Cerca de 850 pessoas de Campo Mourão foram beneficiadas pelo projeto de desfavelamento desenvolvido pela Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar). Em parceria com a Caixa Econômica Federal e a Prefeitura do município, o presidente da Cohapar, Rafael Greca, entregou nesta quinta-feira (8) as chaves de 170 casas para famílias pobres. Os investimentos foram de cerca de R$ 2 milhões. “O lucro social da Cohapar está traduzido aqui”, disse Greca.
“Estamos avançando em ritmo acelerado no desenvolvimento social pregado pelo governador Requião. Nosso lucro não é financeiro, mas social. Um dos frutos disso é a entrega destas 170 casas. Estamos proporcionando vida digna a famílias que viviam em situação de extrema pobreza, em barracos empilhados, com erosões provocadas pelas chuvas, onde crianças e lixo se misturavam. A Cohapar não é fábrica de dinheiro, fabricamos felicidade. O Paraná está muito adiante no avanço das políticas sociais, graças à visão do governador”, destacou o presidente da Cohapar.
As famílias vão morar nos Residenciais São Francisco de Assis, com 57 unidades, e Governador José Richa, com 113 casas. Com subsídios do Governo do Paraná e do Governo Federal, os novos conjuntos são destinados a famílias que recebem até um salário mínimo. Elas vão pagar prestações mensais de cerca de R$ 50 em até 72 parcelas.
O presidente da Cohapar lembra que as famílias que estão recebendo as casas em 2008 só vão quitar em 2014 o financiamento de R$ 3,6 mil, por uma casa que custa às famílias 70% menos que o preço de custo. “É preciso lembrar que as famílias têm 72 meses, ou até 2014, para quitar uma casa em prestações com valor médio de R$ 50. Além disso, quando entram na casa já estão incluídas nos programas sociais do Governo do Paraná - Luz Fraterna, da Copel, e Tarifa Social da Água, da Sanepar”, disse.
Para o prefeito Nelson Tureck, o momento é muito especial para quem recebe e para quem entrega as casas. “As famílias trocam uma situação de indignidade por uma qualidade de vida adequada. Hoje toda a sociedade de Campo Mourão comemora esta transformação, ao ver as famílias saírem de uma situação desumana, que humilhava a todos”, disse.
Tureck destacou que a parceria com o Governo do Estado tem promovido uma ampla justiça social e o resgate da cidadania de milhares de famílias, não apenas no setor habitacional. “Campo Mourão é hoje um verdadeiro canteiro de obras, graças às parcerias com o Governo do Estado e o Governo Federal, com investimentos que superam os R$ 15 milhões. Somos o segundo município do interior na geração de empregos e o sexto do Paraná. Nunca se investiu tanto neste Estado como nos últimos anos”, afirmou.
Num dos barracos da favela São Francisco vive há 10 anos Marili Nascimento dos Santos, 44 anos, mãe de 8 filhos. Separada, vivendo como catadora de papel e a ajuda do Bolsa Família do Governo Federal mais a cesta básica fornecida pela prefeitura, ela fala das dificuldades de viver ali. A casa, montada com tábuas remendadas, sem forro e divisórias de panos encobre os buracos e frestas entre as madeiras, além de pedaços de tapete e lonas plásticas que cobrem o chão batido. O banheiro, sem fossa, infiltra e contamina as minas d’água. “Nem acredito que vou ter uma casa de verdade. É uma benção poder sair daqui. É uma oportunidade única que estamos tendo de ter uma vida decente”, afirmou.
Para Maria Parnanguara, a situação é semelhante. Aos 38 anos, ela conta que trabalhou no corte de cana dos 12 aos 16 anos e que mora na favela há 30 anos. Hoje trabalha com o marido, Alexandre Clemente Santana, catando papel. Maria tem cinco filhos do primeiro casamento e conta com orgulho que usa o dinheiro do Bolsa Família para manter os filhos na escola. “Todos estudam, quero que eles tenham uma vida melhor”, disse. Maria se emociona ao falar da mudança: “Não tenho muita coisa para levar para a nova casa. Gosto muito de flores e quero fazer um jardim bem bonito. Esse vai ser o melhor presente do dia das Mães que já recebi em toda minha vida”.
Para dona Laurinda Ferreira da Costa Santos, esse foi um momento de grande felicidade. Aos 69 anos, com a bisneta Beatriz de três meses no colo, ela diz que nunca teve uma casa própria. Trabalhou na roça e como lavadeira. “Enquanto eu pude trabalhei muito, mas hoje já não tenho saúde”, disse. “Essa a primeira vez que tenho minha casa e o melhor é que as prestações são bem mais baratas que o aluguel. Com a economia será possível comprar mais alimentos e melhorar nossa vida”.
Em 2007 a Cohapar entregou 6.242 casas para famílias que têm renda mensal entre um e cinco salários mínimos. Mais 9.976 moradias estão em obras em 285 empreendimentos, totalizando 16.218 unidades habitacionais. Das casas em construção, 1.919 estão com cerca de 90% das obras executadas e poderão ser habitadas até junho deste ano. A estimativa é que 81.090 paranaenses estejam sendo beneficiados pelos programas habitacionais desenvolvidos pela Cohapar.