O avanço no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das pessoas negras do Paraná supera os ganhos observados na média nacional e nos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, segundo relatório da ONU. O Paraná, que em 2002 tinha a nota 0,746, passou a contar com a nota 0,765 em 2005. O índice vai de 0 a 1. Quanto mais perto do 1, maior o desenvolvimento humano. O IDH leva em consideração os componentes longevidade, educação e renda.
Os dados constam no relatório “Emprego, Desenvolvimento Humano e Trabalho Decente – A experiência brasileira recente”, lançado em setembro por três agências da ONU: Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe), OIT (Organização Internacional do Trabalho) e PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).
Comparando os ganhos obtidos de 2002 para 2005 no IDH das pessoas negras, o Brasil avançou 16 pontos, saindo da nota 0,727 para 0,743. Santa Catarina se mantém com a nota 0,775 e Rio Grande do Sul subiu de 0,756 para 0,773 na avaliação.
De acordo com uma pesquisa que resultou no livro “Paraná Negro”, lançado este ano pela Fundação da Universidade Federal do Paraná (Funpar), quando ocorreu a emancipação política do Paraná, em 1853, 40% da população do Estado era composta por negros. Hoje, eles representam 24%, o que confere ao Paraná a maior população negra do Sul do país. Em Curitiba, segundo a pesquisa, estão 7% desta população.
Segundo análise do presidente do Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Manuel do Santos, ao avançar mais que a média nacional e que os estados vizinhos, o Paraná caminha rapidamente para que nos próximos relatórios a avaliação do IDH para a população negra do Estado se iguale e até supere a nota conquistada por Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
“Esse avanço reafirma o compromisso assumido pelo governador Roberto Requião em priorizar as políticas voltadas aos mais pobres e aos mais desfavorecidos, como é o caso da população negra. As políticas para as pessoas negras do Paraná partem da Secretaria de Assuntos Estratégicos, confirmando dessa forma, a importância que é dada a essa população”, enfatizou Santos.
O componente longevidade, que mede a esperança de vida ao nascer, mostra que o Paraná saiu de 0,758, em 2002, para 0,782, em 2005. A média nacional evoluiu menos no mesmo período.
A Secretaria de Estado da Saúde desenvolve um programa específico de atenção a saúde dos negros do Paraná, definindo intervenções para patologias que incidem prioritariamente sobre este grupo étnico.
A Sanepar em conjunto com a Funasa está executando um programa de módulos sanitários que irá atender, a curto prazo, cerca de 800 famílias quilombolas em todo o Estado do Paraná.
A geração de emprego/renda no Estado conferiu às pessoas negras do Paraná um ganho na nota, passando de 0,633, em 2002, para 0,654, em 2005. O progresso no componente renda foi maior que o obtido entre as pessoas brancas. Na avaliação nacional para o IDH das pessoas negras, o Brasil também avançou de 2002 para 2005.
“A diferença entre o IDH de negros e brancos não ocorre somente no Paraná. É um problema sofrido em toda a sociedade brasileira, mas ver que o Estado confere progressos maiores às pessoas negras é sinal de que, aqui, a luta pela diminuição da desigualdade é salutar e de forma muito mais acelerada”, avaliou Santos.
POLÍTICAS - A Secretaria Especial para Assuntos Estratégicos, através do Grupo de Estudos Clóvis Moura, desenvolveu um levantamento antropológico e cultural que culminou com a identificação de 41 grupamentos de descendentes de negros escravizados no Paraná.
Deste total, 36 já foram reconhecidos pela Fundação Palmares. Outros 28 grupos estão ainda em fase de análise. Há também uma parceria com a Secretaria de Ciência e Tecnologia e com as Universidades Estaduais para acelerar o processo de reconhecimento das comunidades quilombolas no Paraná.
A retirada da invisibilidade desse grupo étnico, permitiu ao Governo do Paraná implementar uma série de políticas afirmativas e a criação de programas estratégicos para a solução de problemas para estas comunidades. Destacam-se o sistema de cotas nos concursos públicos realizados no Paraná para afrodescendentes, a definição de cotas para acesso a Universidades Estaduais, a qualificação de educadores negros que atuam nas escolas públicas, a implantação de telecentros em comunidades quilombolas, os programas sociais como Luz Fraterna, a construção de moradias através da Cohapar e o Programa do Leite.
Também a Secretaria de Agricultura tem dado prioridade às comunidades quilombolas, com distribuição de sementes e apoio à agricultura familiar.
A Secretaria de Educação desenvolve conteúdos educacionais próprios para as comunidades quilombolas, constrói escolas e prepara professores para atuarem na educação de jovens e adultos nas localidades onde vivem os quilombolas.
IDH da população negra do Paraná avança mais que a média brasileira
Os dados constam no relatório “Emprego, Desenvolvimento Humano e Trabalho Decente – A experiência brasileira recente”, lançado em setembro por três agências da ONU
Publicação
01/10/2008 - 09:10
01/10/2008 - 09:10
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