade Técnica de Lisboa, e pela Scott Wilson Raymond, empresa de consultoria em engenharia estabelecida em Londres. Ambiente – “Solicitei ao governador seu apoio para que o Paraná possa cumprir integralmente as metas do programa de universalização do atendimento com eletricidade do Governo Federal, o Luz para Todos. Também, para que sejam concedidas as licenças ambientais necessárias às usinas cuja construção a Aneel pretende licitar na metade de dezembro e reafirmar o investimento de US$ 1,2 bilhão que a Petrobras vai fazer para ampliar e modernizar a Refinaria de Araucária”, detalhou Silas. Requião disse ao ministro que o Paraná fará o possível para que o licenciamento das futuras usinas seja feito no menor prazo, mas observou que as maiores prioridades são o cumprimento da legislação ambiental e o aproveitamento racional dos recursos naturais disponíveis no Estado. “O Governo do Paraná não se opõe à utilização do seu potencial energético, mas também não aceita liberar projetos que ainda possam ser melhorados, com redução dos impactos ambientais e sociais, sem perda de viabilidade”, afirmou. Leilão – Existem três projetos sob análise das autoridades ambientais paranaenses aguardando a concessão de licença para que possam ser incluídas no próximo leilão da Aneel: Baixo Iguaçu, Salto Grande e Mauá. Mas, para tanto, as permissões teriam que ser dadas até 1.o de dezembro. “Embora essas usinas não sejam cruciais em termos de comprometer o abastecimento de energia no país, mesmo porque novos leilões vão ser feitos no futuro, esperamos contar com a valiosa contribuição do Paraná e de seu invejável potencial, que nunca nos faltaram”, considerou o ministro Silas Rondeau. O governador Requião defendeu perante o ministro que as futuras obras de geração no Paraná sejam outorgadas à Copel, que constituirá parcerias onde será sempre a sócia majoritária. “O modelo de pool e seus leilões de energia estão sendo questionados pela Copel na Justiça porque resultaram em profundos prejuízos ao Estado”, disse Requião. “Nossa energia barata foi confiscada e justamente no momento que conservá-la para uso no Paraná seria um fator essencial para sustentar projetos de desenvolvimento social e econômico”, completou. O governador afirmou que o modelo concentrador para compra e venda de energia elétrica não estimula novos investimentos em geração pelo Estado e pela Copel, na medida em que a energia produzida deve ser vendida em leilão ao pool. “Não sou contrário à existência desse modelo, mas acho que suas regras deviam ser flexíveis o bastante para admitir as exceções representadas pelas empresas verticalizadas como a Copel, por exemplo, que não pode mais atender ao seu mercado com energia que ela mesma produz”, disse.