A Secretaria do Trabalho, Emprego e Promoção Social programou 415 turmas para a capacitação profissional de cerca de 7,1 mil trabalhadores desempregados de todo o Estado. A Secretaria é o órgão responsável pelos cursos de qualificação oferecidos com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). “Agora no final do ano foram liberados os recursos do FAT para a qualificação. Somados à contrapartida do Estado, temos um total de R$ 3,264 milhões para capacitar esses trabalhadores”, explica o secretário do Trabalho, Emprego e Promoção Social, Emerson Nerone. A maioria dos cursos oferece vale-transporte para os alunos, e alguns oferecem também o vale-alimentação. “Esses cursos são ações do Plano Nacional de Qualificação, que têm o objetivo de reinserir o trabalhador no mercado de trabalho, seja ele um jovem, um idoso, de classe média ou baixa. Para cumprir seu papel de reintegração do cidadão à sociedade, existem cursos que são ministrados dentro das penitenciárias do estado, para possibilitar que o egresso do sistema penal tenha uma capacitação para encarar o mundo aqui fora”, diz o secretário. Para desenvolver os cursos de qualificação, os recursos federais e do Estado, a Secretaria contrata entidades que são as executoras dos cursos. Essas executoras são responsáveis pela logística e acompanhamento de cada turma, escolhem o local onde acontecerão as aulas, contratam professores e divulgam as vagas do curso. Encanador há oito anos e morador do Bairro Prado Velho em Curitiba, Juvêncio Moreira, 46, ficou sabendo do cursos para Captação de Água dos Chuveiros e da Chuva por meio de um amigo, que também trabalha como encanador. “Eu sou autônomo, então tem dias que consigo trabalho, e tem dias que não consigo. Achei que seria uma boa oportunidade fazer um curso porque é difícil conseguir uma empreitada numa construção sem algum certificado. Só a experiência não conta sem o diploma de algum curso”, comenta Juvêncio, que participa do curso, ministrado no próprio bairro. O curso de Captação de Águas é um dos 415 cursos desenvolvidos no Paraná. “Os cursos não servem só para oferecer um certificado aos alunos, mas para ensinar realmente uma nova profissão, ou ampliar os conhecimentos de quem já trabalha na área. O governo oferece cursos de qualificação para ajudar a colocar no mercado de trabalho profissionais com capacidade para desenvolver um bom trabalho”, afirma Emerson Nerone. Enquanto Juvêncio e seu amigo aumentam seus conhecimentos na área de encanamento, Neuza M. de Oliveira Ribeiro aprende um novo ofício. Professora aposentada, com 65 anos, Neuza, moradora do Bairro Água Verde, tomou conhecimento do curso porque dava aulas pelo Programa Paraná Alfabetizado no bairro Prado Velho. “Eu já freqüentava a comunidade por causa dessas aulas. Daí ouvi falar do curso, e que depois que os alunos estivessem formados seria formada uma cooperativa. Resolvi me inscrever no curso para ajudar na cooperativa”, conta Neuza, única aluna do curso que não mora no bairro. “Não tenho dúvida de que esse sistema de captação de água irá gerar trabalho e renda para as pessoas aqui do Prado Velho”, argumenta Neuza, que confessou ter vontade de, um dia, ainda cursar Filosofia. “O importante é a gente gostar de aprender novas coisas e ter um sonho para buscar. O sonho do pessoal aqui do curso, no momento, é formar uma cooperativa e trabalhar”, completa Neuza. A equipe de profissionais que acompanham o curso de Captação de Água é formada por engenheiros, arquitetos, psicólogos, assistente social e professores. Sistema de Captação de Água – O Sistema de Captação de Água trata a água da chuva e reutiliza a água dos chuveiros. Desenvolvido pelo professor e pesquisador Luiz Campestrini, 94, o sistema permite que uma casa economize até 80% na conta de água, através da utilização da água das chuvas e da reutilização da água do banho para pias e descargas. “Os vasos sanitários utilizam cerca de 50% da água consumida em uma residência. Uma pessoa, durante o banho, gasta entre 40 e 50 litros. Através de cálculos, vemos que só com o reuso da água dos chuveiros a economia no consumo diário de uma casa seria de 33%”, aponta o idealizador do sistema. “Isso sem contar que toda a água captada passa por um conjunto de filtros e se torna potável para consumo humano”, afirma o professor Luiz. Os alunos do curso de Captação de Água já fizeram a primeira instalação do sistema em Curitiba. Outros sistemas já estão encomendados, e serão montados pela cooperativa formada pelos alunos.