Maior centro ferroviário gaúcho apóia criação da Ferrosul

Fórum Regional Ferroviário, em Santa Maria (RS), une lideranças em torno da Ferrosul
Publicação
09/10/2009 - 18:27
Editoria
O presidente da Ferroeste, Samuel Gomes, que se encontra no Rio Grande do Sul, onde coordenou quinta-feira (8) audiência pública de apresentação do estudo de viabilidade (1a fase) do novo ramal ligando o Paraná ao Oeste catarinense, em Nonoai, Norte do Estado, afirmou nesta sexta-feira (9), em Santa Maria, durante o I Fórum Regional Ferroviário, que o Brasil “necessita de um novo modelo ferroviário para recuperar o tempo perdido e dar um salto de qualidade no desenvolvimento sócio-econômico de grandes extensões produtoras do território nacional”. O evento foi realizado pela Comissão de Serviços Públicos da Assembléia Legislativa gaúcha, presidida pelo deputado Fabiano Pereira. Ao abordar o tema central do Fórum, a retomada das ferrovias públicas, Gomes lembrou a Carta de Nonoai, divulgada quinta-feira, que expressa a convicção dos participantes de “que monopólios privados no setor ferroviário são danosos à economia nacional”, depois de doze anos de privatização, “porque impõem preços de transporte desnecessária e excessivamente elevados aos produtores e não vinculam os seus objetivos de lucros astronômicos no curtíssimo prazo com as necessidades de desenvolvimento econômico e social do povo brasileiro”. De acordo com o documento redigido na audiência pública de Nonoai, “a malha ferroviária concedida em 1997, de 28 mil km, está hoje reduzida a pouco mais de 10 mil km efetivamente explorados. Regiões inteiras, que nasceram e se desenvolveram às margens das estradas de ferro, vêem-se hoje relegadas ao abandono e à desesperança”. Para o deputado estadual de Santa Catarina, Pedro Uczai, presidente da Frente Parlamentar em Defesa das Ferrovias, um dos signatários da Carta de Nonoai, “está mais do que na hora do Estado brasileiro investir em infra-estrutura com característica pública e estatal”. No caso das ferrovias, segundo ele, a privatização, que leva a redução da malha ferroviária, num país continental, “foi um crime de lesa-pátria”. “Para mim está claro”, disse o deputado catarinense, que a ferrovia “é um meio é não um fim que tem como único objetivo o lucro”. Segundo ele, a ferrovia pública “é mais eficiente, mais barata e a única que está preocupada com estratégias para fomentar o desenvolvimento econômico-social de todas as regiões do país”. Segundo o deputado estadual gaúcho Fabiano Pereira, o Fórum Regional Ferroviário de Santa Maria demonstrou a “unanimidade” existente entre lideranças políticas e econômicas da região em condenar o atual modelo privatista, “especialmente ao tratamento que a ALL dá aos municípios”. O próximo passo, no Rio Grande do Sul, segundo o deputado, será criar um movimento político em torno da criação de uma frente parlamentar em defesa da Ferrosul, proposta que ele pretende levar às assembléias dos três Estados do Sul e também do Mato Grosso do Sul, assim como aos governadores. O presidente da Trensurb (Trens Urbanos de Porto Alegre), Marco Arildo Prates, um dos participantes do Fórum, disse que “a proposta da Ferrosul cada vez mais vai ganhando adeptos”. Isso ficou claro, disse ele, pela motivação dos participantes de Santa Maria, “maior centro ferroviário do Rio Grande do Sul”, interessados no projeto de uma “ferrovia pública que possa atender não só a demanda econômica, mas também sociais”. FERROESTE A Carta de Nonoai, lembra Samuel Gomes, registra ainda a admiração dos gaúchos “pelo Estado do Paraná que, quando o Brasil caminhava a passos lentos e indecisos, teve a ousadia e visão estratégica de dar início à construção da ferrovia entre Guarapuava e Dourados, no Mato Grosso do Sul. É notável que, em parceria com o Exército Brasileiro, entre 1991 e 1994, o Paraná tenha investido, com recursos próprios, o equivalente a US$ 363 milhões na construção do primeiro trecho da ferrovia, entre Guarapuava e Cascavel. Hoje a obra está paga e em operação e se constitui na plataforma a partir da qual queremos integrar o interior do Sul do Brasil com os seus portos, com as demais regiões do País e com a América do Sul”. A Carta de Nonoai também apontou o esforço do Paraná em “protagonizar a luta pela integração ferroviária do Sul do Brasil e colocar a sua empresa, Ferroeste, como a base para o projeto grandioso do surgimento de uma empresa pública ferroviária da nossa Região, a Ferrosul, a ser constituída pelo aporte material, político e intelectual dos povos sul-mato-grossense, catarinense e gaúcho”. De acordo com o documento, “tal projeto institucional, generosamente ofertado pelo povo paranaense à Região Sul, é um raio de esperança para a reconstrução de um sistema ferroviário que impulsione a transformação da perversa matriz de transportes brasileira, hoje um verdadeiro entrave ao desenvolvimento econômico e social do País”.