O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador Roberto Requião inauguraram nesta sexta-feira (12) a primeira etapa das obras de ampliação e modernização da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, Região Metropolitana de Curitiba. A Repar receberá a maior parte dos recursos da Petrobras para modernização das plantas de refino do País — 5,4 bilhões de dólares, dos quais 2 bilhões de dólares já foram investidos.
Estão prontas a Unidade de Produção de Propeno, primeira planta petroquímica da Petrobras no Sul do País, o Centro Integrado de Controle, sistema de automação industrial que integra e centraliza as operações das unidades, o Centro de Treinamento de Combate a Incêndio, as subestações energéticas e unidades auxiliares e uma caldeira de vapor, usada nas unidades de processo e geração de energia elétrica.
“Essa usina é um exemplo de afirmação nacional, porque faz uso do petróleo brasileiro, com trabalhadores brasileiros e salário valorizado. É uma reação contra a visão do Brasil mercado, fortalecendo o Brasil Nação”, disse Requião, ao lembrar que o Brasil vive hoje uma contraposição de ideias de gestão do Estado. Segundo o governador, há os defensores do neoliberalismo, em que o mercado está à disposição do capital explorador; e os do Brasil nação, em que se valoriza o trabalhador e os produtos brasileiros.
“Temos a ideia que norteia o governo de Lula, a do Brasil nação, que tem como cimento agregador o amor e a solidariedade, que se consolida com o suor e o sangue do povo ao longo da história, o sangue da manutenção do território nacional. O Brasil nação tem história, quando o processo cultural se transforma nas cidades em processo civilizatório. Do outro lado, temos o capital que se suporta na precarização do trabalho e na redução do país a exportador de commodities, de petróleo, de minérios e de grãos. Um país de segunda classe, em que o mercado funciona movido apenas pelo desejo de lucro, da ganância”, criticou.
Para Requião, foi este a soberania dos mercados, com seu “capital vadio”, especulativo, o responsável pela crise econômica mundial. “(É preciso) valorizar o trabalho e o capital produtivo na construção de um Brasil nação, com um mercado interno forte que garanta emprego e salário decente. Não é mais possível que estejamos e continuemos com os olhos fechados para o que aconteceu no mundo. Foi a ganância das grandes empresas, do grande capital, que nos levou a crise”, disse.
O presidente Lula afirmou que os investimentos na Repar são fundamentais para melhorar a vida da população, garantir emprego e renda, promover o desenvolvimento da cidade e da região. Apenas para a primeira etapa das obras, quase 16 mil pessoas foram contratadas. “Essa obra é importante para o Brasil também pela quantidade de empregos que gera e vai gerar até junho, que pode chegar a 25 mil pessoas”, afirmou.
Lula também comentou o bloqueio de recursos para as obras (em dezembro), já que cinco dos seis empreendimentos que foram inaugurados foram considerados irregulares pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em 2009. Em janeiro, o presidente vetou a proibição e garantiu o repasse dos recursos. Segundo Lula, a medida garantiu 27 mil postos de trabalho no Paraná, Rio de Janeiro e Pernambuco, nas refinarias da Petrobras. Desses trabalhadores, 11 mil são da Repar.
“Tive a solidariedade de governadores e deputados da Comissão de Orçamento, que não permitiram que 27 mil trabalhadores fossem despedidos. Que se faça a investigação, que se apure, mas não vamos fazer com que o trabalhador fique desempregado porque alguém suspeita de que alguma coisa está acontecendo. Quando vi o olhar dessa ‘peãozada’, sinto orgulho porque não tem nada mais sagrado na vida de um homem do que ganhar, com o suor do seu sangue, o pão de cada dia. Tem muita gente que não quer compreender isso. Torcem para que as coisas não deem certo”, disse o presidente.
A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, lembrou que a Petrobras é uma das principais empregadoras do País, e que foi fundamental para que o País fosse o último a entrar e o primeiro a sair da crise econômica mundial. “Enquanto no resto do mundo o desemprego ao longo de 2008 foi uma grande praga, no Brasil conseguimos criar quase 1 milhão de novos postos de trabalho. Sem a decisão do governo federal e da Petrobras de manter investimentos, em vez de não recuar ante do que acontecia no mundo, não teríamos tido a condição de transformar essa crise num momento de luta e de oportunidades”, afirmou.
“Vemos agora os frutos disso, nos rostos dos trabalhadores, que tiveram os postos de trabalho mantidos, continuaram consumindo, e saímos melhor do que entramos na crise. No início da crise, tínhamos 205 bilhões dólares em reservas; hoje, são 241 bilhões de dólares”, acrescentou a ministra, ao citar algumas medidas do governo para conter a crise.
O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, falou da importância da obra para a economia da região. “Hoje, 15.946 pessoas trabalham na Repar, o que implica o movimento de 300 ônibus, de 20 ambulâncias à disposição dos funcionários, além de todo um conjunto de atividades de mobilização econômica, com um gigantesco impacto na economia regional e nacional. Esses trabalhadores comem, vestem, colocam suas crianças nas escolas, são consumidores, se divertem, e mobilizam a economia local”, explicou.
Do total de trabalhadores, quase 80% moram no Paraná, e mais da metade vive em Araucária. “Estamos viabilizando melhores condições de vida para muitos brasileiros.”
A REFINARIA – A Repar foi inaugurada há quase 33 anos, em maio de 1977. A planta começou refinando 20 milhões de metros cúbicos de petróleo importado por dia, para produzir gasolina. Com as mudanças na matriz energética nacional e no perfil da matéria prima e o aumento da demanda pelos derivados, o petróleo nacional passou a ser processado em maior quantidade. Hoje, a produção é de 32 milhões de metros cúbicos, ou 200 mil barris de petróleo por dia – o equivalente a 12% da produção nacional.
De acordo com o gerente-geral da Repar, João Adolfo Oderich, o diesel é um dos carros-chefes da produção da Repar — é responsável por 50% dos derivados de petróleo produzidos pela refinaria. Em seguida está a gasolina, com 24%.
As obras inauguradas nesta sexta-feira vão aumentar pouco a produção, que passará a ser de 220 mil barris por dia. O projeto visa modernizar a planta e adequá-la à futura nova legislação ambiental, explicou Oderich. “O possível aumento da demanda pelos produtos será distribuído entre as nove refinarias que estão sendo construidas no Brasil”, afirmou. Hoje, a Repar atende, além do Paraná, os estados de Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e parte de São Paulo. Também exporta para Paraguai, Bolívia e outros países da região.
Também participaram da cerimônia o vice-governador Orlando Pessuti, o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, o secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimermann, os senadores Flavio Arns e Osmar Dias, os deputados federais, André Vargas, Ângelo Vanhoni, Dr. Rosinha, Marcelo Almeida, Rodrigo Rocha Loures, Wilson Picler, André Zakarow, Hidekazu Takayama, além de secretários de Estado.
Lula e Requião inauguram obras de modernização da Repar, em Araucária
Repar receberá a maior parte dos recursos da Petrobras para modernização das plantas de refino do País
Publicação
12/03/2010 - 12:20
12/03/2010 - 12:20
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