Pelo oitavo e último ano desses dois períodos de Governo, venho a esta Assembleia prestar contas aos paranaenses. Faço-o com o coração e a alma serenados, desoprimido. Tranqüilizo-me porque a palavra dada, os compromissos assumidos foram satisfeitos.
Na campanha de 2002, fizemos uma proposta de Governo muito clara, sem espaços a interpretações ou dúvidas: o pacto da opção preferencial pelos mais pobres, pelos trabalhadores, pelos pequenos, pelos que são a maioria dos paranaenses.
E assim foi feito.
Embora o espaço de sete anos seja um breve tempo para corrigir distorções de há tanto acumuladas, avançamos. Resolvemos tudo? Claro que não. Mas avançamos. Na verdade, progredimos bem além do que considerávamos possível, diante de uma realidade tão dura, como a que se via a partir das janelas do Palácio Iguaçu, no dia 1º de janeiro de 2003.
Rapidamente, apenas para estimular a memória das senhoras e dos senhores, o que tínhamos transpondo as portas do Palácio? Aliás, o próprio Palácio, com as suas gambiarras elétricas, infiltrações, tetos desabando, pisos soltos, cubículos que se amontoavam desordenadamente, móveis cambaios reproduzia o que estava lá fora.
Passado o tropel neoliberal, temos o Estado destruído, desmontado e não apenas diminuído. As ações do Estado não foram tolhidas somente na área econômica. Ele resignou, abandonou a primazia das políticas públicas. Todos aqueles pressupostos que remetiam à formação do Estado, tão longinquamente, foram estilhaçados.
O Estado distancia-se de responsabilidades na educação, saúde, saneamento, infra-estrutura, habitação, segurança, proteção à infância, à juventude, aos idosos, aos desvalidos. Assim, tínhamos no Paraná a entrega da empresa de saneamento ao sócio privado e minoritário, que não perde tempo em definir a busca do lucro como meta máxima. Contêm-se os investimentos considerados de baixo retorno financeiro, castigando-se os pequenos municípios, a área rural e os bairros pobres das grandes e médias cidades. Extingue-se a tarifa social da água.
Em conseqüência, recrudescem-se as doenças infecto-contagiosas. E, suprema vergonha, reaparece a cólera. Talvez nada mais simbólico dessa “modernidade”, desses “tempos venturosos” que o ressurgimento de uma doença medieval.
A nossa empresa de energia, a Copel, sem o concurso da qual não se escreve a história do Paraná contemporâneo, sofre um processo impiedoso de desmoralização, de desmanche, de endividamento, e fecha o ano de 2002 com um buraco de 320 milhões de reais.
A frustrada tentativa de venda da empresa e contratos absurdos, insensatos de compra e venda de energia quase a destroem.
O Banestado é repassado de graça ao Itaú. E foi-se pelo ralo o principal instrumento financeiro público de apoio à produção paranaense, especialmente para os pequenos e médios negócios industriais, comerciais e agropecuários.
Suspende-se a política de isenção ou diminuição de imposto para as micros e pequenas empresas, enquanto se premiam prodigamente os investimentos multinacionais, notadamente as montadoras de automóveis, o que levou um dos papas da globalização, Lester Turow, a indignar-se com tamanha desfaçatez. Segundo ele, qualquer primeiroanista de economia, vendo o mapa do mundo, perceberia que o caminho da sobrevivência das montadoras era o Sul do planeta, e que aqui elas se instalariam, sem que fosse necessário tirar o pão da boca dos mais pobres para atraí-las.
Ou alguém acha que os tantos bilhões que as montadoras receberam de benefícios não fizeram, não fazem falta aos paranaenses?
Some-se ao desmonte do Estado a adesão militante ao catecismo econômico neoliberal e temos um Paraná mais pobre. Elevam-se as taxas de desnutrição, de mortalidade materno-infantil, pioram os indicadores educacionais e de saúde, cai a oferta de empregos e encolhe-se a renda.
Os pobres tornaram-se invisíveis para o Estado, desapareceram de suas preocupações, de seus planos e obras. Não era mais papel do Estado cuidar deles. Deixassem-nos à conta do mercado, dos azares da vida, darwinisticamente.
Tomemos um dado. E peço a atenção das senhoras e dos senhores para este dado, porque ele resume de forma chocante aqueles tempos.
Vejam. De 1995 a 2002, nos oito anos do governo que nos antecedeu, foram criados no Paraná somente 37.882 empregos com carteira assinada. Pois bem, apenas no ano passado, um ano de crise intensa, de contração das atividades econômicas em todo os setores, o Paraná criou mais empregos com carteira assinada que naqueles oito anos. E nos sete anos de nossa administração foram criados 17 vezes mais empregos formais que nos tempos do deslumbramento com as montadoras.
Afinal o que é o emprego se não o passaporte para a cidadania, para a vida, para o pleno desfrute da condição humana? O que é o homem sem emprego, sem salário? A que ele se reduz?
(Um pequeno intervalo para uma recordação, afinal dizem que recordar é viver. Relembro-me de uma propaganda do Governo anterior, aquela propaganda repetida à exaustão, que dizia que as montadoras iriam criar 480 mil empregos no Paraná. Como foi possível que uma trapaça tão rasgada tenha ido ao ar?).
Tristes tempos em que os heróis eram os cortadores de cabeça, isto é, de vagas, em que a eficiência de um executivo media-se pela capacidade de enxugar as folhas de pagamento. Tristes tempos em que tínhamos como modelos de administradores públicos Carlos Menem, Alberto Fujimori, Ernesto Zedillo. Meu Deus!
Tristes tempos em que uma conhecida revista de economia brasileira escolheu como “um dos executivos mais cobiçados do país” o homem que, a seguir, leva a estatal paranaense de energia à insolvência e executa outras barbaridades.
Era este o cenário, quando assumimos, em janeiro de 2003. De lá até hoje, foram sete anos de trabalho duro, persistente. E eis os resultados.
Nesses sete anos, o Paraná consolidou-se como líder na geração de empregos formais, com carteira assinada. São mais de 646 mil e l38 novas vagas abertas.
Qual a mágica?
Não há mágica. O que houve foi a criação de um ambiente propício à produção e ao trabalho. Zeramos o imposto das micros empresas e reduzimos fortemente o imposto das pequenas. Hoje, 78 por cento das empresas paranaenses estão neste programa, e elas respondem por 83 por cento dos empregos em nosso Estado.
Para interiorizar os investimentos, o programa “Bom Emprego” dilata em até oito anos o recolhimento do ICMS. Quanto mais pobre o município a receber o empreendimento, maior o benefício fiscal. Esse programa já atraiu mais de três bilhões de reais de novos investimentos.
Combinadas essas ações, temos que a maior parte dos empregos criados no período foi no interior, desafogando a pressão sobre os grandes centros urbanos.
Emprego e solidariedade.
Ao mesmo tempo em que o Estado estimulava a criação de empregos e via aumentar o contingente de trabalhadores assalariados, estendia a mão amiga aos mais pobres, àqueles que a selvageria neoliberal havia jogado além da linha da exclusão.
Criamos o programa “Leite da Criança”, distribuindo um litro de leite por dia às crianças de famílias de menor renda. Mais de um milhão de crianças já foram atendidas.
O resultado desse programa é impressionante. Essa ação, combinada com outras, nas áreas do saneamento e da saúde, faz com que o Paraná seja o Estado onde há a maior queda da mortalidade infantil em todo o país.
A “Tarifa Social” da Sanepar possibilita aos mais pobres acesso à água e ao esgoto tratados, reduzindo os riscos da contaminação por falta de saneamento.
O programa “Luz Fraterna” fornece energia elétrica de graça para mais um milhão de paranaenses pobres. Não era possível entender, não é possível aceitar que se negue a alguém um benefício tão básico quanto uma lâmpada para dissipar a escuridão, uma tomada a que conectar eletrodomésticos ou um chuveiro quente no frio inverno paranaense.
O programa habitacional, entre construção de casas e regularização de lotes urbanos, beneficia cerca de 250 mil paranaenses que mais precisam de um teto onde viver. Realizamos na Região Metropolitana Curitiba, em Piraquara, no bairro do Guarituba, o maior programa de urbanização de favelas do país, dando boas condições de habitação para mais de 40 mil pessoas.
Enfim, trouxemos os pobres para o primeiro plano, revelamos a sua existência, e eles passaram a fazer parte dos planos e das ações do Governo.
Pois bem, como revela um estudo da Fundação Getúlio Vargas, o Paraná foi o estado brasileiro que mais reduziu os níveis de pobreza. Segundo a Fundação, com base na Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios, a PNAD, em 2003, no primeiro ano de nosso período de Governo, havia aqui 1 milhão e seiscentas mil pessoas vivendo abaixo do nível de pobreza. Em 2008, esse número havia caído pela metade, mesmo com o acréscimo de mais um milhão de pessoas no total de habitantes.
A redução da pobreza deu-se em todas as regiões do Estado. No interior, ela recuou de 16,8 por cento para 8,46 por cento. Em Curitiba, caiu de 10,5 para 3,92 por cento. Na Região Metropolitana, caiu de l8,7 por cento para 9,09 por cento.
Estudos da Federação das Indústrias do Paraná, a Fiep, com base em números do IBGE, também chegam a estatísticas muito próximas às acima.
Segundo ainda o IBGE, o rendimento médio dos paranaenses saltou de 321 reais, em l998, para 810 reais, em 2008. Descontada a inflação do período, um aumento real de 57 por cento.
Em uma entrevista à “Gazeta do Povo”, o economista Marcelo Néri, coordenador do Centro de Pesquisas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, declarou que o Paraná “está 25 anos na frente do Brasil na redução da pobreza”.
Por que? Porque saímos do mero assistencialismo para ações consistentes de promoção humana, de formação. E combinamos essas iniciativas com a criação de empregos, com uma política fiscal que estimula a produção, com o apoio à agricultura, especialmente à pequena propriedade rural, com fortes investimentos em saúde e educação.
Até mesmo a política do Provopar mudou. Continua com a assistência social, é verdade, mas adotou um trabalho vitorioso de educação, de capacitação profissional, de geração de rendas.
Citaria ainda dois outros índices, para que os incréus tenham mais informações e façam adequadamente o teste de São Tomé. Se é que eles desejam acreditar em alguma coisa.
Segundo o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal, um índice criado pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, o Paraná é o segundo estado que mais se desenvolveu nos últimos anos. O Índice Firjan toma como indicadores emprego e renda, saúde e educação.
Já o Índice Ipardes de Desempenho Municipal, levando em conta os mesmos indicadores, também constata uma melhora sensível das condições de vida no chamado Centro Expandido, região paranaense menos desenvolvida, de menor IDH. Pela primeira vez em décadas, vêem-se aí avanços na escolaridade, na nutrição, na diminuição da mortalidade materno-infantil, no emprego e na renda.
Aquela mancha sombria no mapa do Paraná, cobrindo a região central do Estado, revelando quase uma centena de municípios com Índice de Desenvolvimento Humano abaixo da média nacional, sofreu um recuo extraordinário. Poucas coisas orgulham-me tanto, quanto ter contribuído para fazer a pobreza retroceder no Centro Expandido.
Para arrematar, e satisfazer àqueles que sempre querem nos ver no espelho com os catarinenses e gaúchos, vai esta informação: conforme o Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade – IETS -, uma das mais respeitadas instituições brasileiras na área social e do trabalho, o Paraná foi o estado do Sul que mais diminuiu a pobreza nos últimos sete anos, e o que mais avançou no combate ao analfabetismo, o que mais gerou empregos, e cujo PIB mais cresceu, e cuja renda per capita mais avançou.
A instituição do salário mínimo regional foi outro instrumento importante para elevar o ganho médio do trabalhador paranaense e combater a pobreza. Perto de 800 mil trabalhadores são beneficiados pelo o que é hoje o maior salário regional do país.
Segundo o Dieese, o novo valor do piso que passará a valer em maio, com a aprovação desta Assembleia, deverá ter um impacto de mais de 700 milhões de reais em nossa economia, apenas no mercado formal e direto.
Isso quer dizer mais consumo, mais produção, melhor qualidade de vida para os trabalhadores. E ainda há os que são contra o salário mínimo. Saudades da escravidão?
Uma estatística recorrente, e de tal forma repetitiva que parecia inevitável, apontava todos os anos, a diminuição do número de pequenas propriedades rurais no Paraná. Encolhimento da agricultura familiar, mais gente na periferia das cidades.
Aceitamos o desafio de mudar isso também. E vencemos o desafio. Em 2008, pela primeira vez em décadas, o Paraná deixou de perder pequenas propriedades e viu aumentar o número delas.
Sob o modo de governar neoliberal, assim como os pobres, também a pequena propriedade rural era invisível, ainda que delas viesse quase tudo o que se põe à nossa mesa, diariamente.
Invertemos a equação. A prioridade passou a ser a agricultura familiar. Afinal, das 374 mil propriedades rurais no Paraná, 340 mil são pequenas propriedades, abrigando mais de um milhão de pessoas.
Assim, criamos o Fundo de Aval, para garantir o financiamento à pequena propriedade. Como não tinha as garantias que os bancos exigiam, o agricultor não conseguia empréstimo. Isso mudou. Agora é o próprio Estado que dá o aval para o financiamento. Já garantimos mais de 80 milhões de reais para os nossos pequenos produtores.
O programa “Trator Solidário” está provocando uma grande transformação em nossa agricultura. Estamos chegando a cinco mil tratores, financiados a preços bem inferiores aos do mercado e com prazo de até dez anos para pagar.
E, mais recentemente, num acordo com indústrias chinesas, estaremos podendo oferecer um trator de 50 cavalos, traçado, 16 marchas para a frente, quatro para trás, ao preço de R$ 34 mil financiados em 10 anos, com 2 anos de carência para pagar.
A mecanização da pequena propriedade muda o perfil da agricultura familiar. Aumenta a produção, ganha-se em produtividade, cresce a renda da família, eleva-se o padrão de vida e de consumo.
A Irrigação Noturna é um outro programa que está fazendo avançar a nossa agricultura. Visitei várias propriedades que aderiram ao programa e fiquei impressionado com os ganhos em produtividade.
Com assistência técnica, crédito, mecanização, custeio de safras, sementes, obras de infra-estrutura, boas estradas e mercado para os seus produtos, a pequena agricultura paranaense vive um magnífico período de desenvolvimento.
O que mais faz o desenvolvimento? O que mais muda a vida das pessoas, reduz a pobreza, transforma a realidade em que se vive?
A educação faz o desenvolvimento.
Também aqui temos ótimas notícias.
A Fiep, a Firjan, a Fundação Getúlio Vargas, o Ipea, o Ipardes, o IBGE, seja qual a entidade ou instituto de pesquisa que examine os dados da evolução recente do Paraná, dá um grande destaque aos números da educação, aos avanços nessa área.
De fato, deixamos aquele discurso altissonante, pomposo sobre a importância da educação para o desenvolvimento, e fizemos da educação pública paranaense uma referência nacional. Na forma e no conteúdo.
Acredito que o Paraná seja o único estado brasileiro que destine 30 por cento de seu orçamento à educação. Todas as duas mil escolas da rede pública têm laboratórios de informática e estão conectadas à internet. As 22 mil salas de aulas estão equipadas com televisão multimídia, possibilitando avanços incríveis na transmissão de conteúdo.
Para que nenhuma criança ficasse fora da sala de aula, construímos 58 novas escolas, reformamos e ampliamos milhares de salas de aulas, abrindo l50 mil novas vagas.
Destaque para a escola que inaugurei na semana passada. A Escola Antônio dos Três Reis de Oliveira. A segunda maior escola do Paraná. Uma homenagem a um estudante de Apucarana idealista, guerreiro pelos seus ideais, assassinado pela ditadura em São Paulo. Que a memória e o idealismo de Antônio dos Três Reis de Oliveira se perpetuem com a existência desta escola, ao tempo em que o estado prepara a sua biografia para que faça parte da biblioteca da escola e de todas as bibliotecas públicas e bibliotecas escolares do estado do Paraná.
Criamos o Livro Didático Público e já distribuímos, gratuitamente, mais de oito milhões de volumes. Os livros são de altíssima qualidade e representam um gasto a menos para as famílias. Compramos 1.100 ônibus para o transporte escolar de alunos da área rural. Não se conhece esforço semelhante no Brasil, para facilitar o acesso das crianças à escola.
Através de concursos públicos, dobramos o quadro próprio do magistério. Instituímos o Plano de Cargos e Salários e, desde 2003, demos aumentos salariais diferenciados para os professores. Os professores em início de carreira, por exemplo, tiveram aumento de 147 por cento.
Criamos o PDE, Programa de Desenvolvimento Educacional, um programa de formação continuada de professores inédito no Brasil. O PDE retira o professor da sala de aula por dois anos, para que ele volte à Universidade, recicle-se, aprenda mais e possa ensinar melhor.
Retomamos o ensino profissionalizante. São quase 80 mil alunos matriculados em 40 cursos técnicos. Reativamos 12 Colégios Agrícolas e criamos outros sete. Recuperamos as Casas Familiares Rurais. São mais de cinco mil jovens filhos de agricultores aprendendo lidar com a terra, absorvendo novas tecnologias.
Ainda hoje, iniciei as tratativas para que o Governo do Estado do Paraná custeie a vinda de um grupo de jovens haitianos que irão, a exemplo dos paraguaios, frequentar as nossas escolas agrícolas ate completarem o seu currículo às expensas do Governo e do povo do Paraná.
Atividades culturais e esportivas foram incorporadas ao currículo escolar, como o Festival de Arte da Rede Estudantil, o Fera, o Com Ciência e a retomada dos Jogos Colegiais.
Da mesma forma que nunca entendi por que, em um estado agrícola como o nosso, desativaram os Colégios Agrícolas, nunca consegui atinar por que acabaram com os Jogos Colegiais. São às vezes insondáveis as razões dos neoliberais e de seus aprendizes de feiticeiros. Jogos? Por que acabar até com os Jogos Colegiais?
Esse conjunto de investimentos e iniciativas faz da escola pública paranaense uma das melhores do país. A qualidade do ensino é comprovada pelas notas que os nossos alunos obtém no Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, e no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, o IDEB. No Enem estamos entre os cinco primeiros lugares do Brasil. No IDEB, obtivemos o melhor índice do país nas séries iniciais do ensino fundamental.
Registre-se ainda que mais de 60 por cento dos aprovados nos exames vestibulares da Universidade Federal e nas Universidades Estaduais são originários da escola pública.
Por outro lado, o Paraná é hoje o estado que mais investe no ensino público superior. São seis universidades, sete faculdades, 85 mil alunos, mais de sete mil professores e nove mil técnicos.
Além da excelente qualidade de ensino, nossas escolas superiores são escolas vivas, integradas à realidade que as cercam. O programa “Universidade sem Fronteiras”, por exemplo, é o maior programa de extensão universitária do país. Reunindo milhares de bolsistas, alunos, profissionais recém-formados, professores e técnicos, desenvolve projetos nas áreas da agricultura familiar, tecnologia, pecuária leiteira, agroecologia. O programa está presente em 280 municípios paranaenses, com atenção especial aos municípios de menor IDH.
Desenvolvimento, redução da pobreza, governar para a maioria é também saúde. É uma rede de assistência à saúde que atenda adequadamente a população que depende do SUS.
Aqui também ótimas notícias. Quer em relação aos indicadores quer em relação à estrutura de atendimento.
No primeiro discurso nesta Assembleia, em 2003, dizia que o melhor hospital à época era a ambulância que transportava os doentes do interior para serem atendidos na capital.
Hoje, a regionalização do atendimento à saúde é realidade. São 44 hospitais, reformados, ampliados ou construídos. Em toda parte do Paraná. Hospitais magníficos como o Centro de Queimados de Londrina, o Hospital da Criança de Campo Largo, os Hospitais Regionais de Paranavaí, de Francisco Beltrão, de Ponta Grossa, de Paranaguá, o Centro de Reabilitação de Curitiba, o Hospital Municipal de Araucária. Os Hospitais da Zona Norte e da Zona Sul, também em Londrina.
Hospitais bem equipados, modernos e que oferecem para os pacientes do SUS a mesma assistência que se vê na rede privada.
Um bom exemplo do sucesso da regionalização da saúde está aqui: desde o início da “Operação Verão”, dos 40 mil atendimentos que o Hospital Regional do Litoral deu, somente 50 pacientes foram encaminhados para outros hospitais, assim mesmo por opção deles, por causa de seus planos de saúde.
Para oferecer às mães e aos seus filhos o cuidado que precisam, estamos instalando em todo o Paraná 347 Centros de Saúde da Mulher e da Criança. Equipados com o que existe de melhor para cuidar da saúde da gestante, da mãe e do recém-nascido, os Centros estão localizados especialmente nos municípios de menor IDH e nos bairros pobres das cidades. Eles têm ainda um gabinete odontológico a serviço das mães.
Saneamento também é saúde.
Nunca se investiu tanto em saneamento básico no Paraná como nesses últimos sete anos. São mais de 3 bilhões e 400 milhões de reais, em mil obras de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos. Mais 300 obras estão em andamento, em processo de licitação ou recebendo ordem de serviço. São mais 1 bilhão e 360 milhões de reais.
Assim, o Paraná deve se posicionar como o estado brasileiro com os melhores índices de tratamento de água e de esgoto. Isso é saúde. Afinal, nunca é demais lembrar que as doenças infecto-contagiosas, por falta de água e esgotos tratados, são ainda as que mais demandam o SUS.
Desenvolvimento, combate à pobreza, governar para a maioria são obras de infra-estrutura. Energia, estradas, portos.
Aquele executivo mais cobiçado do Brasil nos repassou a Copel com um rombo de 320 milhões de reais e contratos de compra de energia rigorosamente impagáveis. Não havia saída a não ser renegociar os contratos. Ou isso ou a quebra da empresa.
Até hoje ainda ecoam aos ouvidos e cutucam a memória os discursos furiosos, os comentários arrebatados, os artigos e editoriais veementes contra a renegociação dos contratos. Criaram até mesmo um índice, o “risco Requião”.
O mais interessante é que, do outro lado da mesa, os espanhóis e norte-americanos, com quem a Copel mantinha os contratos, revelaram-se bem mais acessíveis aos nossos argumentos. Como se vê, a sabujice é uma obscenidade.
De novo em pé, a Copel volta a ser o que sempre fora: a melhor empresa de energia do Brasil. Mesmo com a menor tarifa de energia elétrica do país, mesmo fornecendo luz de graça para um milhão de paranaenses, a Copel é a mais lucrativa. Saímos de um rombo de 320 milhões, em 2002, para um fantástico lucro de mais de 1 bilhão, em 2009.
Desde de 2003, a Copel já investiu mais de 4 bilhões e 500 milhões de reais em novas usinas, linhas de transmissão, subestações, fibras óticas, modernização de equipamentos.
O que seria o Paraná sem a Copel?
Quando assumimos, afora as estradas pedagiadas do chamado “anel da integração”, as rodovias paranaenses estavam destruídas. Com investimentos de 1 bilhão e 500 milhões de reais, recuperamos, pavimentamos e duplicamos mais de oito mil quilômetros de estradas. Sem pedágio. Estamos destinando agora mais 335 milhões de reais para obras de conservação dessas estradas.
Para facilitar o escoamento da produção, o tráfego de veículos e dos ônibus escolares, criamos as “Patrulhas Rodoviárias”, que já recuperaram milhares de quilômetros de estradas municipais em todo o Paraná.
Em poucos setores da administração enfrentamos uma batalha tão dura quanto à do Porto de Paranaguá. Contrapondo aos interesses dos que queriam (e ainda querem) privatizar o porto, resgatamos o conceito de porto público e alcançamos níveis internacionais de qualidade e produtividade.
O Porto de Paranaguá é hoje o maior porto de granéis sólidos da América Latina. O segundo maior porto multicargas do Brasil, também o segundo na movimentação de contêineres e veículos. E o primeiro na exportação de congelados.
No ano que passou, a participação do porto no saldo da balança comercial brasileira pulou de 17,3 por cento para 24,9 por cento, o melhor desempenho entre os principais portos do país. A receita cambial, a receita com as exportações, chegou a 12 bilhões e 500 milhões de dólares, o dobro da receita apurada no último ano do governo que me antecedeu. O governo que queria privatiza-lo porque ele era ineficiente. Segundo diziam, pelo menos.
Desenvolvimento, redução da pobreza, diminuição das desigualdades se faz também melhorando a vida nas cidades, lá onde as pessoas nascem, vivem, casam, têm os filhos. Ninguém pode ser forçado a abandonar seu local de origem por falta de boas condições de se viver.
Nunca se investiu tanto em obras e ações de melhoria da vida nas cidades como agora. São perto de três bilhões de reais e cinco mil e seiscentas obras como creches, escolas, hospitais, ginásios de esportes, terminais rodoviários e urbanos, parques, praças, postos de saúde, quadras cobertas, recuperação de ruas, viadutos, passarelas, barracões industriais. Além de quinhentas ações como a elaboração de planos diretores para os municípios paranaenses. O Paraná é, hoje, o estado em que praticamente a unanimidade dos municípios têm planos diretores ordenando o seu crescimento e evitando o caos urbano do futuro não planejado.
Na área da Secretaria de Obras são outras seis mil obras, sendo cinco mil e quinhentas já entregues e setecentas em andamento.
Em Curitiba e Região Metropolitana, para garantir rapidez e segurança aos usuários do transporte coletivo, estamos ampliando e prolongando ruas, duplicando rodovias e avenidas, construindo viadutos, trincheiras, terminais de ônibus. É a maior intervenção que se fez até hoje na região para melhorar o transporte público e a circulação viária.
Uma das áreas mais sensíveis da atuação do Estado é a área da segurança. Também aqui um trabalho duro de reorganização, reequipamento e revalorização das polícias Civil e Militar.
Investimos em novas tecnologias e em inteligência, como o geoprocessamento do crime, renovamos a frota, compramos armas mais modernas, contratamos mais policiais, melhoramos os salários.
Criamos a Patrulha Escolar, o Projeto Povo, a Patrulha Rural, a Força Samurai, para combater o tráfico de drogas, a Força Alfa, para garantir a segurança em nossas fronteiras. O número de cidades atendidas pelo Corpo de Bombeiros triplicou, com a criação do Bombeiro Comunitário.
Um parênteses. Nós tivemos duas tragédias no Paraná. Uma delas, uma rebelião na penitenciária de Piraquara, que resultou no assassinato de seis presos, um deles tendo a cabeça decepada e exposta à mídia numa bandeja. E a outra tragédia com a fuga de um preso do Centro de Triagem II, administrado pela Secretaria de Segurança.
O Sindicato dos Agentes Penitenciários insiste, com alguns apoios políticos absolutamente irrefletidos, em conseguir uma jornada de trabalho extremamente privilegiada. Eles querem trabalhar oito dias por semana. Na verdade, jamais serão oito, porque há um descanso estatutário. Serão 7 dias, e 23 dias de descanso. Isto é rigorosamente impossível. Nós temos, hoje, um agente para 4,3 presos. A situação é, seguramente, a melhor do Brasil.
Nós estamos entregando, nesse nosso período de governo, 15 novas penitenciárias. Amanhã, provavelmente, se o tempo me permitir, darei a ordem de serviço da nova penitenciária de Cruzeiro do Oeste. E estamos construindo uma penitenciária semi-aberta em Maringá.
Mas agentes penitenciários, ao que tudo indica ligados ao Primeiro Comando da Capital, o PCC, fomentaram a rebelião, misturaram presos de facções diferentes e abriram as portas. O resultado foi terrível. Mas esse resultado terrível, que deveria ter unido a comunidade civil do Paraná, deveria ter unido parlamentares, a imprensa, porque havia risco à comunidade paranaense, à comunidade metropolitana. Em vez disso, passaram a tentar atacar o governo e a criar o mito da irresponsabilidade das autoridades que gerem o sistema.
Determinei a abertura de uma sindicância. E agora, aos senhores que defenderam a barbaridade, a notícia. Hoje de manhã, tivemos 11 pessoas presas. O chefe e o subchefe de segurança de Piraquara, ao que tudo indica, pelos depoimentos prestados à polícia, estavam filiados ao Comando Vermelho. Assim, provocaram a greve para tomar conta da penitenciária e abalar a estrutura do Paraná. E o preso que fugiu do Centro de Triagem teve o cadeado da cela aberto pelos agentes de plantão. Ali, já determinei a demissão de todos, porque são cargos comissionados. E agora, em Piraquara, há um inquérito administrativo complementando o inquérito policial.
Quero fazer um apelo ao presidente de nosso Tribunal de Justiça, Carlos Hoffman, que nos honra com a sua presença. Há algum tempo, descobrimos que seis agentes penitenciários de Guarapuava tramavam o sequestro e o assassinato da juíza de Guarapuava. O secretário de Justiça os demitiu. Rapidamente, eles foram reintegrados, por uma liminar de um desembargador, embora houvesse uma ameaça à vida de uma juíza. Que isto não aconteça mais no Paraná. Ou chegamos à conclusão de que temos que mudar a legislação.
Eu sou absolutamente contrário ao excesso dos cargos em comissão no Estado. Eles têm que ser reduzidos. Mas temos que acabar com a dificuldade de pôr na rua funcionário que não trabalha. Menos cargo em comissão, mas que o governo tenha capacidade de tirar quem não trabalha, quem atrapalha a administração, principalmente no setor penal. E esta posição está sendo assumida nacionalmente. E conversamos sobre ela com o nosso partido.
Desenvolvimento, diminuição das desigualdades, melhoria da vida é cultura. Duas citações apenas. De um lado as Bibliotecas Cidadãs, distribuindo livros e acesso à internet a 300 municípios. Desconheço um outro programa semelhante de construção de bibliotecas como o nosso. A distribuição de livros, “livros às mãos cheias”, é a certeza de uma sociedade mais sábia, livre, mais desenvolvida.
De outro lado, o Museu Oscar Niemeyer, que fechou o ano passado com mais de um milhão de visitantes. Hoje, o MON é uma referência em museu, tanto no país como no exterior. Ele não apenas rompeu com a dualidade Rio-São Paulo como se incluiu no roteiro internacional das grandes exposições.
Senhoras e senhores deputados, este é um breve balanço das ações do Governo nesses últimos sete anos voltadas ao cumprimento do nosso compromisso de administrar para a maioria dos paranaenses, especialmente para os mais pobres. E o compromisso de desenvolver o Paraná, fazendo o nosso estado um bom lugar para se viver.
No entanto, nada disso seria possível se não tivéssemos recuperado também a estrutura administrativa do Estado. Os neoliberais e seus inexpertos locais levaram a ferro e fogo o propósito do Estado mínimo, desarticulando, desmontando a administração estadual.
O Paraná recuperou a sua capacidade de planejar, de pensar, de formular, de executar. Recompomos os quadros próprios, voltamos a fazer concursos públicos, estabelecemos uma política de recuperação salarial e de promoção dos funcionários.
Recompusemos as finanças, cortamos os desperdícios, cancelamos contratos lesivos ao interesse público, como os incríveis e milionários contratos de informática, disciplinamos as concorrências, estabelecemos o registro de preços, acabamos com a farra das terceirizações, das locações.
Informatizamos o Estado. Processos e serviços são agora mais rápidos e acessíveis, como a confecção de documentos, guias para pagamentos, marcação de consultas, e até mesmo vaga de emprego pelo celular.
A informática e a internet são ainda instrumentos para se impor a absoluta, total transparência da administração, com o Portal do Dinheiro Público, o Pregão Eletrônico, os salários dos servidores. Nada se esconde, tudo se revela.
As nossas estatais, como a Copel e a Sanepar, foram transformadas em empresas sólidas, eficientes. Não bastava impedir que fossem privatizadas, era preciso fazer delas empresas modelos para as próprias empresas privadas. E elas o são.
Senhoras e senhores deputados, iniciamos o nosso último ano de Governo ainda sob o signo da crise financeira mundial. Na verdade, teríamos feito muito mais no ano passado e faríamos ainda mais neste ano se a crise não nos tivesse obrigado a andar mais devagar.
Ao contrário de muita gente que solta rojões comemorando o fim da crise, não sou tão otimista. Afinal, as raízes da crise não foram removidas. Em um primeiro momento, sob o impacto da quebradeira mundial, falou-se em por freios no capital financeiro, esse capital vadio que percorre a terra à busca de ganhos fáceis e instantâneos. Mas, logo a seguir, vimos desapertarem o cerco sobre os especuladores, sobre s banca.
Pior ainda. Agora em Davos, no Fórum Econômico Mundial, representantes da jogatina financeira alertaram, com indisfarçável tom de ameaça, os governantes para que deixem de lado a regulação do mercado. Segundo eles, as sanções vão dificultar a saída da recessão.
Essa parece ser a posição vencedora. Nada de controle e, caso haja, que seja frouxa.
Como então ser otimista se a especulação vai continuar sobrepondo à produção? Como ser otimista se o Banco Central do Brasil, o Brasil por conseqüência, insiste em manter a nossa economia atrelada à especulação?
Nós estamos recebendo dólares do mundo inteiro. Nos Estados Unidos, hoje, o juro é 0,20% do capital investido. Os dólares americanos vêm para o Brasil e são convertidos em real pelo Banco Central. O Banco Central aplica esses reais para os investidores americanos a 8,75% ao ano. E o dólar que remanesce como reserva cambial é aplicado em títulos do tesouro norte-americano a 0,20% ao ano. Qualquer prefeito do interior que fizesse essa barbaridade seria, sem a menor sombra de dúvida, preso. Mas não é só isso. Nós temos a taxa Selic a 8,75%. Mas títulos brasileiros são colocados no mercado pelo dobro deste valor. E novamente os dólares são convertidos em real, e os dólares que remanescem são aplicados em títulos do tesouro americano. Isto, seguramente, não é caminho de saída.
Não sou otimista com a economia brasileira atrelada à especulação. Não sou otimista com figuras como Meireles presidindo o Banco Central. Quem era o Meireles antes de ser presidente do Banco Central? Pasmem os senhores.
Nada se divulga, a imprensa silencia. O Meireles era presidente da Associação de Bancos Internacionais no Brasil. O Meireles, isto talvez vocês saibam, era presidente do Banco de Boston. O Banco de Boston investiu, na época do real, 100 milhões de dólares no país. E na época da crise, saiu com 4 bilhões e meio de dólares. O Meireles foi um dos mentores, senão o principal mentor do ministro Cavalo, da economia Argentina, que foi o Cavalo que colocou a Argentina numa trágica situação, que nós conhecemos e acompanhamos.
Em relação ao Paraná, no entanto, é grande o meu otimismo.
Estamos no caminho certo. Estamos fazendo um bom Governo. Esses avanços todos, toda essa política que combina redução da pobreza, criação de empregos e aumento da produção, essa política que entende desenvolvimento como sinônimo de distribuição de rendas e de oportunidades, de diminuição das desigualdades, isso tudo não pode acabar.
Jamais retroceder. Todos os sacrifícios, todos os investimentos desses últimos anos não podem ser pulverizados por aqueles que já deram provas suficientes de que, fundamentalmente, não gostam dos pobres.