Restando poucas semanas para o Natal e festas de final de ano, uma surpresa nada agradável aguarda os motoristas paranaenses nas praças de pedágio: mais um reajuste de tarifas. Os índices apresentados pelas concessionárias (9,74%) foram negados pelo Governo do Paraná, mas autorizados por liminares concedidas pela Justiça. As seis empresas que administram cerca de 2,5 mil quilômetros de rodovias no Estado aplicam os novos valores desde o primeiro minuto desta segunda-feira (1º).
O aumento nas tarifas foi recebido com indignação pelos motoristas, motociclistas, comerciantes das estradas e, principalmente, pelos caminhoneiros. “Esse aumento só piora a nossa situação. Vai pesar ainda mais no orçamento e teremos que nos apertar ainda mais”, resumiu o transportador Jurandir Rank, de Ponta Grossa. Para Rank, que trabalha como autônomo, a situação é mais complicada – o dinheiro deixado nas praças de pedágio geralmente sai do seu frete. “O frete não aumenta e não sobra nada para o caminhoneiro. Eu deixo de comprar pneus novos e de gastar na manutenção do meu caminhão”, diz.
As críticas são feitas não somente ao preço, mas também à qualidade das vias pedagiadas. “Pelo preço que a gente paga, as estradas poderiam estar melhores. Se cobrassem R$ 2 o eixo já seria um preço bom para trafegar em pista simples como acontece em muitos trechos”, desabafou Rank.
Anderson Zamperlini trabalha em uma empresa e é ressarcido do valor do pedágio, mas como também experimenta longas jornadas nas estradas, concorda com Rank quando o assunto é a relação entre preço e qualidade. “O pedágio não representa impacto no meu orçamento, mas é muito caro. E as estradas poderiam melhorar pelo preço que cobram e pelo volume de veículos que vemos todos os dias rodando. Não é pouca a arrecadação dessas empresas e ainda há muito trecho perigoso e de pista simples no interior”, afirma.
Outro caminhoneiro autônomo, João Pacher, reclama da grande quantidade de praças de cobrança e da proximidade delas. Ele vem do Mato Grosso do Sul para Paranaguá, passando por Londrina e Ponta Grossa. “Pago cerca de R$ 400 em pedágio. Apenas nos 200 quilômetros entre Ponta Grossa e Paranaguá são quase R$ 200”, calcula.
EMPREGOS - Ricardo Cordeiro dos Santos também trabalha em uma empresa e geralmente fica nas rotas entre São Paulo e Goiás. A caminho de Paranaguá, já fazia as contas. “Só de pedágio vão mais de R$ 120. O impacto grande é da empresa, além dos impostos e outras despesas. Prejudica o meu emprego e a contratação de outros motoristas”, diz.
Para não perder o cliente, Ludegel Aparecido de Abreu, não pode repassar o custo do pedágio para quem o contrata para fazer mudanças e fretes. “Se eu repassar, o cliente acaba procurando outra pessoa para fazer”, constata.
O aumento das tarifas de pedágio foi recebido também com ironia nas estradas do Paraná. O auxiliar gráfico Ronaldo Portela Ribeiro classificou o reajuste como “um grande presente de Natal”. Ribeiro disse que vai manter os planos de viajar no final de ano com a família para o Litoral do Paraná, mas os novos preços vão pedir uma reformulação no orçamento. “Vou continuar com meus planos de viajar, mas vamos ter que economizar. A gente já sai com dinheiro certo para passar os quatro ou cinco dias”, relata.
Indignação toma conta dos motoristas com aumento do pedágio nas estradas
Reajustes de tarifas foram negados pelo Governo do Paraná, mas Justiça autorizou
Publicação
01/12/2008 - 15:05
01/12/2008 - 15:05
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