O Paraná desenvolveu uma inovação tecnológica de ponta, pensada na medida certa para o conforto e praticidade dos consumidores. Os técnicos e pesquisadores do Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec) criaram um sistema de fornecimento de gás para uso doméstico totalmente automatizado, que libera o produto por meio de um cartão magnético. A tecnologia, batizada de Medidor de Gás Pré-Pago (MGPP) é inédita no Brasil e recebeu um laboratório exclusivo para os testes de funcionamento do aparelho. A inauguração aconteceu nessa sexta-feira (14). As instalações foram montadas no Laboratório de Emissões Veiculares (Leme), junto ao Lactec, em Curitiba. Essa nova unidade vai possibilitar a pesquisa do uso do novo sistema em condomínios e conjuntos habitacionais, principalmente aqueles das classes mais baixas, público alvo dessa tecnologia. O novo laboratório vai servir também para todos os estudos de vazão de gás necessários para outros projetos. Ele é primeiro no Paraná para estudos desse tipo e o único do Brasil independente em classe residencial. O diretor-superintendente do Lactec, Aldair Rizzi, inaugurou o novo laboratório e listou as utilidades que a unidade terá para pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias. “Esse novo laboratório vai possibilitar projetos que se estendem direto à comunidade, trazendo benefícios muito grandes à sociedade. Esse é o papel do instituto: tecnologia a serviço da população”, afirma. De acordo com Rizzi, o Lactec vai acompanhar e monitorar as instalações da nova tecnologia em todo o país. “Para que isso ocorra é preciso que as empresas produzam o equipamento em larga escala. Muitas empresas já entraram em contato com o instituto para lançar o produto no mercado”, afirma Rizzi. Ele lembra que o Medidor de Gás foi produzido inteiramente no Paraná. “Essa é uma tecnologia genuinamente nacional, genuinamente paranaense e genuinamente ‘lactequiana’. É o resultado dos investimentos do Governo do Estado, provando que é possível inovar e estar à frente com tecnologias que atendem à população”, disse. Participaram da inauguração do laboratório o secretário de Estado da Comunicação, Airton Pisseti, representando o governador Roberto Requião; o gerente de tecnologia de gás da Petrobrás, Lúcio Cezar Oliveira; e o diretor técnico comercial da Compagas, Aloísio Xavier Lopes. A construção dos novos laboratórios é o resultado de acordos do Lactec com parceiros que ajudaram no desenvolvimento do protótipo, como a Petrobrás, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), a Companhia de Gás do Paraná (Compagas), da Rede Gás Energia e da Companhia Brasileira Gasoduto Bolívia Brasil (TBG). A construção do laboratório ficou por conta da Finep, que financiou o material que foi utilizado nas obras e da Petrobrás que pagou a mão-de-obra. André Manzolli, pesquisador em eletromecânica do Lactec e um dos técnicos responsáveis pelo desenvolvimento do MGPP, vê com entusiasmo a aplicação que o sistema pode ter no cotidiano de famílias em todo o Brasil. “Essa tecnologia possibilita aos usuários comuns, que são as donas-de-casa e os comerciantes de estabelecimentos de alimentação, um controle muito mais rigoroso com os gastos. O sistema faz com que as pessoas planejem o quanto vão usar de gás e programem uma nova recarga com mais segurança”, disse. Segundo o pesquisador, a preocupação com a falta de gás, a troca dos botijões e os riscos relacionados ao uso do produto podem ser resolvidos com o uso do cartão. “O consumidor adquire os créditos diretamente com a empresa fornecedora de gás. Um recurso do aparelho avisa o nível de capacidade de gasto e alerta para uma nova recarga”, explica. A tecnologia permite até a aquisição de créditos negativos, em acordo pré-estabelecido com a companhia fornecedora. “Dessa maneira evita-se surpresas com cortes. O que é usado a mais é cobrado em uma nova fatura”, explica André. O sistema do Lactec foi tão bem pensado que as companhias podem ser alertadas de ligações clandestinas e defeitos na tubulação das casas. André Manzolli explica que o sistema pode ser totalmente independente e que a fornecedora pode controlar a emissão para cada residência. “Dessa maneira é possível fazer uma média de gastos e cortar o fornecimento se os números excederem muito o consumo regular. É mais segurança para o consumidor e para a empresa”, lembra o pesquisador. Algumas cidades do Brasil já dispõem de redes subterrâneas de fornecimento de gás em estágio adiantado. Segundo André Manzolli, a inovação significa um avanço no modo de operação das fornecedoras em grandes cidades, como São Paulo. “A capital paulista tem redes de fornecimento em várias regiões, inclusive nas habitadas pelas classes mais baixas. O público alvo do medidor é exatamente esse. As pessoas mais pobres ainda não pagam suas contas com o recurso do débito automático. Para eles, ter em mãos um cartão de recarga é uma ajuda muito grande, com muito mais economia”, afirma André. LEME - O laboratório de Emissões Veiculares (Leme) foi criado em 2003, em um vínculo específico com a empresa automotiva francesa Renault. Hoje ele atende aos ensaios de emissão de motores para quase todas as montadoras de automóveis instaladas no país e todas as de Curitiba e da Região Metropolitana. Atualmente apenas a Volkswagen não utiliza os serviços de testes. Segundo o diretor-superintendente do Lactec, Aldair Rizzi, o nível de aprimoramento técnico alcançado pelo Leme durante a administração de Roberto Requião tornou possível o desenvolvimento de pesquisas tecnológicas para suporte às tecnologias das grandes empresas automobilísticas. “Esse laboratório é um dos mais importantes da América do Sul, tanto é que o Ministério de Ciência e Tecnologia considera que o Lactec, com as mudanças que o instituto vem sofrendo desde 2003, vai ser integrado a um projeto federal de financiamento para atender às resoluções do novo código do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), que passa a vigorar em 2008”, explica. A Resolução 315 estabelece limites para emissão de poluentes por veículos pesados. Em recente encontro de Aldair Rizzi, que é também conselheiro do CNPq, com o ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, foi apresentado o projeto de capacitação tecnológica do Leme, que já é um dos mais modernos da América Latina. De acordo com Rizzi o Governo Federal tem grande interesse em preparar o laboratório com todas as adaptações necessárias ao desafio que o Brasil vai enfrentar na área automotiva e de biocombustíveis.