A Secretaria do Trabalho, Emprego e Promoção Social (Setp) e o Conselho Estadual do Trabalho, realizaram reunião especial nesta sexta-feira (27) para discutir os desdobramentos dos recentes acidentes de trabalho que aconteceram em fábricas de Pato Branco, sudoeste do Paraná.
Funcionários de duas fábricas da cidade, pertencentes ao mesmo grupo empresarial, tiveram lesões graves no serviço, como amputações, perfurações no pulmão e queimaduras. Mas o mais preocupante, de acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos do município, Ari Martins da Silva Pinto, é que estes empregados não recebem tratamento adequado e ficam sem estabilidade após os acidentes.
“As empresas usam máquinas perigosas, sucateadas, e colocam em risco a vida dos funcionários. Além disso, estas fábricas empregam pessoas por contrato temporário, com duração de até 90 dias, quando se machucam em serviço ficam sem qualquer ajuda e depois de receberem alta são mandadas embora”, explica.
Para o coordenador de Relações do Trabalho da Secretaria, Núncio Mannala, existem dois problemas na região que serão acompanhados pelo Governo do Estado. O primeiro é quanto à gravidade e o número de acidentes de trabalho, o outro é o uso de funcionários temporários para funções perigosas e a falta de auxilio em caso de acidentes.
“Sugerimos a criação de um acordo tripartite, com a participação do governo, empresários e trabalhadores. O modelo já existe em São Paulo e prevê ações de cuidado e proteção de funcionários envolvidos em situações de risco no trabalho”, diz Mannala. “Outro agravante é que alguns Estados proíbem determinadas máquinas, por serem antigas e perigosas. Assim, elas são vendidas para pequenas fábricas e continuam causando acidentes”, completa.
Os últimos dados da DataPrev (Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social), ligada ao Ministério do Ministério da Previdência Social, mostram que em 2006 foram 36.995 acidentes de trabalho no Paraná. No mesmo ano o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego registrava um total de 86.396 trabalhadores formais.
O presidente do Conselho, Carlos Zimmer, ressaltou a importância da fiscalização, que segundo ele deve partir da Superintendência Regional do Trabalho. “Certamente vamos nos manter informados e acompanhar os casos de acidentes que acontecem não apenas em Pato Branco, mas em todo o Estado e não só com os metalúrgicos e sim com os trabalhadores em geral. Entendemos que a ação deve ser em âmbito regional”, explicou. Outra medida a ser tomada será entrar em contato com a Secretaria de Saúde para desenvolver um trabalho em parceria no combate aos acidentes de trabalho.
CASOS - Durante a reunião foram apresentadas as histórias de três dos funcionários acidentados na cidade. Para proteger a identidade dos trabalhadores foram usados nomes fictícios.
José trabalhava em uma fábrica de fogões quando aconteceu uma explosão nos fornos de fundição que operava. Além de diversas lesões e queimaduras pelo corpo, ele teve o pulmão perfurado e a visão danificada permanentemente. Um mês antes, na mesma empresa, João perdeu o dedo polegar na mão esquerda.
Ana trabalhava em uma outra fábrica de eletrodomésticos. Um acidente com uma máquina, no início do mês de maio, resultou na perda da mão direita.Todos eles tinham contrato por tempo de experiência, e estão sem trabalho.
Governo vai acompanhar situação de acidentes de trabalho em Pato Branco
Funcionários de duas fábricas da cidade, pertencentes ao mesmo grupo empresarial, tiveram lesões graves no serviço, como amputações, perfurações no pulmão, queimaduras e até mortes
Publicação
27/06/2008 - 15:16
27/06/2008 - 15:16
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