Pais e pedagogos estão entusiasmados com resultados obtidos com a minimulta, material educativo lançado pelo Departamento de Trânsito do Paraná (Detran/PR) para as blitze educativas do programa Mutirão pela Vida. As blitze acontecem em Curitiba desde setembro do ano passado e também em cidades como Londrina, Maringá, Cascavel e Foz do Iguaçu.
Durante a atividade, os alunos recebem blocos de minimultas para que possam fiscalizar e “punir” as condutas erradas de seus pais no trânsito. Para cada tipo de infração, o aluno aplica uma “multa”. Dependendo da gravidade, os pais são penalizados com o pagamento de uma bala, chiclete ou chocolate.
A microempresária Ana Lúcia De Mari Nunes afirma que o seu comportamento realmente mudou após a ação. “Sempre fui prudente, mas dirigir é automático. Na pressa, com tanta coisa na cabeça, a gente acaba esquecendo algumas coisas”, diz. As suas duas filhas, Gabriela e Giovanna, de 8 e 9 anos, estão sempre com os bloquinhos de multa na mão. Quando estão dentro do carro, ficam atentas a qualquer deslize da mãe.
O autônomo Erasto Costa Silva declara que também mudou e ficou mais atento às regras de segurança do trânsito depois que o filho começou a fiscalizá-lo. “Confesso que levei alguns puxões de orelha”, conta. Silva ficou surpreso com os conhecimentos que Alison, 9 anos, adquiriu a partir das blitze educativas.
Nem todos os pais ficaram satisfeitos com a minimulta. Alguns chegaram a comentar que dar um doce para a criança a cada conversão proibida não é um exemplo a ser seguido. Na opinião deles, o ato leva a criança a entender que, com um chocolate ele paga suas contravenções, sem que autoridade máxima fique sabendo.
A responsável pelas Escolas de Trânsito do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR), Maria Lúcia Kutianski, discorda dessa opinião. “Não é chantagem, nem corrupção”, afirma. Ela diz que os conceitos sobre as regras de trânsito são passados de maneira lúdica, de uma forma que a criança compreenda melhor.
Futuros condutores - Além do bloco de multas, os alunos recebem um jogo educativo. Uma cena de trânsito apresenta 13 erros, que as crianças e adolescentes corrigem com a aplicação de adesivos especiais. “Com a blitz educativa, estamos formando os futuros condutores do Paraná”, afirma o diretor geral do Detran/PR, Marcelo Almeida. A atividade também envolve blitz em uma rua da cidade, com distribuição de material e orientação a motoristas.
Além de buscar uma mudança no comportamento de condutores e pedestres no trânsito, o programa Mutirão Pela Vida está investindo na melhoria das condições das estradas e da sinalização das cidades, formação de técnicos de trânsito nos municípios do Estado e criação de um banco de dados estadual sobre acidentes de trânsito, para que o Paraná possa ter um diagnóstico fiel e preciso das causas dos acidentes.
O diretor geral do Detran/PR diz que, para o Mutirão Pela Vida funcionar adequadamente, é necessário o envolvimento de toda a sociedade. “A meta de reduzir o número de pessoas que morrem em acidentes todos os anos é ambiciosa e só será atingida se houver o comprometimento de todo o cidadão paranaense”, declara.