O Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec) inaugurou em Curitiba nessa terça-feira (13) um gerador de energia elétrica que usa biodiesel puro. A unidade, que vai suprir parte da demanda de eletricidade do Laboratório de Emissões Veiculares (Leme) do Lactec, é o resultado de pesquisas do instituto para desenvolver alternativas ao uso dos combustíveis fósseis. A nova tecnologia é menos poluente e pode gerar diversas possibilidades para o mercado dos biocombustíveis em todo o país, inclusive com a criação de novos postos de trabalho na produção de matérias primas no meio rural. A inauguração do equipamento fez parte das atividades do II Workshop Rede Bioenerg, evento promovido pelo Lactec que reuniu profissionais em diversas áreas de bionergia, para discussões e trocas de experiências sobre biocombustíveis. O foco dessa segunda edição foi o uso do biodiesel na geração de energia elétrica. Os pesquisadores do Lactec e do Tecpar palestraram durante o encontro sobre a qualidade do biocombustível paranaense e o uso dele em geradores. Também participaram do encontro os profissionais da Secretaria de Agricultura e do Iapar, da UFPR e da UTFPR. O diretor-superintendente do Lactec, Aldair Rizzi, lembra que a entrega desse projeto é um compromisso do instituto com o CNPq, que financiou a pesquisa. Segundo ele, essa é uma política de apoio ao Governo do Estado no incentivo e desenvolvimento do programa de biocombustíveis. “O Lactec tem trabalhado em pesquisa e acúmulo de experiência em combustíveis alternativos aos convencionais, muito poluentes. As energias renováveis são um dos focos do nosso trabalho e o gerador de energia elétrica a biodiesel poderá provar que os investimentos nessa área são seguros”, completa. A pesquisadora do Departamento de Tecnologia em Materiais do Lactec e coordenadora da Rede Bioenerg, Helena Maria Wilhelm, explica que o instituto vai monitorar o funcionamento do gerador de energia no Leme para demonstrar que o uso de biodiesel nesse equipamento é viável e pode ser usado em escala comercial. “Nós vamos controlar a eficiência para verificar se o combustível puro não danifica o motor e seus componentes. Também vamos medir a emissão de poluentes. Uma primeira pesquisa mostra que há diminuição de material particulado e de gases de efeito estufa”, diz a pesquisadora, salientando o aspecto ambientalmente correto da tecnologia. A pesquisadora esclarece que o resultado obtido pelo monitoramento do biodiesel como combustível para o gerador será capaz de demonstrar a eficiência dele para as grandes concessionárias de energia elétrica. “Algumas concessionárias se mostram resistentes ao uso do biodiesel porque têm muitas dúvidas, pela falta de parâmetros técnicos que comprovem a segurança do uso do biocombustível. Nós pretendemos provar que é possível usá-lo e que ele é uma boa alternativa”, explica. De acordo com Helena, concessionárias como a Copel dispõe de diversos grupo-geradores de energia elétrica e as pesquisas do Lactec podem trazer mais tranqüilidade a elas sobre o uso do biodiesel em substituição ao diesel comum, criando uma nova cultura de sustentabilidade e uso de produtos renováveis e ambientalmente corretos. Ele explica que as pequenas comunidades, que não dispõe de rede de distribuição e dependem de geradores, podem vender a produção de oleaginosas e usar o próprio combustível para abastecer seus geradores com o excedente. “Eles podem ter um sistema totalmente auto-sustentável”, diz.