Luz para Todos avança no Paraná

Novas ligações elétricas já chegam a cinco mil em todo o Estado e mudam o cotidiano de famílias e comunidades
Publicação
15/11/2005 - 06:00
Editoria
Esquentar água no fogão para o banho e depender da vela ou do lampião nas atividades noturnas estão se tornando coisas do passado para paranaenses moradores de áreas rurais. O programa Luz para Todos, executado no Estado pela Copel, já iniciou o atendimento em 313, dos 399 municípios paranaenses. Quase cinco mil famílias já tiveram a energia elétrica ligada gratuitamente pelo programa e outras 25.612 ligações estão em andamento. No domingo, foram inauguradas oficialmente as instalações elétricas no Assentamento 12 de Abril, no município de Bituruna, que beneficiam 216 consumidores. Foram instalados 715 postes, 197 transformadores e rede de 95 quilômetros. As obras custaram cerca de R$ 1,5 milhão e começaram a ser executadas em fevereiro. Na solenidade estiveram presentes os deputados Pedro Ivo e Selma Chons, alem do prefeito de Bituruna, Lauro Agostini, e representantes da Emater, Secretaria da Agricultura e Abastecimento, e Eletrosul. A Copel esteve representada por Paulo Sérgio Mitter, responsável pelo programa, pela empresa. Apesar de o Paraná ter a terceira área rural mais bem atendida do País, a Copel acredita que ainda haja famílias não cadastradas. “Nossas equipes de geoprocessamento e topografia estão fazendo uma varredura em busca dessas pessoas que ainda não contam com o serviço de energia”, conta o diretor de distribuição, Ronald Ravedutti, sobre o emprego da tecnologia de informações geoprocessadas para minimizar os custos e tornar mais ágil o atendimento numa mesma região. No município de Mato Rico, por exemplo, o número de famílias inscritas no programa saltou de 124 para 399, após a varredura da Copel. O programa é coordenado pelo Ministério de Minas e Energia e custeado em 80% pelo governo do Paraná e a Copel. Até 2006, os investimentos estaduais no programa passarão de R$ 150 milhões. “A Copel entende que a energia elétrica é um insumo básico para a vida das pessoas e não apenas mais um produto, por isso estamos empregando gente e tecnologia para agilizar o atendimento”, confirma Rubens Ghilardi, presidente da estatal. “A melhor empresa do setor na América Latina é também uma empresa que se preocupa com o bem-estar e a qualidade de vida dos paranaenses”. Fim da espera – Em Barra Bonita, distrito de Pitanga, a espera pela energia já acabou para muitas famílias, como a do agricultor Jacir Macedo de Almeida. Ele planta feijão na maior parte do lote onde mora com a mulher e dois filhos e está satisfeito com a economia que a energia elétrica trouxe: “a gente economiza querosene, pilha para o rádio, e o lote pegou mais valor”, diz ele. O dinheiro que sobra já está sendo investido em melhoria na casa, que em breve vai ganhar uma geladeira. Geladeira ligada também é novidade e ajuda os negócios na casa de Zilda Santos da Rocha, que fabrica queijo com o leite das 12 vacas criadas pelo pai. Segundo Zilda, o produto cura melhor na geladeira e já sai pronto para a venda. Há oito anos eles moram na zona rural de Campo Mourão e pela primeira vez Adalgísio Veneno da Rocha, pai de Zilda, pôde aposentar as velas e ler a bíblia à luz de uma lâmpada à noite. Antes, nem mesmo o lampião era utilizado pela família, por causa do custo do querosene. Mas, para Zilda, a principal vantagem da energia elétrica é outra. A mãe teve problemas de saúde por ter que carregar latas de água na cabeça e ela, que sofre de bronquite, tinha medo de agravar a doença exercendo a mesma atividade. Agora, também puderam tirar a mangueira dos animais de perto do córrego e trazê-la para mais perto de casa, para onde a água é bombeada. Geração –Samuel Ferreira da Rosa, com somente nove anos de idade, tem a resposta na ponta da língua, com relação às mudanças que vieram junto com a luz elétrica. “Agora está melhor, porque clareia tudo e dá para estudar à noite”, diz. Ele cursa a 3.ª série e mora com os pais e dois irmãos em um pequeno sítio de Barra Bonita. Antes de ser atendida pela Copel, a família tinha um “rabicho”, que mantinha ligados apenas uma lâmpada e o aparelho de rádio. “Agora a gente pode ter o que quiser e já construiu um potreiro para os porcos”, comemora a mãe de Samuel, Roseli da Rocha, grávida do quarto filho, e que agora passa a ter também um comprovante de endereço. A ligação de energia, antes orçada em R$ 5 mil, chegou há dois meses, de graça. A casa de Roseli é ponto de encontro para os vizinhos, à tarde. Todos eles receberam luz elétrica recentemente pelo programa Luz para Todos, como Rosa Svenar, que recebeu energia em casa pela primeira vez, em seus 63 anos de idade. A família agora trocou o consumo de dois litros de querosene e 20 velas todo mês pelas facilidades de um tanquinho elétrico para lavar as roupas e um congelador para guardar as carnes. BOX – Estimativa é de 36 mil ligações até 2007 A estimativa da Copel é de que 36.000 ligações sejam feitas pelo programa Luz para Todos até 2007. O plano amplia gradativamente o número de municípios que terão o atendimento gratuito. A meta nacional do programa é levar a energia elétrica a todos os brasileiros excluídos do serviço nas zonas rurais, cerca de 12 milhões de pessoas, até 2008, o que geraria 300 mil empregos decorrentes do desenvolvimento promovido pelo atendimento nessas regiões. O cadastro pode ser feito pelo morador rural ou um representante, através do telefone gratuito: 0800-643-7676, ou nas agências da Copel. A ligação é feita sem custos, e o morador recebe um kit com tomadas, bicos de luz e fiação interna. O programa atende apenas propriedades onde haja moradores e prioriza áreas de baixo IDH, assentamentos rurais e comunidades indígenas, além das famílias que já haviam sido cadastradas para o programa “Luz no Campo”.

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