Governo e BNDES estudam financiamento para agroindústria em assentamentos rurais

O banco está disposto a financiar 100% dos empreendimentos e apoiar cooperativas
Publicação
29/07/2009 - 15:00
Editoria
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES – está disposto a financiar a estruturação de agroindústrias nos assentamentos rurais do Paraná. Para isso, o banco quer firmar parceria com o Governo do Estado para garantir acompanhamento técnico para os projetos, desde a produção até a gestão dos estabelecimentos. Para tratar desse assunto, o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Valter Bianchini, reuniu os representantes do BNDES Bruno Reis Marques, Luiz Carlos de Souza e Leonardo Pamplona, o diretor-presidente do Instituto Emater de Extensão Rural, Arnaldo Bandeira, e o representante da Cooperativa Central de Reforma Agrária, Jaime Coelho. De acordo com Coelho, são cerca de 240 assentamentos existentes no Estado, com 20 mil famílias, que ainda vivem em sistema de subdesenvolvimento. Para ele, o projeto do BNDES vai dar dignidade às famílias de assentados. Segundo Souza, o BNDES está disposto a apoiar 100% dos projetos de agroindústrias em assentamentos da reforma agrária, inclusive com parte dos recursos a fundo perdido. “Mas como a sede da instituição está distante – no Rio de Janeiro – e não possui capilaridade no País para acompanhamento dos projetos, quer fazer a parceria com os órgãos estaduais para garantir o sucesso dos empreendimentos. O volume de recursos será definido de acordo com os projetos aprovados”, disse Souza. AGROINDÚSTRIA – O secretário Bianchini se mostrou bastante satisfeito com a iniciativa do banco, identificando uma oportunidade de viabilização econômica dos assentamentos rurais com os estabelecimentos de agroindústrias. O projeto do BNDES prevê a instalação de oito agroindústrias de um de comercialização, devendo abranger as cadeias produtivas do café, leite, arroz, gado, erva-mate, hortaliças e uma rede de comercialização. Bianchini se colocou à disposição para buscar recursos complementares junto ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para estruturar uma equipe de técnicos multidisciplinares que possam dar toda a consultoria necessária, desde a produção até o acesso desses empreendimentos ao mercado. A preocupação dos dirigentes do BNDES é que essas agroindústrias tenham capacitação em gestão e acesso ao mercado para que os recursos aplicados possam retornar em forma de melhoria de vida e de expectativas para as famílias de assentados do Paraná. Bianchini disse que fará todos os esforços para conseguir os recursos necessários para firmar a parceria entre o governo do Estado e o banco. COOPERATIVAS – Segundo Bandeira, diretor-presidente da Emater, a iniciativa do BNDES representa um reforço para o processo de fortalecimento de cooperativas da agricultura familiar já iniciado pela instituição. Ele lembrou que as cooperativas de produção existentes hoje no Estado contaram no passado com recursos públicos e com recursos humanos do sistema público de extensão rural. “Hoje muitas delas se tornaram grandes empresas exportadoras”, afirmou. Para Bandeira, agora chegou o momento de reestruturação das cooperativas da agricultura familiar também com base na agroindustrialização da produção. “Este é o nosso desafio”, afirmou. Nesse processo de construção, a Emater estabeleceu que devem ser cumpridas quatro etapas. A primeira delas envolve a organização dos agricultores e formação de dirigentes e gestores das cooperativas, que está sendo cumprida com recursos do MDA. A segunda etapa prevê a assessoria efetiva para essas organizações com gente voltada para o acesso ao mercado, formação de pessoas e estrutura fiscal. A terceira etapa compreende a consultoria efetiva, com técnicos orientando as cooperativas desde o lançamento de novos produtos, como a elaboração de novas embalagens e busca de novos mercados. A quarta etapa será o acompanhamento dessas cooperativas rumo à autonomia.

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