III Encontro Terra e Cidadania debate acesso à terra e à moradia

A relação entre reforma agrária e urbana e o meio ambiente foram o destaque das palestras do III Encontro Terra e Cidadania, realizado nesta quinta-feira (30), em Curitiba
Publicação
31/07/2009 - 11:00
Editoria
A relação entre reforma agrária e urbana e o meio ambiente foram o destaque das palestras do III Encontro Terra e Cidadania, realizado nesta quinta-feira (30), em Curitiba. O encontro é promovido desde 2007 pelo Instituto de Terras, Cartografia e Geociências (ITCG), autarquia da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, que neste ano debateu os meios de acesso à terra e à moradia. “A reforma agrária, além de desconcentrar as terras também pode ser o grande programa do país para a união entre meio ambiente e a produção agrícola, já que os assentamentos incluem medidas ambientais como premissas”, disse Claudia Sonda, superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária do Paraná (INCRA), em sua explanação. Claudia também desmistificou a hipótese de que os movimentos sociais campesinos sejam os grandes predadores ambientais no Paraná. “De 1890 a 1980 o Paraná perdeu 80% da sua cobertura florestal e não existiam os movimentos sociais do campo. O MST, por exemplo, é de 1984. Isto demonstra que a ligação entre os movimentos e a degradação do meio ambiente não procede, pois quase todos surgiram na década de 80 e, de lá para cá, a cobertura florestal praticamente não mudou”, explicou. Reforma urbana - A tônica da palestra seguinte foi reforma urbana e o acesso à moradia. Estimativas apontam que, nas capitais brasileiras, cerca de 30% das pessoas moram em áreas irregulares, e a tendência é um crescimento vertiginoso. “O problema da moradia é preocupante, as pessoas não evaporam depois da jornada de trabalho. Elas precisam de uma moradia digna e a única forma que encontram é invadindo”, alertou Ermínia Menon Maricato, doutora em arquitetura e urbanismo da USP. Para Ermínia, que já foi secretária de urbanismo de São Paulo durante a gestão da ex-prefeita Luiza Erundina, existe uma lógica curiosa em colocar as pessoas mais pobres e que não têm acesso à moradia em áreas de preservação ambiental. “É incrível a coincidência. Se analisarmos, veremos que as periferias e as áreas onde está a maioria das moradias irregulares (favelas) são, justamente, onde encontramos as áreas de proteção ambiental. Isto porque, nestes lugares, o mercado imobiliário não pode atuar”, salientou. Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), citou Ermínia, é um exemplo claro desta relação. A cidade é conhecida por ser a principal fonte de abastecimento de água de toda a RMC, e possui metade da sua população morando em palafitas e favelas. “Há um esvaziamento das áreas centrais, onde opera o mercado imobiliário, e uma concentração populacional nas periferias. Por isto, sempre os pobres estão em desacordo com as leis”, completou.