Íntegra do discurso do governador Roberto Requião na abertura do III Festival de Cinema Brasileiro e Latino-americano

São 442 filmes inscritos; 60 longas brasileiros
Publicação
06/10/2008 - 19:32
Editoria
Cara Ittala Senhoras e senhores diretores, produtores, realizadores, atrizes e atores. Senhoras e senhores das comissões julgadoras. Alunos e professores de nossa Escola de Cinema. Paranaenses. Acredito que esta terceira edição do Festival de Cinema do Paraná represente a consolidação da nossa mostra no calendário brasileiro e latino-americano. Para quem faz cinema e gosta de cinema, o nosso Festival transforma-se em referência necessária. A Ittala apresentou-me alguns números expressivos. São 242 filmes inscritos; 69 longas brasileiros, sendo 15 inéditos; 16 filmes latinos; e 173 curtas metragens. Para um Festival tão jovem, é uma quantidade de obras apreciável. A satisfação do Governo do Paraná eleva-se ainda mais ao ver reunidos aqui mulheres e homens que fizeram e fazem a história do cinema brasileiro, como diretores, atores, produtores. Na Comissão Julgadora de longas metragens, por exemplo, vemos nomes que se confundem com a própria saga do cinema nacional, nas últimas cinco décadas, como Orlando Senna, que preside o júri, e Antonio Pitanga. E entre tantos destacados diretores, o Festival recebe com alegria uma obra de José Mojica Marins. A Ittala lembra-me também que o nosso Festival talvez seja o que concede os mais significativos prêmios em dinheiro dos tantos congêneres no país. É a nossa forma de homenagear os realizadores nacionais, de incentivá-los e agradecê-los pela contribuição ao desenvolvimento de nossa cultura. Uma das coisas que me encantam em nosso Festival é esse despojamento, que se retrata aqui na abertura, por exemplo. Não se vê aqui aquela tietagem toda, aquele excesso de luzes, passarelas e guarda-roupas que, mais das vezes, desvia o foco do que realmente interessa. Acredito que é assim que deva ser. No centro da cena, o cinema. A retrospectiva da obra de Glauber Rocha e dos filmes do diretor italiano Dino Risi, assim com o seminário “O Cinema que Pensa” dão esse sentido, qualificam o nosso Festival como um Festival de reflexões, de indagações, de reavaliações, de buscas. Tanto estéticas quanto políticas. Sem donos da verdade. Apenas homens e mulheres que pensam, debatem e avançam. O Festival de Cinema do Paraná é uma conseqüência direta da nossa Escola Superior Sul Americana de Cinema e TV, uma escola pública, que busca fundar um novo pólo de cinema no Brasil. Se, em todos os ramos de atividades econômicas, o Brasil tende a ser cada vez mais policêntrico, também a cultura, a produção de cultura deve desconcentrar-se, deixar de gravitar em torno de Rio-São Paulo. O Paraná está contribuindo para entortar, adernar esse eixo. O Museu Oscar Niemeyer, onde estamos abrindo o Festival, já faz isso. O MON é hoje o mais ativo dos museus brasileiros. Valho-me de uma declaração recente de Paulo Herkenhoff, que assegura: “Pouquíssimos museus brasileiros têm hoje um programa expositivo tão vigoroso como a instituição paranaense.” De fato. Basta que se faça um balanço do que os grandes museus brasileiros expuseram e promoveram nos últimos dois anos, para que se comprove a supremacia do Museu Oscar Niemeyer. Hoje, quando se fala em artes plásticas, o MON é referência inescapável. Da mesma forma, pretendemos que assim seja com a produção cinematográfica. A Escola e o Festival escoram a possibilidade de construirmos e consolidarmos aqui um forte pólo de cinema. Um pólo que seja como este Festival. Instigador, vivo, que ouse pensar e ouse fazer. Que não se distancie de nossa realidade. Que contribua para modificá-la. Sonho ainda ver aqui um pólo cinematográfico que seja o mais ativo elo de integração com o cinema latino-americano, especialmente com os nossos irmãos do Cone Sul, do Mercosul. Não acredito em integração, em quebra de preconceitos, em combate à xenofobia sem que haja a integração cultural. Ela vem antes de tudo. Ela vem antes da integração econômica, monetária, fiscal, o que seja. Sem aproximação, entrelaçamento, simbiose cultural, não avançaremos na derrubada das barreiras que nos apartam. Daí o meu entusiasmo com este Festival. Daí o interesse do Governo do Paraná de vê-lo rompendo as nossas fronteiras, atraindo cada vez mais realizadores da Argentina, do Uruguai, do Chile, do Paraguai, da Bolívia, do Peru, da Venezuela, do Equador, dessa Latino América toda. Irmãs e irmãos latino-americanos, bem-vindos e obrigado por comparecer a este Festival com as suas obras e idéias. À Ittala, aos professores e aos alunos da Escola de Cinema os cumprimentos do Governo do Paraná pelo Festival. A todos, um ótimo Festival.