Hepatites B e C também podem ser transmitidas em salões de beleza

Nos últimos quatro anos, mais de 4 mil pessoas foram diagnosticadas e notificadas com a doença em todo o Estado. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) a doença pode atingir cerca de 1% da população mundial
Publicação
01/09/2010 - 16:46
Editoria

Confira o áudio desta notícia

Fazer as mãos e os pés em salões de beleza. Esse hábito tão normal entre milhares de mulheres as expõe a diversas situações de risco. Entre elas, o contágio da hepatite B e C, que ocorre na maioria das vezes por descuido desses profissionais que acabam tendo contato com o sangue ao manusear objetos cortantes.
Além do alicate de cutícula, o palito de madeira utilizado para limpar a unha também pode ser um meio de contaminação entre os profissionais e clientes.
A exposição à doença pela falta de cuidados com a esterilização dos instrumentos de trabalho e o desconhecimento sobre as maneiras de contágio da hepatite fazem aumentar o risco de transmissão da doença.
“O ideal é que cada pessoa leve o seu próprio material quando for ao manicure. Isso evitaria a transmissão não apenas da hepatite, mas também de outras doenças”, afirma o coordenador do Programa de Hepatites Virais da Secretaria de Estado da Saúde, Renato Lopes. “Porém, na impossibilidade de ter o próprio kit com material devemos ter outros cuidados para evitar a doença”, acrescenta.
De acordo com Lopes, outra forma de prevenção da doença em ambientes como esse é de averiguar a higiene do local. “Podemos nos prevenir avaliando bem o local onde vamos e os cuidados de higiene que esses profissionais tem em seus ambientes de trabalho, além de escolher salões com licenciamento da Vigilância Sanitária”, aconselha.
Outro perigo é que os vírus da hepatite permanecem dias num aparelho como o alicate de unha se este não for devidamente esterilizado. “Mesmo em pequenos volumes o vírus pode contaminar uma pessoa que tenha um ferimento minúsculo”. Segundo Lopes, o HIV, por exemplo, também pode ser transmitido acidentalmente, mas é necessário um volume infinitamente maior de sangue.
A esterilização desses equipamentos deve ser feita em pequenas estufas, como as usadas em hospitais e devem atingir, em média, 160º a 170º e por um período de no mínimo uma hora. O palito de madeira não tem como esterilizar e deve ser jogado fora.
A Vigilância Sanitária fornece autorizações de funcionamento. Caso o salão seja aprovado, há um certificado que comprova a autorização de funcionamento. Para ter a garantia de estar em um estabelecimento regularizado, o consumidor poderá questionar em qualquer momento se o salão de beleza possuiu o certificado dado pela vigilância sanitária. Em Curitiba, por exemplo, o salão que for flagrado descumprindo normas de funcionamento recebe multas que podem variar de R$ 133 a R$ 4 mil.
Nos últimos quatro anos, mais de 6 mil pessoas foram diagnosticadas e notificadas com a doença em todo o estado. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença pode acometer cerca de 1% da população mundial. “Muitas pessoas têm a doença e nem sequer imaginam que são portadoras, pois não apresentam sintomas”, conclui Lopes. A doença, se não cuidada, pode evoluir para cirrose e até mesmo para o câncer de fígado.

GALERIA DE IMAGENS