Irrigação noturna melhora renda de agricultores em Salto do Lontra

Tecnologia está presente em 117 propriedades rurais, cerca de 10% do total de unidades produtivas familiares existentes no município
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23/07/2010 - 11:50
Editoria

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Agricultores familiares de Salto do Lontra, região Sudoeste, estão investindo na irrigação como alternativa para melhorar os resultados técnicos e econômicos de seus empreendimentos e diminuir os riscos de perdas na produção em consequência das estiagens. Hoje a tecnologia está presente em 117 propriedades rurais, cerca de 10% do total de unidades produtivas familiares existentes no município.
O extensionista Valdir Koch destaca que o Programa Irrigação Noturna é um dos grandes responsáveis por esse resultado. Além de dar desconto de até 60% para a energia consumida entre o período das 21h30 às 6h, o PIN viabiliza linhas de crédito do Pronaf para a compra dos equipamentos, com juros e prazos para pagamento compatíveis com a realidade dos pequenos produtores. Um outro projeto desenvolvido em parceria pela Emater, Unioeste e CNPq também distribui kits de irrigação por gotejamento, usados em hortas caseiras ou plantações de frutíferas.
Os projetos atendidos pelo Programa Irrigação Noturna adotam o sistema por aspersão, fixos ou móveis. Segundo Valdir, a área coberta com a tecnologia é de aproximadamente 310 hectares, dos quais pelo menos 300 hectares são de pastagens usadas para a condução da bovinocultura de leite. “Os criadores estão conseguindo vários benefícios. Um deles é o aumento da lotação das pastagens, que passa de seis para até doze animais por hectare. E se antes o produtor esperava mais de trinta dias para retornar os animais para os piquetes de pastoreio, agora faz isso a cada 15 ou 20 dias”, afirma. 
O extensionista diz, ainda que, com a irrigação, o produtor planeja melhor a atividade, estabelecendo um plano forrageiro para o ano todo. “Abre para as famílias, também, a possibilidade de investir em alternativas de produção, como a fruticultura ou a olericultura. Temos pessoas que nunca tinham plantado melancia, melão e, atualmente, exploram essas culturas como um novo negócio dentro da propriedade graças a irrigação, gerando renda e mais qualidade de vida”, analisa.
Valdir conta que na conversa com os agricultores, deixa claro que a água usada na irrigação não deve ser encarada apenas como solução para os períodos de falta de chuva, mas, como uma ferramenta capaz que contribui para a melhoria das atividades na propriedade. 
Os primeiros projetos de irrigação foram instalados em Salto do Lontra em 2007. Agora, técnicos e produtores estão entrando numa nova fase que eles chamam de refinamento da tecnologia. “Começamos a discutir soluções para o aproveitamento mais racional da água, uso de sistemas que evitem o desperdício, avaliação da qualidade da água e até pensamos em realizar análises bromatológicas para saber se do ponto de vista nutricional as forrageiras também estão melhorando”, afirma. 
A Unioeste analisa a água usada por todas as propriedades do município que têm a irrigação. Na avaliação do técnico da Emater, este é outro benefício que os produtores estão recebendo graças ao primeiro investimento que fizeram com a instalação dos projetos.
O investimento feito por cada produtor fica entre R$2,5 mil e R$5,5 mil. O sistema fixo é o mais caro. Na avaliação dos técnicos da Emater de Salto do Lontra, o aumento da produtividade, que no caso da bovinocultura de leite fica na casa dos 30% pode remunerar a despesa feita em menos de um ano.
O trabalho de promoção da tecnologia da irrigação no município é feito através de uma ampla parceria que envolve, além da Emater, a Copel, Secretaria de Estado da Agricultura, Prefeitura, Cooperativa de Leite da Agricultura Familiar, Banco do Brasil, Cresol, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Unioeste, Senar, Sindicato Rural e empresas da iniciativa privada.
Segundo o diretor-técnico da Emater, Ademir Antônio Rodrigues, um dos compromissos do serviço oficial de assistência técnica e extensão rural é levar para os pequenos produtores soluções técnicas que possam contribuir com a melhoria da renda e da qualidade de vida de suas famílias. “O uso racional e responsável da água, como mostra esse exemplo de Salto do Lontra, pode contribuir para a realização desse objetivo. Por isso, em todo o Estado, realizamos diversas ações que têm como propósito divulgar a tecnologia e também fazer com que os agricultores, através do crédito, possam ter acesso a mesma”.
A experiência dos agricultores de Salto do Lontra é referência para o Paraná, especialmente quando se trata da irrigação usada em pastagens. Por isso, há dois anos a Emater e as demais instituições e empresas parceiras vêm realizando encontros técnicos no município que têm como finalidade divulgar a tecnologia para outros produtores da região.
Na próxima terça-feira (27), um novo evento será promovido. É o Dia de Campo sobre Melhoria da Produtividade e Rentabilidade do Leite que acontece no sítio do agricultor/colaborador Nerci da Silva, da comunidade São Domingos. Os organizadores esperam receber mais de 250 produtores rurais de vários municípios do Sudoeste.
O Dia de Campo será das 8h30 às 16h30, com intervalo para o almoço. Ele será organizado em sete baterias ou estações. Em cada uma delas técnicos especialistas vão tratar de um tema específico. Na forma de rodízio, os produtores passarão por todos os pontos.
O destaque será a bateria que mostrará um projeto de irrigação em funcionamento. Ali, os agricultores receberão informação sobre os vários sistemas de irrigação (aspersão e gotejamento), aproveitamento da água das chuvas e a técnica da fertirrigação.
As demais estações abordarão questões como melhoramento zootécnico do rebanho, manejo das bezerras, melhoria da qualidade do leite, plano forrageiro, manejo e adubação das pastagens e a produção no sistema silvipastoril, que combina o cultivo de pastagens e árvores numa mesma área. O Ministério do Desenvolvimento Agrário está apoiando a realização desse trabalho.

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