Ipardes faz diagnóstico da atividade leiteira no Paraná

Paraná é segundo maior produtor de leite do Brasil; são quase 100 mil produtores que representam um quarto do total de produtores dedicados à agropecuária no Estado
Publicação
09/04/2009 - 18:10
Editoria
Entre 1997 e 2006, houve um aumento de 71% na produção leiteira, consolidando o Paraná como segundo maior produtor de leite do Brasil. São quase 100 mil produtores de leite que representam um quarto do total de produtores dedicados à agropecuária no estado. Somente em 2007, foram 2,5 bilhões de litros de leite atingindo R$ 1,4 bilhão. No entanto, o nível de desenvolvimento do setor ainda é muito desigual. As características socioeconômicas da atividade leiteira do Paraná foram divulgadas nesta quinta-feira (09), pelo Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social). O estudo atendeu uma demanda da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento e foi realizado por meio de convênio com a Secretaria de Ciência e Tecnologia e com parceria do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural – Emater PR. O resumo do estudo pode ser acessado no endereço www.ipardes.gov.br. Para o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Valter Bianchini, o estudo é muito importante porque traça um perfil técnico, institucional, social e econômico da pecuária leiteira no Paraná. Segundo o secretário, o estudo mostra as potencialidades e os fatores limitantes da cadeia produtiva do leite no Paraná e com essas informações tanto a Secretaria da Agricultura, como o Iapar e Emater terão condições de planejar melhor as políticas públicas de incentivo à produção e de sanidades para fortalecimento dos produtores e do aumento da produtividade. Verificou-se no estudo que apenas 6% dos produtores, com produção acima de 251 litros/dia, respondem por 42% da produção leiteira no Estado. Já 55%, cerca de 55 mil produtores que produzem até 50 litros/dia são responsáveis por somente 15% do total. No Paraná, três bacias se destacam na produção de leite: Centro-Oriental, Oeste e Sudoeste. A região mais desenvolvida na pecuária leiteira é a Centro-Oriental, onde o grau de desenvolvimento não encontra paralelo nacional. Nesta região, o progresso genético do rebanho e os índices de produtividade das vacas ordenhadas são comparáveis àqueles obtidos nos países em que a atividade leiteira é mais desenvolvida. Na porção Centro-Oriental, a média de produção é de 15 litros/vaca/dia, sendo que alguns produtores alcançaram 22,6 litros/vaca/dia. “É a revelação do crescimento da pecuária de leite e o incremento da produtividade ao longo dos anos em todas as três regiões produtoras, principalmente no Sudoeste do Paraná, já que as outras duas regiões – Centro-Oriental e Oeste – são tradicionais na pecuária leiteira. O estudo mostra com clareza o avanço da produtividade e a incorporação, pela seletividade, de um contingente cada vez maior de agricultores na atividade”, comentou Bianchini. PERFIL DO PRODUTOR – 93% dos responsáveis pelas propriedades leiteiras do Estado são do sexo masculino, sendo que mais da metade deles têm mais de 50 anos. O índice de idosos em relação ao número de jovens é superior à média do Paraná para o meio rural. Aspecto que pode afetar o processo de sucessão nas propriedades de agricultores familiares dedicados à atividade leiteira. A maioria dos produtores possui apenas o ensino fundamental incompleto, reproduzindo o padrão de escolaridade da população rural do Estado. “Tendo em vista a idade dos produtores, conclui-se que esse quadro de baixa escolaridade está consolidado e dificilmente sofrerá mudanças amplas sem que haja políticas específicas e focalizadas”, analisou o coordenador do estudo, Sérgio Wirbiski (pesquisador do IPARDES). A aposentadoria e /ou pensão constituem a única fonte de rendimento significativo além daquela proveniente da produção de leite. Quanto às condições básicas de habitabilidade, apenas 20% dos produtores residem em moradias que atendem requisitos mínimos como infraestrutura adequada de abastecimento de água e destino dos dejetos e do lixo. ENTRAVES e SOLUÇÕES - Entre os principais entraves para o desenvolvimento da atividade leiteira destacam-se um grande número de produtores com animais de raças mestiças, cuja produtividade é mais baixa do que das vacas de origem européia. A adoção da inseminação artificial ainda é baixa, sendo que 64% dos pequenos produtores adotam a monta natural não-controlada como forma de reprodução de seus rebanhos. Uma solução seria a reedição do programa estadual de incentivo à prática de inseminação artificial , desenvolvido pela SEAB, que vigorou até 2002. Sua operacionalização poderia ocorrer através do repasse dos incentivos para as CLAFs (Cooperativa Leiteira da Agricultura Familiar), associação de produtores e condomínios. O pouco uso do crédito rural também é apontado como outro problema, impedindo investimento na melhoria e especialização da atividade leiteira, particularmente entre os pequenos produtores. A assistência técnica, fundamental para se obter bons resultados, não é acessada por metade dos produtores. Para melhorar esse serviço, é preciso reforçar as condições materiais e de pessoal da Emater, mediante contratações e, principalmente, capacitação de técnicos para a área do leite, além de parcerias entre a Emater e outros agentes que atuem no setor.

GALERIA DE IMAGENS