Na manhã desta quinta-feira (15), na delegacia de Centenário do Sul, a 86 quilômetros de Londrina, o mistério sobre o desaparecimento da menina Luana Oliveira Lopes, 8 anos, ganhou mais um capítulo. O irmão dela, Diego, 10 anos, foi submetido a uma sessão de reconhecimento, de acordo com o Código de Processo Penal, e apontou três homens como sendo parecidos com o seqüestrador. Entretanto, ele não afirmou positivamente ser um deles o que levou de sua irmã.
Nenhum dos suspeitos apontados pelo menino tem características semelhantes a de Adriano Vicente da Silva, acusado de matar 12 crianças no Rio Grande do Sul e também apontado como envolvido no desaparecimento de Luana. No reconhecimento, foram utilizadas 28 fotos, em três séries. Entre as imagens, havia uma de Adriano da Silva, mas o garoto Diego não a apontou em nenhum momento.
Os três suspeitos identificados por Diego possuem características bem distintas. Para efeitos de investigação será verificado se eles estão presos ou sendo procurados pela Justiça. O delegado interino de Porecatu, José Vítor Silva Pinhão, que investiga o caso, afirmou que a forma de ação do seqüestrador de Luana é diferente da usada por Adriano da Silva. "A descrição do modo de ataque de Adriano é diferente do que aconteceu com Diego e Luana”, informou Pinhão.
Interrogatório – Apesar disso, o envolvimento de Adriano ainda não foi totalmente descartado. Na próxima semana, Pinhão, a delegada do Serviço de Investigação à Criança Desaparecida (Sicride), Márcia Tavares dos Santos, e um investigador do Sicride devem ir ao Rio Grande do Sul para interrogar Adriano. Embora ele não tenha sido reconhecido como autor do crime, a polícia também trabalha com a possibilidade do envolvimento de um suposto cúmplice de Adriano. Em depoimentos à polícia gaúcha, o acusado já mencionou um amigo que dirige caminhão.
Quando questionado pelo delegado Pinhão sobre a presença de tatuagens nos braços do homem que o agrediu, o garoto negou que houvesse alguma. Entretanto, afirmou que ele tinha uma cicatriz no ante-braço direito. Adriano da Silva possui tatuagens em ambos os braços. De acordo com a descrição de Diego, o seqüestrador de Luana é um rapaz magro, com idade entre 20 e 25 anos, moreno e com cerca de 1,70 metro.
Seqüestro – O desaparecimento de Luana ocorreu em 16 de novembro de 2003 na rodovia PR-170, entre os municípios de Florestópolis e Prado Ferreira, a cerca de 60 quilômetros de Londrina, na região Norte do Estado. Nesse dia, um domingo, os irmãos Diego e Luana foram buscar leite em uma propriedade rural, em Florestópolis, ao lado da casa em que residiam. Durante o trajeto, um caminhão Mercedes-Benz, azul escuro, tipo baú parou perto das crianças.
Um homem desceu do veículo e ofereceu aos irmãos cobertores que estavam no baú. Quando eles entraram, o seqüestrador fechou a porta e partiu. Depois de algum tempo, transferiu as crianças para a cabine do caminhão. Diego era o que mais lutava para fugir, dando trabalho para o bandido, que optou por deixá-lo no meio do caminho. O garoto tentou fugir, mas acabou sendo amarrado e espancado pelo seqüestrador. Desmaiado, Diego foi abandonado na beira da estrada.
Psicologia - Antes da sessão de reconhecimento, Diego passou cerca de 30 minutos com a psicóloga Eliane Bernardelli, do Sicride. O objetivo foi dar suporte psicológico ao garoto, deixá-lo calmo. "O menino estava assustado e preocupado com o reconhecimento. O trabalho psicológico foi feito para garantir que ele tivesse mais segurança no momento de apontar alguma fotografia", comentou Eliane.
No dia 21 de novembro, Diego foi submetido a uma sessão de hipnose no Instituto de Criminalística de Curitiba e forneceu informações detalhadas sobre a ação. De acordo com o perito Rui Sampaio, o menino passou detalhes do caminhão e foi feito o retrato-falado do suspeito.
A busca pelo seqüestrador de Luana está envolvendo diversos órgãos da Secretaria da Segurança Pública. Caso você tenha alguma informação que possa colaborar com as investigações, ligue para o telefone do Sicride, (41) 224-6822.