O Ipardes apresentou o estudo “Caracterização dos empreendimentos econômicos solidários no Paraná” durante o II Seminário Regional sobre Economia Solidária e o Desenvolvimento Regional, que aconteceu entre os dias 23 e 25 de setembro, em Maringá. A Economia Solidária compreende uma diversidade de práticas econômicas e sociais nas quais o processo produtivo é organizado pelos trabalhadores com as seguintes características: são gestores da produção e das relações de trabalho; participam do processo decisório; o processo produtivo é caracterizado pela solidariedade e pela cooperação, e podem se constituir em formas de cooperativismo e associativismo. A pesquisadora do Ipardes, Maria Salete Zanchet, explica os empreendimentos econômicos solidários, em sua grande maioria, fazem parte da história recente da economia paranaense. “É preciso levar em conta que a difusão da Economia Solidária é um processo lento. Nesses casos, os resultados não surgem de imediato e por vezes é necessário um longo período de maturação dos empreendimentos”, salientou. O estudo do Ipardes faz um mapeamento dos empreendimentos de economia solidária no Paraná com o objetivo de proporcionar a visibilidade à economia solidária e oferecer subsídios nos processos de formulação de políticas públicas. Os dados obtidos no mapeamento compõem o Sistema Nacional de Informações em Economia Solidária (SNIES), da Secretaria Nacional de Economia Solidária – Senaes do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE. No Paraná, com base no levantamento de campo realizado em 2005 e complementado em 2007, foram identificados e cadastrados no Sistema Nacional de Informações em Economia Solidária um total de 808 Empreendimentos Econômicos Solidários, localizados em 143 municípios. Isso significa dizer que esses empreendimentos estão presentes em pouco mais de um terço do total de municípios paranaenses. A maior concentração desses empreendimentos está nos municípios da Região Metropolitana de Curitiba e no município de Londrina, onde a população residente corresponde a 36% do total de 10 milhões de pessoas que vivem no Paraná. É possível destacar também um número expressivo de empreendimentos localizados nos municípios do sudoeste e do litoral paranaense. Na região norte paranaense, o município de Maringá e seu entorno (Sarandi, Mandaguaçu, Paiçandu e Marialva) agregam 18 empreendimentos cadastrados. Entre as áreas de atuação, 47% dos empreendimentos estão na área urbana, 32,8% na zona rural e 20,2% na área intermediária entre urbana e rural. Dos empreendimentos, 60% são informais, 29,3% organizados em forma de associações e 10,7% funcionam como cooperativas. A principal atividade econômica para as atividades da economia solidária é a indústria de transformação onde se inserem cerca de 62,3% dos empreendimentos descritos nos levantamentos de 2005 e 2007. As atividades econômicas da indústria de transformação mais freqüentes nos empreendimentos paranaenses são: fabricação de artefatos e artigos têxteis (artefatos à partir de tecidos – exceto vestuário, cordoaria e tapeçaria); confecção de artigos do vestuário (peças do vestuário e roupas íntimas, blusas, camisas e semelhantes); fabricação de produtos alimentícios (padaria, confeitaria e pastelaria; massas alimentícias; beneficiamento, moagem e preparação de produtos de origem vegetal); fabricação de produtos de madeira, cortiça e material trançado – exceto móveis. Os demais empreendimentos cadastrados estão identificados no comércio atacadista, crédito cooperativo e reciclagem de sucatas não metálicas e comércio atacadista de resíduos e sucatas. “Os dados do mapeamento dão pistas do caminho a percorrer na capacitação dos trabalhadores, de forma a vencer o individualismo e as formas pouco solidárias do desenvolvimento capitalista. Há que se observar a grande fragilidade de inserção dos seus participantes no mercado de trabalho”, concluiu Zanchet.