Maestro Gianola prepara concerto para o projeto Teatro para o Povo neste domingo

Gianola, apesar de estar com a agenda lotada, aceitou o convite para mais uma apresentação. Esta será a terceira desde que chegou ao Brasil no dia 11. O primeiro concerto sob sua regência foi durante o show do flautista Altamiro Carrilho
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22/10/2008 - 17:03
Editoria
O maestro italiano Roberto Gianola prepara a Orquestra Sinfônica do Paraná para o próximo concerto de domingo (26), no Projeto Teatro para o Povo. Ele substitui o maestro alemão Peter Frank que não poderá estar no Brasil nesta data. Gianola, apesar de estar com a agenda lotada, aceitou o convite para mais uma apresentação. Esta será a terceira desde que chegou ao Brasil no dia 11. O primeiro concerto sob sua regência foi durante o show do flautista Altamiro Carrilho, no dia 16 e o segundo foi no domingo passado. Ele chegou à Curitiba vindo da Rússia, onde estava trabalhando e no próximo domingo, logo após o concerto estará embarcando para o México para mais um compromisso junto à grande orquestra da Cidade do México. Para o concerto de domingo, no Guairão que inicia às 10h30, ele incluiu no programa as obras: Sinfonia n. 04, Op. 36, de Piotr Ilich Tchaikovsky (1840 – 1893) e Sinfonia n. 08, Op.88, de Antonín Dvorák (1841- 1904), duas sobras de grande expressividade. O maestro Gianola, apesar ter somente 34 anos, já é conhecido internacionalmente pelo trabalho que faz como Diretor Musical do Nuovo Teatro delle Erbe, em Milão, e também como Diretor Artístico da Orchestra della Província di Lecco (Itália).Constantemente é convidado para acompanhar orquestras em diversos países como França, Alemanha, Tunísia, Marrocos, Holanda, México entre outros. A obra que abre o concerto deste domingo, a “Sinfonia no. 4, op. 36”, de P. I. Tchaikovsky é uma das composições dedicada, pelo compositor, à Nadezhda von Meck, de quem ele recebia ajuda financeira para realizar seu trabalho.Tchaikovsky escreveu uma carta à madame von Meck, em 1878, pela qual explicava a sua obra: “há na verdade um programa em minhas sinfonia, quero dizer, uma possibilidade de se explicar verbalmente o que ela busca expressar, e só à senhora eu posso e desejo indicar-lhe o significado, tanto no conjunto quanto no detalhe. O primeiro movimento representa o fatum (destino); o segundo movimento representa a melancolia que vivenciamos à tarde quando estamos sós, cansados depois de um dia de trabalho; o terceiro não expressa sentimentos definidos; e no quarto movimento se não encontramos nenhum motivo de regozijo em ti mesmo, olha para os outros e caminha entre o povo, vê como ele se diverte entregando-se a sentimentos alegres de forma indiscriminada. É o quadro de uma festa popular religiosa. O fatum é implacável e volta, reaparecendo em suas lembranças... Mas os outros não se importam com ele, eles nem se quer se voltaram para ele. Como são felizes os meus sentimentos, simples e espontâneos. Regozija-te com a alegria dos outros. Sempre se pode viver..." o tema desse final é uma canção russa bem conhecida Uma bétula erguia-se no campo. Esta sinfonia foi a primeira obra com tema cíclico, com a retomada do primeiro tema, que representa o fatum, em outros movimentos (no segundo e no quarto), repetindo o esquema em suas quinta e sexta sinfonias. Encerra o programa, a “Sinfonia no. 8, em sol maior, op. 88”, que foi escrita por Antonin Dvorák em homenagem à natureza. Possuí característica diferente das demais por estar composta em tonalidade de sol maior, pouco usual em uma sinfonia romântica, além da alternância das tonalidades maior e menor, muito apreciada pelo compositor. Foi escrita entre setembro e novembro de 1888, logo após Dvorák ter comprado uma fazenda perto da sua cidade natal, Vysoka, onde adorava ficar. A homenagem à natureza observa-se na expressiva e ampla da cantilena do violoncelo, do fagote, do clarinete e da trompa, que cedem lugar à flauta, com um tema leve e gracioso sugerindo gritos alegres de crianças e cantos de pássaros. A obra estreou no dia 2 de fevereiro de 1890, em Praga, sob a regência do autor que pretendia, com esta sinfonia, compor algo que fosse “diferente e com novas idéias”, algo que o afastasse do conservadorismo sinfônico.