O Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) apresentou nesta quarta-feira (27), em Foz do Iguaçu, o mais completo estudo sobre o potencial da região Oeste do Paraná. O levantamento traz dados e análises sobre a formação e ocupação do território, crescimento e distribuição da população, agropecuária, indústria e agroindústria, emprego formal, serviços e comércio, infra-estrutura técnico-científica, tríplice fronteira, royalties e turismo. O objetivo do estudo é subsidiar políticas de desenvolvimento para a região.
Assim como o Estado do Paraná, a região Oeste, quando analisada no conjunto dos municípios paranaenses, é também diversa e desigual. A trajetória de sua ocupação descreve a inserção diferenciada de seus municípios na divisão social do trabalho, resultando em condições internas sociais bastantes heterogêneas, ao contrário de sua base econômica e institucional.
A região Oeste contava em 2007 com 1,2 milhão de pessoas. Entre os anos 1950/1970, a população total da região passou de pouco mais de 16 mil para mais de 760 mil habitantes, um crescimento não verificado em nenhuma outra região paranaense.
Nos 10 anos seguintes, 1970/1980, esse crescimento se desacelera e o espaço apresenta uma taxa de crescimento populacional de pouco mais de 2% ao ano, o que, representa um incremento em torno de 200 mil novos habitantes. Já com o início das obras de Itaipu (1973/1974), o município de Foz do Iguaçu salta de 33.966 habitantes, em 1970, para 136.321, em 1980. Isso significa que 50% do acréscimo populacional, registrado na região, deu-se apenas em um município.
A urbanização, acompanhando as fases de ocupação do território da porção Oeste, impulsionou a estruturação de uma rede de cidades que dá suporte à dinâmica produtiva regional. Essa rede articula um conjunto de 49 municípios, tendo como principais centros Foz do Iguaçu e Cascavel – únicos municípios do espaço com população urbana e total superior a 200 mil habitantes –, e Toledo, na classe subseqüente, com mais de 100 mil habitantes, tendo atingido esse patamar apenas na Contagem da População de 2007. Estes concentram 56,7% da população total do espaço. Do restante da população, as maiores proporções encontram-se em municípios com população entre 10 mil e 50 mil habitantes e 4,01% encontra-se em municípios com menos de 5 mil habitantes, que têm em Iguatu o extremo inferior, com 2.286 habitantes.
Aponta-se que o número de municípios posicionados em condições extremas, sejam estas as melhores ou as piores, cresceu no período considerado, favorecendo as melhores. Em 1991, 19 municípios posicionaram-se em mais de um indicador entre os 10% em melhores condições no Estado; em 2000 passaram a ser 22 municípios. No oposto, em 1991, 6 municípios apresentaram posição entre os 10% em piores condições no Estado, passando a 10 em 2000.
Alguns municípios sistematicamente posicionaram-se entre os melhores. Considerando os nove indicadores analisados em 2000, Marechal Cândido Rondon, Maripá, Quatro Pontes e Toledo sobressaem por apresentarem as melhores posições do Estado em sete indicadores. Entre os demais, muitos são municípios beneficiados pelo repasse de royalties.
Dos que se posicionam entre os 10% em piores condições no Estado, Ramilândia e Campo Bonito aparecem em quatro e três indicadores, respectivamente, o que demostra que, no conjunto, prevalecem as condições de melhor desempenho.
Com relação à presença de famílias pobres, em 2000, a região Oeste possuía aproximadamente 70 mil famílias vivendo com meio salário mínimo per capita, ou seja, 12,04% do total do Estado, sendo que mais de 26 mil (37,4%) famílias pobres presentes neste espaço residiam nos dois municípios mais populosos: Foz do Iguaçu e Cascavel.
Essas 70 mil famílias totalizavam um contingente de 278.251 pessoas vivendo uma série de privações em vários aspectos de suas vidas. Aproximadamente uma em cada quatro pessoas dessa espacialidade vivia em condições de pobreza.
Os indicadores sociais também mostram condições mais favoráveis em relação a outras espacialidades paranaenses, porém, sem motivos para euforia, já que os indicadores sociais do Paraná se colocam ainda em níveis inferiores quando comparados aos dos demais estados sulinos. Mesmo assim, cumpre apontar que o social, nas áreas rurais da Região Oeste, apresenta condições de menor criticidade que em áreas de periferias urbanas.
Particularmente Foz do Iguaçu, que concentra déficits em volumes expressivos, além de se sujeitar a problemas das mais complexas ordens, amplificados em sua condição fronteiriça: caso do tráfico de drogas, contrabando, entre outros crimes que se esvaem na transposição dos limites político-administrativos do País.
A região é uma área especializada na produção de proteínas animais. As cooperativas tiveram e têm participação decisiva em todo o processo, atuando em todas as etapas de constituição do “complexo soja” e da produção de proteínas animais. Nesse processo, os produtores também se especializaram, acompanhando os requisitos técnicos e a necessidade de maior eficiência no uso dos meios de produção. Até aqui essa trajetória não foi suficiente para alterar significativamente as condições de renda da população que aí vive e trabalha.
Em 2005, no espaço Oeste, estavam instalados 17 dos 300 maiores estabelecimentos industriais do Paraná, segundo o faturamento. Esses estabelecimentos foram responsáveis por 55,80% de todo o Valor Adicionado Fiscal industrial da região, num universo de 2.913 estabelecimentos.
A localização dos maiores estabelecimentos é a seguinte: sete em Cascavel, três em Toledo, e os outros sete estabelecimentos se distribuem em sete municípios – Cafelândia, Marechal Cândido Rondon, Palotina, Medianeira, Matelândia, Céu Azul e Itaipulândia. Ou seja, a produção industrial, tanto da ótica espacial quanto do ponto de vista empresarial, está concentrada em nove dos 49 municípios do espaço, principalmente em Toledo e Cascavel.
Em 2005, nesse espaço, 72,21% do Valor Adicionado Fiscal industrial total era gerado pela indústria de alimentos, fortemente concentrada na indústria de abate de animais, com 42,47%. Além disso, o segmento Fabricação de Produtos Alimentícios e Bebidas foi responsável por dois terços do total da variação absoluta do valor adicionado industrial entre 2000 e 2005.
Em relação aos empregos, são três os municípios que concentram a maior parte dos postos de trabalho formais: Cascavel, Foz de Iguaçu e Toledo, nessa ordem, mas que se distribuem diferentemente de acordo com os setores da economia.
Entre 1985 e 2005, 63% dos empregos formais criados no Oeste referiam-se aos setores do Comércio e Serviços, predominantemente constituídos por micro, pequenas e médias empresas. São também setores com contribuição fundamental na composição da renda da espacialidade.
Os novos postos de trabalho foram criados, na maioria, em faixas de remuneração mais baixas, ou seja, até 3 salários mínimos. Este foi também o comportamento de todo o Estado. Ocorre que no Oeste a proporção foi maior. Ao longo do período analisado, entre 1985 e 2005, essa espacialidade manteve participação maior que a média do Estado nas duas primeiras faixas (até 1 SM e de 1,01 a 3,00 SM) e participação menor nas faixas mais elevadas. Inclusive, de 1995 a 2000 houve perda absoluta de postos de trabalho na faixa de remuneração \\\'mais de 20 SM\\\', sem recuperação até 2005.
A estrutura criada no Oeste ampara principalmente a atividade agroindustrial, predominante na espacialidade, que possui, em 11 destes municípios, agroindústrias cooperativadas dedicando-se ao abate de suínos, bovinos e outras reses, abate e processamento de aves, preparação de carnes, sistema integrado de produção (ração-granjas-abatedouros), produção de óleos e gorduras vegetais, produção de trigo, laticínios e leite e processamento de mandioca.
Da mesma forma, o desenvolvimento da pesquisa e tecnologia no âmbito das instituições de ensino superior (IEs), entre universidades, faculdades e centros de educação tecnológica, públicas e privadas, concentra-se em sua maior parte em Foz do Iguaçu, Cascavel e Toledo (59,4%). Em 2007, são 32 campi e extensões ofertando diversos cursos direcionados ao atendimento da demanda dos setores industriais e de serviços mobilizados pelas cadeias produtivas agropecuárias.
Mais recentemente, a região transfronteiriça foi escolhida pelo governo federal para abrigar a futura Universidade Latino-Americana (UNILA), instituição federal que deverá reservar 50% das suas vagas a estudantes provenientes dos demais países da América Latina.
O estudo sobre o Oeste do Paraná pode ser acessado na página do Ipardes, endereço www.ipardes.gov.br.