O presidente do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Vitor Hugo Burko, notificou, nesta quarta-feira (09), a prefeitura de Curitiba a indicar, em 15 dias, uma solução para o sistema de tratamento de efluentes do aterro da Caximba. Foi comprovado o lançamento de chorume do aterro sanitário diretamente no Rio Iguaçu e em níveis que superam em 60 vezes os padrões estabelecidos pela legislação ambiental. A notificação inclui a possibilidade de multa diária em função da desconformidade ambiental.
Os laudos emitidos pela diretoria de Estudos e Padrões Ambientais do IAP (Depam) apontam comprometimento da qualidade da água do rio, principalmente nos níveis de toxicidade, medidos pelos efeitos em daphnias (pequenos crustáceos de água doce, que servem de alimento para peixes). Em água de rios, a legislação permite fator 1 de toxicidade para esse organismo vivo, sendo que o resultado obtido pelo IAP foi de 64.
A Depam realizou uma campanha completa de monitoramento da qualidade da água, em novembro, avaliando a qualidade do efluente lançado nas cavas do Rio Iguaçu e no próprio rio - antes e depois do local de lançamento do chorume. As coletas foram realizadas nos pontos chamados Caximba 03, Caximba 05, Caximba 06, Cava Preta e Caximba 14.
OXIGÊNIO – Outro parâmetro avaliado pelo IAP foi a Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), usada para mensurar a quantidade de matéria orgânica presente em um efluente ou corpo hídrico. O parâmetro de DBO permitido pela legislação do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) é, no máximo, 5 miligramas por litro. Em um dos pontos monitorados, os níveis de DBO apresentaram índices de 56 miligramas por litro, dez vezes superior aos níveis permitidos.
“Níveis de DBO superiores aos padrões permitidos comprometem a quantidade de oxigênio dissolvido na água e, consequentemente, toda forma de vida aquática”, explica Ana Cecília Bastos Aresta Novacki, engenheira química do IAP.
Também foram avaliados os níveis de Demanda Química de Oxigênio (DQO) que, além do oxigênio, mede a presença de substâncias químicas. Os níveis de DQO permitidos são de 150 miligramas por litro e os resultados das análises apontaram níveis de 2.640 miligramas por litro.
CONSUMO – Com base no parecer técnico do IAP, Burko determinou a coleta de água em todos os poços de captação na região da Cachimba. “O IAP fará o monitoramento da água dos poços nas propriedades vizinhas ao aterro, para avaliar o nível de contaminação. Dependendo dos resultados, vamos comunicar a Secretaria de Saúde para que tome as providências adequadas.” A contaminação nas áreas vizinhas ao aterro é notória, pois a vegetação está secando.
Segundo ele, enquanto não forem implantadas as medidas de tratamento propostas pela prefeitura no plano de encerramento – tecnologia que pretende utilizar as cavas do rio com auxilio de vegetação para uma depuração adicional dos efluentes – persistirá a divergência entre o IAP e o órgão municipal em relação à qualidade do efluente final.
“Até a implementação desta nova tecnologia as áreas das cavas não podem ser consideradas parte do sistema de tratamento”, enfatiza Burko. Os laudos técnicos do IAP serão enviados para a prefeitura de Curitiba e Secretaria Municipal do Meio Ambiente, juntamente com a notificação.
IAP constata níveis altos de toxicidade no aterro da Caximba e notifica prefeitura
Índice medido com organismo vivo é 60 vezes superior ao permitido e de demanda de oxigênio, 50 vezes
Publicação
09/12/2009 - 15:30
09/12/2009 - 15:30
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