Governo presta assistência para índios acusados de participar de conflito

Índios paranaenses não estavam em Santa Catarina no momento do conflito
Publicação
18/02/2004 - 00:00
O secretário especial para Assuntos Estratégicos, Nizan Pereira, confirmou nesta quarta-feira (18) que o Governo do Estado está prestando assistência jurídica aos índios paranaenses acusados de ter participado do conflito de terras que ocasionou a morte de um fazendeiro em Santa Catarina. Segundo o secretário, o governo confia plenamente na inocência dos índios e no que vem sendo dito pelos caciques paranaenses. Eles afirmam que chegaram a Santa Catarina após a instalação do conflito e após a morte do fazendeiro. “É lamentável que ainda não se tenha definida a questão da demarcação de terras indígenas e que fazendeiros e índios continuem morrendo em todo país em função da omissão do governo federal”, disse o secretário. “Nós respeitamos o direito nacional dos Kaingang, Xetá e Guaranis e reconhecemos estes povos em sua especificidade, vivendo em suas nações. Não há cabimento em discutirmos a divisão territorial feita culturalmente por estas etnias e os culparmos pela solidariedade que as tribos mantém entre elas”, declarou Nizan. Ação judicial - Os índios paranaenses pretendem acionar judicialmente o presidente da FUNAI, Mércio Pereira Gomes, pela declaração feita à Agência Folha no último dia 16. Ele atribuiu aos índios da reserva indígena de Manguerinha, região Centro-Oeste do Estado, a culpa pela tragédia que levou à morte de um fazendeiro, durante manifestação pela demarcação de terras na reserva indígena de Toldo do Embu, município de Abelardo Luz, em Santa Catarina. Segundo o cacique paranaense Valdir Kokoj, que continua na região do conflito, a Polícia Federal está descartando a possibilidade de que os indígenas do Estado estivessem presentes no momento do conflito. “Estamos aguardando a finalização dos depoimentos e parecer da Procuradoria para voltarmos para casa”, confirmou Kokoj De acordo com o cacique, muitos índios do Paraná já foram ouvidos pela polícia, que está investigando as circunstâncias do confronto. Já há um suspeito, ainda não declarado oficialmente. Neoli Kafy Olíbio, cacique da reserva de Rio das Cobras, afirmou que os índios não buscam o confronto e, sim, a sua sobrevivência. “O que queremos são as mínimas condições para vivermos com nossas famílias em paz. Esperamos da FUNAI e do governo federal uma ação um pouco mais rápida para que não haja outros conflitos por causa de terra”, disse. Os 50 índios paranaenses que estão em Santa Catarina ainda serão ouvidos pela Polícia Federal e no prazo de seis dias poderão retornar ao Estado. A reserva indígena de Toldo do Embú, município de Abelardo Luz, em Santa Catarina, tem aproximadamente 1.975 hectares, mas os 150 índios que vivem na região ocupam apenas nove hectares.