A Companhia de Habitação do Paraná realizou nesta quinta-feira (13) sorteio para distribuir mais 37 sobrados a famílias beneficiadas pelo programa de regularização fundiária Direito de Morar na Vila Zumbi dos Palmares, em Colombo (Região Metropolitana de Curitiba). “Os primeiros 137 sobrados que estamos construindo destinam-se a famílias que vivem em situação de risco social e ambiental às margens do Rio Palmital”, explicou a presidente da Cohapar, Rosângela Curra. Esse foi o segundo sorteio realizado pela Cohapar — o primeiro, em março, definiu quais os imóveis serão destinados a 44 famílias que estão em situação mais precária, e que serão as primeiras a deixar a margem do Palmital. “Cada família pode eleger qual será seu sobrado, de acordo com sua conveniência. Os sorteios definem apenas quem terá a prioridade na escolha”, disse Rosângela. O Governo do Paraná está investindo R$ 3,7 milhões na construção de 281 imóveis, destinados a famílias que atualmente vivem em áreas de risco ou de preservação ambiental, às margens do Rio Palmital e da antiga BR 116. O Direito de Morar está em andamento na Vila Zumbi desde 2004. A intervenção tem investimentos de R$ 21 milhões, autorizados pelo governador Roberto Requião no ano passado, e beneficia 1.797 famílias. As primeiras unidades devem ficar prontas até o final de abril. Assim que as famílias começarem a mudar-se para os sobrados, começam as obras de contenção do Rio Palmital, que irão evitar as enchentes que hoje são comuns na área. Os recursos estão sendo aplicados em ações que incluem urbanização e recuperação ambiental (R$ 9,6 milhões), sistema de drenagem de águas pluviais (R$ 4,6 milhões), pavimentação e paisagismo das ruas (R$ 3,4 milhões), instalação de rede de esgoto (R$ 1,2 milhão), melhoria nas instalações de 400 moradias (R$ 2,6 milhões) e construção dos sobrados (R$ 3,7 milhões). Além disso, serão construídas duas creches com capacidade para 400 crianças, um centro comunitário e uma central de carrinheiros com barracão para reciclagem de lixo, que somam investimentos de mais de R$ 1 milhão. Ação integrada — “É uma ação ousada do Governo do Estado e um projeto prioritário para a Cohapar”, afirmou Rosângela. De acordo com ela, o desafio de transformar a Vila Zumbi, uma das maiores ocupações irregulares da Região Metropolitana de Curitiba, está sendo vencido. “São ações conjugadas entre vários órgãos do Governo e a comunidade. Todos os passos do programa Direito de Morar foram discutidos com os moradores. Nossa preocupação não é apenas oferecer moradia, mas levar cidadania e dignidade a todas as pessoas que vivem na Vila Zumbi. Para isso, elaboramos um projeto que inclui equipamentos urbanos, capacitação e geração de emprego”, explicou. O predreiro Adair Trajano da Silva chegou há dez anos à Vila Zumbi, vindo de Chopinzinho, onde era trabalhador rural. “Vim tentar a vida em Curitiba e não me arrependo”, diz ele. Atualmente, Adair trabalha na construção dos 281 sobrados. “Em dez anos, nunca vi nada igual. É uma satisfação muito grande ver que faço parte dessa mudança. Trabalho com muito gosto e capricho porque sei que vou morar numa dessas casas com minha família, e agora teremos um endereço e maior segurança”. A opinião do pedreiro é compartilhada pela comerciante Neusa Aparecida Gonçalves, sorteada com o primeiro sobrado. Moradora da área desde 1989, vinda do interior de São Paulo, ela acompanhou o crescimento do bairro. “Naquela época havia poucas casas e muito barro. Aos poucos o lugar foi crescendo, mas por ser uma ocupação irregular as autoridades nem queriam saber de nossos problemas. Agora vemos nossa Vila se transformar num local digno e desenvolvido. A Cohapar fez um serviço muito bem feito”, disse Neusa. “Fico mais tranqüila ao ir para um lugar legalizado”, diz Rosa Karpinski Morais, 50 anos. Ela veio há 14 anos de Quedas do Iguaçu para acompanhar o tratamento de saúde do marido e nunca mais foi embora. Com quatro filhos adotados, ela se disse muito feliz com a nova moradia. “A Vila Zumbi vai ficar muito bonita e valorizada. Antigamente, a vida era muito difícil aqui, tínhamos que carregar um par de sapatos extra devido à lama, enfrentávamos tiroteios entre bandidos e sofríamos com a falta de estrutura. Por isso, valorizo o trabalho que a Cohapar está fazendo. É realmente muito bom saber que o governo está se preocupando com esse lugar e fazendo coisas para melhorar a vida de todos”, disse Rosa.