Ipardes estima que o PIB do Paraná deve ter crescimento de 6% em 2007

Projeção teve como base as estatísticas disponíveis até a primeira quinzena do mês de novembro; taxa nacional está prevista para 4,7%
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22/11/2007 - 18:40
Editoria
O Produto Interno Bruto (PIB) do Paraná deve crescer 6% em 2007, estimou nesta quinta-feira (22) o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). A projeção teve como base as estatísticas disponíveis até a primeira quinzena do mês de novembro. Com isso, o PIB paranaense deve ser superior à variação projetada para o Brasil: 4,7%, segundo expectativas de mercado levantadas pelo Banco Central. “A significativa expansão do PIB do Paraná reflete a combinação dos resultados positivos dos setores agropecuário, industrial e de serviços, evidenciando a recuperação da economia do Estado, depois de dois anos marcados por prejuízos impostos pelas estiagens ao agronegócio”, analisou o presidente do Ipardes, José Moraes Neto. Entidades representativas do Estado como a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) e a Associação Comercial do Paraná (ACP) dizem que a previsão estava dentro do esperado para este ano. “Isso porque a produção da indústria paranaense, por exemplo, deve ficar acima da média nacional. O IBGE também deve confirmar isto”, afirmou o coordenador do Departamento Econômico da Fiep, Maurílio Schmitt. “A evolução do nível de emprego, resultando na formalização dos trabalhadores, e a evolução real da massa de rendimento efetivo tiveram grande influência no faturamento da indústria. A massa de rendimento efetivo dos trabalhadores brasileiros teve um aumento de 5,73% de janeiro a julho de 2007, segundo o IBGE”, acrescentou Schmitt. A presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP), Ivani Slomp, lembra que 2007 foi um bom ano para o comércio. Ela diz que os fatores importantes para isso foram a estabilidade econômica, a baixa taxa de inadimplência (os indicadores da ACP a comprovam a cada mês), crédito disponível (a estabilidade permite, inclusive, que as pessoas calculem a possibilidade de seus gastos, o consumidor compra a prazo e sabe exatamente quanto as parcelas mensais vão subir) e, claro, o reflexo da boa safra agrícola paranaense, com os preços dos principais produtos em alta. “Felizmente, experimentamos neste ano um crescimento palpável do movimento em vários segmentos do comércio. Sentimos esta tendência em datas comemorativas como o Dia das Mães, Dia das Crianças, entre outras, quando houve um aumento significativo nas vendas. Estamos esperando um bom volume de vendas também no Natal”, acrescenta Slomp. DESCENTRALIZAÇÃO - O crescimento do PIB de forma mais distribuída no Estado é apontado pelo secretário de Planejamento, Enio Verri, como uma das principais características positivas desta projeção. “Este crescimento apontado para o ano de 2007 tem um caráter mais equânime. O PIB do Paraná nos últimos 10 anos era centralizado na Região Metropolitana de Curitiba e agora começa a aparecer em outros vários pontos na economia paranaense”, comentou. Para Verri, a estimativa de crescimento é o resultado de um conjunto de políticas aplicadas pelos Governos Federal e Estadual, que somadas têm um efeito muito mais dinâmico no Paraná em comparação a outros Estados. Em âmbito federal, o secretário de Planejamento aponta algumas políticas como a desoneração de vários produtos de consumo popular, principalmente, alimentos e material de construção (cimento, ferro etc). Foi registrado também um acréscimo do poder aquisitivo do brasileiro via aumento real do salário mínimo, com foco nos aposentados. As políticas macroeconômicas também foram importantes pois aumentaram o investimento direto do capital estrangeiro no setor produtivo, abrindo novas empresas. Quanto às políticas estaduais, Verri comenta o grande avanço na área tributária com foco nas micro e pequenas empresas. Ele considera relevantes os investimentos públicos feitos na área de transportes, que melhoraram as condições dos portos e das rodovias. Verri cita ainda as políticas da Secretaria de Agricultura e Abastecimento para o fortalecimento da agricultura familiar e a diversificação da produção, em especial nas políticas do leite e da cafeicultura, como fatores muito importantes na recuperação do agronegócio e diminuição da suscetibilidade às intempéries climáticas. Outra política estadual que estaria influenciando no crescimento da economia paranaense é o subsídio dado à energia elétrica em alguns setores da agropecuária e a mecanização do campo. “O programa Trator Solidário deve colaborar ainda mais para que a economia do Estado continue em crescimento”, concluiu Verri. AGROPECUÁRIA - Na safra 2006/2007, segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), a produção paranaense de grãos totalizará 29,2 milhões de toneladas, o que representa aumento de 21,7% em relação à temporada 2005/2006, quando foram colhidas 24,0 milhões de toneladas. A soja e o milho, produtos que são representativos na pauta agrícola, deverão registrar incrementos produtivos de 25,5% e 18,3%, respectivamente, sendo os principais responsáveis pela elevação da renda no meio rural. Além disso, cabe citar a ampliação de 35% na produção de cana-de-açúcar, com salto de 34,5 milhões para 46,5 milhões de toneladas, o que - segundo o Ipardes - não deixa dúvida quanto ao aproveitamento, pelo Estado do Paraná, das oportunidades abertas pela expansão do mercado de combustíveis vegetais. Na mesma trajetória, a produção da pecuária estadual vem apresentando pronunciado crescimento. De acordo com o IBGE, os abates de aves avançaram 7,4% no primeiro semestre de 2007, em comparação ao mesmo período de 2006, atingindo 977,9 mil toneladas, enquanto a produção de carne suína cresceu 20,9%, somando 219,3 mil toneladas. INDÚSTRIA - Passando à performance do setor manufatureiro, observa-se aumento de 6,8% da produção física industrial no acumulado de janeiro a setembro de 2007, correspondendo ao terceiro melhor resultado entre as unidades da federação. Tal desempenho pode ser atribuído principalmente às indústrias de veículos automotores, máquinas e equipamentos e produtos químicos, cujas taxas de crescimento da produção alcançaram 23,2%, 18,1% e 20,0%, respectivamente, nos nove primeiros meses do atual exercício. Segundo especialistas, a ascensão da produção de veículos está diretamente relacionada ao aumento da demanda doméstica, propiciado pela ampliação do crédito, com a queda das taxas de juros, e pelos ganhos reais de salário, resultantes da apreciação cambial. Já no que se refere ao dinamismo apresentado pelos segmentos de máquinas e equipamentos e produtos químicos, há forte influência da elevação da renda gerada pela agricultura, levando à ampliação da fabricação de tratores, colheitadeiras e fertilizantes. Em relação ao faturamento da indústria paranaense, o coordenador do departamento econômico da Fiep, Maurílio Leopoldo Schmitt, revelou ter havido um crescimento de 10,93% registrado de janeiro a setembro de 2007 em comparação com 2006. Dos setores que tiveram mais peso no crescimento do faturamento da indústria, segundo dados da Fiep, estão: produtos alimentícios e bebidas (6 %), petróleo e produção de álcool (0,49%) e veículos automotores (2,37%). Estes três setores totalizam 9,31% no total do faturamento industrial. Os gêneros que mais contribuíram no faturamento industrial do Paraná em 2007 foram: vestuário (25,09%), máquinas e equipamentos (22,43%), veículos automotores (21,85%), produtos alimentícios e bebidas (17%), produtos minerais não metálicos (8,45%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (7,67%), papel e celulose (5,77%), produtos de metal (4,45%), metalurgia básica (3,95%) e refino de petróleo e produção de álcool 3,12%. Alguns fatores explicam o crescimento no faturamento da produção industrial do Estado, de acordo com a análise feita por Schmitt. Na indústria automobilística, ele cita o crescimento do crédito disponível no mercado, que é superior a 20%, desde 2003. O saldo de crédito concedido para aquisição de veículos foi de R$ 76,1 bilhões no Brasil, em setembro de 2007. “O crédito imobiliário no Brasil cresceu, sendo de R$ 1,9 bilhões em setembro, assim como o crédito pessoal de uso livre também subiu. O prazo médio de crédito contratado por pessoas físicas em 2005 era de 300 dias. Em setembro de 2007, foi para 441 dias, num volume de R$ 96,6 bilhões para pessoas físicas. Isto afeta diretamente a economia”, relacionou ainda Schmitt. COMÉRCIO - Por fim, em relação ao setor terciário, constata-se notável crescimento do comércio. Segundo o IBGE, o volume de vendas do comércio varejista do Paraná avançou 7,1% no acumulado de janeiro até o mês de setembro, com destaque para os ramos de móveis e eletrodomésticos e equipamentos de escritório e informática, que registraram acréscimos de, respectivamente, 10,6% e 27,6% nas vendas, ressaltando ainda mais a aceleração da atividade econômica no Estado. No anexo tabelas.

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