Greve de eletricistas já prejudica atendimento da Copel à população

Sindicatos descumprem lei, não mantêm efetivo mínimo de pessoal e prejudicam o povo
Publicação
20/07/2007 - 17:50
Editoria
A Copel não está conseguindo atender no tempo devido as solicitações de serviço feitas pelos consumidores em algumas regiões do Paraná. A causa é um movimento grevista patrocinado por sindicatos de eletricitários que, contrariando a legislação, não mantêm o efetivo mínimo de 30% da força de trabalho para evitar prejuízo à prestação de serviços essenciais. Com isso, a atuação da Copel está sendo dificultada em diversos municípios das regiões Norte e Noroeste, e na cidade de Foz do Iguaçu. Segundo registros da concessionária, há solicitações como pedidos de ligação e de religação que não estão sendo atendidos no prazo habitual mesmo com a adoção de medidas emergenciais, como a contratação de empresas prestadoras de serviço e reforço de equipes com deslocamento de pessoal disponível em outras localidades. Apesar do empenho em suprir a obrigação que seria dos sindicatos, o esforço não está sendo suficiente para dar conta de todas as solicitações e a população pode estar sendo prejudicada. Greve descabida Para a Copel, a greve que está prejudicando a normalidade do atendimento à população é “descabida, despropositada e injustificável”. O motivo que levou parte dos eletricistas à paralisação é a adoção, pela Companhia, de um dispositivo que monitora a utilização dos veículos da sua frota e registra uma série de dados e informações que vão auxiliá-la a gerenciar melhor esses custos. Entre as informações coletadas pelo dispositivo está o tempo efetivo de deslocamento dos veículos, que serve de base para o cálculo de uma verba paga aos eletricistas, o “adicional de dupla função”, que os remunera pelo trabalho de também dirigir o veículo da Companhia. Até recentemente, os próprios eletricistas é que faziam o apontamento manual do tempo que passavam dirigindo. Tais anotações, obrigatórias, eram um encargo adicional para os empregados e nem sempre conseguiam ser precisas ou exatas, fato que dava margem a distorções que acabaram eliminadas com o uso do dispositivo eletrônico. Para fundamentar o movimento de greve, os sindicatos que representam os eletricistas alegam que a adoção da novidade provocou perdas na remuneração "de até 40%", como informam. No entanto, como não houve qualquer alteração nos valores nem na forma de cálculo da gratificação paga, a Copel sustenta que os empregados que faziam anotações manuais no modelo antigo com fidelidade e exatidão não tiveram qualquer redução no adicional de dupla função. Na avaliação da empresa, parece haver eletricistas querendo receber por trabalho que não estão fazendo. Adicional O adicional de dupla função foi instituído há mais de 20 anos, com objetivo de remunerar o eletricista nas ocasiões e pelo tempo em que ele também fizesse as vezes de motorista. Assim, ao descer do veículo para fazer seu serviço de eletricista, o empregado deixa de ser motorista e, portanto, deixa de fazer jus ao adicional. Nesse momento, ele deveria lançar na papeleta de controle o horário em que parou o veículo e, após, quando retomou o volante. Ao final do mês, o número de horas dirigidas eram compensadas pela Copel. Com a evolução da tecnologia, o controle manual acabou substituído por um dispositivo eletrônico que armazena essas e outras informações úteis à Copel para o gerenciamento da sua frota, facilitando a programação das paradas para manutenção e minimizando os riscos de pane ou quebra. Para a empresa e para quem paga a conta de luz, a adoção do dispositivo nos veículos da Copel foi um avanço, pois ajuda a monitorar custos e a reduzir despesas que refletirão, ao final, nas tarifas pagas pela população. Com essa greve, no entanto, os sindicatos parecem estar pretendendo confiscar da Copel a obrigação e o direito que a empresa tem de procurar gerenciar da melhor maneira os seus custos de operação.