O Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) lançou nesta segunda-feira (18) uma coleção de livros com uma síntese da história econômica do Paraná nos últimos 50 anos. É a coleção “Clássicos da Economia e Sociedade Paranaense”, lançada pelo vice-governador Orlando Pessuti. São quatro obras. Três delas são reeditadas, esgotadas há muitos anos. A quarta está sendo publicada pela primeira vez. A coleção é um referencial para todos aqueles empenhados na reflexão sobre os caminhos do desenvolvimento social e econômico do Paraná.
Os textos e autores relançados na coleção dão uma compreensão sobre os rumos adotados pela economia e pela sociedade paranaense no transcorrer da segunda metade do século XX. Cada livro retrata um período distinto da história. As obras tiveram um tratamento editorial e gráfico atualizados, porém mantendo intactos os seus conteúdos.
“O Paraná que temos hoje exibe riquezas, produtividades, vantagens comparativas, mas também apresenta mazelas, desigualdades, iniqüidades. É preciso conhecê-lo para propor; propor para mudar”, observou o presidente do Ipardes, José Moraes Neto.
Com o relançamento desses textos, o Ipardes visa tornar amplamente disponível ao meio acadêmico do Estado a bibliotecas universitárias, a órgãos governamentais, a representantes políticos e ao segmento dos meios de comunicação um referencial analítico e documental sobre a evolução do Paraná nos últimos 50 anos. O projeto foi concretizado por intermédio do Fundo Paraná da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
Obras – Um dos livros, “Formação de uma economia periférica: o caso do Paraná”, de Pedro Calil Padis, foi publicado pela primeira vez em 1981 pela editora Hucitec. Encontra-se esgotado há vários anos. Nele o autor elabora uma síntese da história econômica do Paraná das primeiras seis décadas do século XX.
“Padis produz este texto sob a ótica cepalina dos desequilíbrios regionais como fruto de relações internas entre centro e periferia. Ainda que a matriz teórica encampada no estudo tenha sido foco de inúmeras críticas, a densidade analítica do texto e seu valor histórico são incontestáveis”, analisa Moraes.
Já o livro “Paraná: economia e sociedade”, publicado pelo Ipardes em 1982, tornou-se um clássico por realizar um diagnóstico da economia e da sociedade paranaense seguindo um “modelo de interpretação” crítico, distinto daquele da tradição cepalina. Baseia-se em discussões feitas nos ambientes acadêmicos de pesquisa e planejamento do Estado sobre um modelo de desenvolvimento para o Paraná das décadas de 60 e 70.
Esta obra vem acompanhada de um artigo intitulado Quinze anos depois: comentários sobre o texto “Paraná – Economia e Sociedade”, de Carlos Alonso Barbosa de Oliveira, que passa a integrar a presente coletânea, por constituir um importante texto complementar ao diagnóstico do Ipardes. Oliveira, professor da Unicamp, foi o consultor daquele projeto do Ipardes.
A terceira obra a compor a coletânea é “O Paraná reinventado: política e governo”, pesquisa também elaborada pelo Ipardes e publicada em 1989. Este estudo, cuja publicação está esgotada, analisa as práticas de governo do Paraná do final dos anos 1940 ao início dos anos 1980, em particular as ações do Poder Executivo. Além disso, investiga a interferência dos partidos políticos nesse processo e os resultados eleitorais de todo o período.
Em complemento a esse estudo, integra-se à coletânea o artigo “Agentes Sociais do Paraná”, de Francisco de Borja Baptista Magalhães Filho. A relevância do texto associa-se ao teor da análise, voltado à recuperação histórica dos principais agentes sociais atuantes na sociedade paranaense, à identificação dos interesses defendidos, do papel exercido, de suas origens, forças relativas e do poder que exerceram para influenciar, positiva ou negativamente, a evolução dessa sociedade.
Francisco de Borja Baptista Magalhães Filho também é o autor da quarta obra pertencente à coletânea, cujo título é “Da construção ao desmanche: análise do projeto de desenvolvimento paranaense”. Trata-se de um estudo relativamente recente (1999), ainda não publicado. O texto apresenta um panorama das políticas e ações de desenvolvimento econômico adotadas pelos distintos governos do Paraná desde 1961. Também discute as causas e razões que provocaram o “desmanche do projeto de desenvolvimento paranaense”, já nos anos 1990.
Ipardes - Fundado em 1973, o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) é uma instituição de pesquisa vinculada à Secretaria do Planejamento e Coordenação Geral. Sua função é estudar a realidade econômica e social do Estado para subsidiar a formulação, execução, acompanhamento e avaliação de políticas públicas.
Em seus 33 anos de trajetória, as análises do Ipardes mudaram a maneira de pensar o Estado, procurando entender sua complexa economia, propondo e disseminando a visão do Paraná como uma economia integrada ao espaço econômico nacional e internacional, afetada, conseqüentemente, pelos processos que aí ocorrem. Os estudos do Ipardes são, hoje, referência obrigatória para quem pesquisa o Paraná.
Com o projeto “Clássicos da Economia e Sociedade Paranaense”, o Ipardes exercita sua estratégica posição de órgão relevante do sistema de planejamento público do Estado para auxiliar na difusão de um conhecimento histórico de primeira qualidade que, acredita-se, permanece essencial para a construção de um futuro mais promissor, que conjugue desenvolvimento econômico com eqüidade social.