Começa neste domingo, dia 19, a trigésima edição do horário de verão brasileiro. À meia-noite de sábado para domingo, os relógios deverão ser adiantados em uma hora nos estados das regiões Sul e Sudeste e, ainda, no Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal.
Este domingo de 23 horas será compensado mais adiante com um sábado de 25 horas, o dia 14 de fevereiro de 2004, que vai marcar o término da vigência da medida.
O horário de verão tem por objetivo aliviar as condições de operação do sistema elétrico interligado no período crítico do dia, entre 18 e 21 horas, quando a demanda por energia atinge seus patamares mais elevados.
Isso acontece porque o adiantamento dos relógios também antecipa a demanda máxima de certas categorias de consumo, como a residencial, por exemplo: seu pico de demanda passa a ocorrer ainda com o dia claro, sem coincidir com o acionamento dos sistemas de iluminação pública, cujas lâmpadas se acendem automaticamente por relés sensíveis à redução da luminosidade ambiente.
“Uma Londrina” – Essa folga operacional no “horário de ponta” é estimada em algo como 5% da potência que normalmente transita pelo setor elétrico nesse período. Isso pode ser traduzido como 2.230 megawatts de potência evitada em toda a área de abrangência do horário de verão, ou o equivalente à demanda no pico de consumo do estado de Santa Catarina. No sistema operado pela Copel, a redução de carga no horário crítico deverá ser de 6% ou de 200 megawatts, o que equivale à demanda, nesse período, da cidade de Londrina, o segundo maior centro urbano do Paraná.
“Muita gente pensa que a finalidade do horário de verão é reduzir o consumo de energia, mas os efeitos práticos nesse campo são insignificantes”, comentou a engenheira Christina Courtouke, da coordenação de Operação da Copel. Segundo sua avaliação, o impacto da medida não deve ultrapassar a 0,5% de economia, em decorrência da redução no uso de iluminação artificial pelo melhor aproveitamento da luminosidade natural.
Histórico - Desde 1985 o horário de verão tem sido adotado com regularidade no país, recebendo a aprovação da maior parte da população: a possibilidade de usar para atividades de lazer as horas adicionais de claridade no final do dia é o principal atrativo do novo horário, além da sensação de segurança de retornar ao lar após o expediente com o dia ainda claro.
A história do horário de verão no Brasil começou na década de 30, pelas mãos do então presidente Getúlio Vargas: sua versão de estréia durou quase meio ano, vigorando de 3 de outubro de 1931 até 31 de março de 1932.
Nos 35 anos seguintes, a medida foi instituída em nove oportunidades: em 1932, de 1949 a 1952, em 1963 e de 1965 a 1967. Depois de muitos anos esquecido, o horário de verão ressurgiu em 1985 por decreto do presidente José Sarney, não deixando de ser adotado desde então.
Diz a história que em 1784 Benjamin Franklin teve a idéia de aproveitar melhor a época do ano em que os dias são mais longos que as noites como forma de economizar velas. Na Inglaterra, em 1907, um construtor chamado William Willett, membro da Sociedade Astronômica Real, deu início a uma campanha que propunha alterar os relógios no verão para reduzir o que classificava de “desperdício de luz diurna”.
Willett morreu em 1915, um ano antes de a Alemanha adotar sua tese e se tornar o primeiro país no mundo a implantar o horário de verão.