A Biblioteca Cidadã Laura Mariuson Catai vai funcionar num prédio de 180 metros quadrados, que abrigará um acervo de duas mil obras, além de mais um salão comunitário, espaço cívico e de recreação.
Os 10 mil habitantes de Tamarana – município com o mais baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da região do Médio Paranapanema – poderão agora usufruir dos benefícios de uma biblioteca pública. O diretor-geral da Secretaria da Cultura, Wilson Posnik, representando a secretária Vera Mussi, o diretor da Biblioteca Pública do Paraná, Cláudio Fajardo e o prefeito de Tamarana, Roberto Dias Siena (Beto Siena) inauguraram nesta quarta-feira (05) a Biblioteca Cidadã Laura Mariuson Catai.
“O Brasil tem mais ou menos cinco mil cidades e mais de três mil não têm livraria. Isso significa que a população depende exclusivamente de biblioteca como meio para conhecer um livro”, lembrou Posnik. Esta realidade, segundo ele, já é um forte argumento para implantar projetos como a Biblioteca Cidadã e oferecer meios de desenvolvimento cultural às populações que vivem nessas regiões.
Em Tamarana, a Biblioteca Cidadã Laura Mariuson Catai vai funcionar num prédio de 180 metros quadrados, que abrigará um acervo de duas mil obras, além de mais um salão comunitário, espaço cívico e de recreação. O prefeito Beto Siena acredita que a cultura sempre vai ao encontro dos anseios da população em geral. "Nosso município carece de acervos e a procura é grande. Com esse novo espaço, nossos jovens terão a oportunidade de maior capacitação", afirma. Ele também aposta na proposta da biblioteca como meio de combater o IDH baixo e a violência.
O coordenador de Cultura do município Ronilson Moura da Silva, que será o responsável pela biblioteca, e a auxiliar de atendimento aos usuários Ariana Almeida Rocha, participaram do treinamento oferecido pela Biblioteca Pública do Paraná, quando receberam instruções sobre a organização dos acervos."Há uma grande expectativa dos habitantes de Tamarana quanto ao recebimento do acervo", afirma o coordenador. Segundo ele, já estão sendo programadas várias atividades nos espaços da biblioteca, que "será o ponto central de cultura da cidade".
Um painel elaborado pelo designer gráfico de Tamarana Yuri Silvestre Barbosa irá decorar a entrada do prédio. Com o objetivo de manter o passado, presente e futuro da região, o mural terá características que descrevem muito bem o município. Barbosa diz que se baseou na formação da comunidade, iniciada com a construção da Paróquia de São Roque, hoje padroeiro da região. Fotos e outros documentos de sua família, pioneira em Tamarana, auxiliaram na criação dos desenhos gráficos.
Nesse projeto o Salto Apucaraninha representa uma das belezas naturais do local. A força agrícola da cidade é simbolizada por um trator, pessoas e charretes fazem referência à hospitalidade da população local. As ocas dos primeiros habitantes indígenas em contraste com a antena parabólica e o satélite, denotam o poder da informação no futuro e a evolução do município.
Biografia - O nome da biblioteca homenageia Laura Mariuson Catai. Nascida no interior do Estado de São Paulo em 1935 e filha de imigrantes italianos, estudou até a terceira série do Ensino Fundamental. Mudou-se para o Paraná em 1958. Chegou em Tamarana na década de 70, onde fixou residência e fez da cidade sua terra natal.
Foi dona de casa, mãe e esposa dedicada, mas foi no comércio que revelou seu talento, trabalhando com compra e venda de cereais e no beneficiamento de arroz. Lutou ao lado do marido, Sebastião Catai, subprefeito do então Distrito de Tamarana, por dois mandatos. Teve quatro filhos e morreu em maio de 2002.
Projeto - Elaborado pela Coordenadoria de Patrimônio Cultural da Secretaria de Estado da Cultura, o projeto arquitetônico das Bibliotecas Cidadãs é constituído de módulos de forma a poder adaptar-se a diferentes tipos de terrenos e possibilitar uma ampliação futura. As construções ficam sob a responsabilidade da Secretaria de Estado de Obras. O orçamento previsto para cada biblioteca completa (edificação, acervo, equipamento e treinamento de pessoal) é de R$ 210 mil. Ao todo serão 49 bibliotecas construídas nos municípios que ainda não possuem este equipamento.
Telecentro - A instalação dos telecentros será coordenada pela da Secretaria de Assuntos Estratégicos e da Celepar. Além do mobiliário necessário, os prédios serão equipados com computadores com acesso à internet, aparelhos de vídeo e DVD.
Árvore - O projeto prevê ainda o plantio de uma ou mais árvores nativas no terreno, de acordo com o espaço disponível. Em Tamarana, a árvore plantada no pátio da biblioteca é da família das araucariáceas - Araucária Angustiofolia.
BOX –
História do plantio da árvore: Meu pé de Araucária
Era tarde de dia 01 de junho de 1993 e estava limpando a grama do pátio do escritório, quando aproximou-se da tela um índio kaingangue me oferecendo pinhão. Agradeci a oferta e disse que não me interessava, pois já tinha comprado pinhão em Guarapuava, quando estava vindo do Rio Grande do Sul, no final do mês de maio. O índio me disse que eu tinha que comprar pinhão dos índios de Tamarana, não dos índios de Guarapuava, mostrando a sua política local. Eu disse que não compraria, mas que se ele me desse um pinhão bem granado, um bem gorducho, eu plantaria ali na grama.
Tal foi o meu espanto, quando o índio jogou uns 10 quilos de pinhão na calçada e escolheu o mais graúdo e disse que eu teria que plantar o pinhão. Para não polemizar eu decidi fazer o plantio, peguei a cavadeira e plantei a semente de maneira correta, causando espanto no índio ao saber que eu também sabia plantar um pinhão.
Uma semana depois, nasceu uma linda plantinha, viçosa e bem desenvolvida, cultivada com muita atenção e carinho. No meio do ano de 2004, 11 anos depois, estávamos mudando o escritório da Sanepar para ser construído uma biblioteca no local. Quando chegaram os engenheiros do Crea, eu disse que se cortassem a minha araucária eles iriam arranjar a maior confusão comigo, pois já tinha mapeado a araucária no IAP.
Para minha felicidade a araucária não só estava preservada, como na planta das bibliotecas que serão construídas no Estado, é obrigatório plantar uma araucária, pois é a árvore símbolo do Paraná e, para que os alunos a conheçam. E ela lá estará, sempre imponente.
A você, aluno ou leitor, que tem conhecimento da necessidade da preservação das nossas matas e rios, faça a sua parte, plantando uma árvore e ajudando a preservar, evitando poluição dos rios e mananciais. Pois só assim teremos um mundo melhor e com mais qualidade de vida.
Esta é a mensagem do colaborador Gercí Alves da Silva.
Tamarana-PR, 2004
Governo inaugura Biblioteca Cidadã no Município de Tamarana
A Biblioteca Cidadã Laura Mariuson Catai vai funcionar num prédio de 180 metros quadrados, que abrigará um acervo de duas mil obras, além de mais um salão comunitário, espaço cívico e de recreação
Publicação
05/10/2005 - 18:03
05/10/2005 - 18:03
Editoria