O Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social – Ipardes elaborou um retrato do funcionamento dos lares para idosos no Paraná, chamados de Instituições de Longa Permanência (ILPIs). Com isso, o Ipardes pretende gerar informações que possibilitem ao Estado e à sociedade civil adequar suas ações para uma melhor qualidade dos serviços oferecidos por essas instituições.
O estudo atende uma solicitação da Secretaria de Estado do Trabalho e Promoção Social – SETP e foi financiado pelo Fundo Estadual de Assistência Social – FEAS, a partir de deliberação do Conselho Estadual do Idoso.
“Esse estudo é fundamental para o desenvolvimento de um conjunto de ações articuladas de proteção social básica e especial, de aprimoramento da gestão e de reordenamento da rede prestadora de serviços socioassistenciais à população idosa em situação de vulnerabilidade e risco social e pessoal”, informou o secretário Estadual do Trabalho, Emprego e Promoção Social, Nelson Garcia.
No Paraná, a população de pessoas com mais de 60 anos triplicou desde a década de 80. Até novembro de 2007, havia 6.499 pessoas morando em lares para idosos. Deste total, 5.393 pessoas tinham mais de 60 anos, o que representa 83% dos internos e 0,53% do total de idosos no estado.
“As mudanças que estão sendo implementadas na Política Estadual de Assistência Social tendem a apresentar, a médio e a longo prazo, incremento nos serviços e ações prestados ao idoso paranaense. Nossos esforços estão concentrados na sistematização e integração de programas setoriais de atendimento ao idoso”, apontou Garcia.
O Ipardes visitou entre novembro de 2006 e novembro de 2007 todas as instituições que possuem cadastro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e na Secretaria de Trabalho e Promoção Social, totalizando 291 instituições em 165 municípios. Excluindo as instituições que estavam fechadas, tinham endereço inexistente ou havia mudado o foco de atendimento, restaram 229 ILPIs. Das Instituições, 29 são públicas e 200 particulares (87%).
Dos idosos entrevistados, 55% são do sexo masculino e 45% do feminino. É interessante notar que 22% deles têm 80 anos e mais, sendo 65% composta por mulheres. Em contrapartida, na faixa etária de 65 a 69 anos concentram-se 73% dos homens e, na faixa de 70 a 74 anos, concentra-se aproximadamente 60% dos homens, o que vai de encontro à maior expectativa de vida existente entre as mulheres.
A característica que mais chamou a atenção da coordenadora do estudo, Maria Luiza Marques Dias, foi o abandono da família aos idosos asilados. A pesquisa levantou que o período em que há mais procura de vagas nos lares para idosos acontece entre novembro e fevereiro. Essa maior procura ocorre devido ao fato das famílias não terem onde deixar o idoso em época de viagens, mais freqüentes em função das festas de final do ano e das férias de verão. Ocorre que na maioria dos casos as famílias ao retornar não tiram os idosos da instituição.
Quase a totalidade, 92% possui parentes, mas somente 38% dos idosos foram encaminhados para as instituições por vontade própria. A solidão e a doença são os motivos que os levaram até as instituições.
Observou-se também que em todas as instituições pesquisadas, o motivo mais freqüente da saída dos idosos das ILPI’s é por óbito, “morte”, com 87% das respostas e são poucos os casos de idosos que saem por outros motivos, tais como: reintegração à família; troca de instituição ou quando o idoso não se ambienta na instituição ou outros motivos.
“O asilamento dos nossos idosos (esta nova necessidade que vem surgindo), embora esteja imbuída de boas intenções, acaba também anunciando antecipadamente a morte do idoso, uma vez que, na reta final de sua existência, ele é retirado de seu ambiente natural (local onde construiu sua vida e a de seus filhos, misturados às coisas feitas – criações próprias –, e aos objetos adquiridos ao longo da vida, e que deram forma ao ambiente em que morava) e posto junto com outras pessoas e objetos que não reconhece e que também não lhe pertencem, eliminando concretamente as suas lembranças e possibilitando, desta forma, a perda de sua própria identidade”, observou Maria Luiza.
Sobre as características físicas das instalações, a grande maioria das instituições não tem banheiro dentro dos quartos, porém as condições das acomodações apresentadas mostram uma situação até certo ponto favorável em relação ao número de quartos e ao número de leitos. No entanto, percebe-se que as condições da estrutura física dessas acomodações nem sempre são adequadas, muitas vezes necessitando de melhorias e de manutenção.
Das instituições pesquisadas, notou-se que a principal fonte de renda é a contribuição dos próprios idosos, seja por aposentadoria, pensão ou outros benefícios. O atendimento médico é feito por meio do SUS para a maioria dos idosos.
Quanto aos profissionais que atuam nos lares para idosos, notou-se que a maioria é de cuidador de idosos, com baixa escolaridade e pouca qualificação. Somente 0,2% das instituições pesquisadas possuem terapeutas ocupacionais, mostrando que os idosos passam maior parte do tempo ociosos. A falta de fisioterapeutas também é outra demanda nestas instituições.
Instituições de Longa Permanência para Idosos no Paraná Municípios abrangidos Idosos que vivem nas ILPIs (2007)
229 165 4.599